Idoso sofreu lesões sérias no olho esquerdo: médicos temeram por perda total da visãoFoto: Lívia Stumpf / Agencia RBS
Doze dias após ser
espancado numa parada de ônibus da ERS-040, um morador de rua ainda não tem
muita noção do que sofreu. Ao menos, começa a se recuperar de graves ferimentos
no rosto.
Seu futuro, porém, é
incerto. Sem parentes ou amigos, o homem espera ser reconhecido por alguém para
ter guarida após receber alta (ainda sem previsão) no Hospital de Viamão.
- Já vou embora. Tô
indo. Daqui a pouco vou pra casa.
- Onde fica sua casa,
senhor?
Menores de idade na mira da polícia
A pergunta, feita por
uma assistente social, ficou sem resposta. Gomercindo Francisco da Rocha, 62
anos, internado desde 17 de novembro, é tratado como andarilho. O idoso foi
espancado durante a madrugada, na Parada 82, em Águas Claras. Quatro suspeitos
já foram ouvidos pela polícia: adolescentes entre 15 e 17 anos.
De acordo com a
Brigada, foi atacado com um objeto cortante, possivelmente uma barra de ferro.
Gomercindo foi socorrido horas depois por uma ambulância da Univias. Chegou ao
hospital gravemente ferido, confuso e sem conseguir enxergar. Médicos temeram
pela perda de visão.
Debilitado, não sabe
se tem parente nem dá detalhes da surra. Seu quadro é estável, mas as marcas
são perceptíveis tanto no corpo quanto nas frases inacabadas dele.
Cena intacta... até ontem
Responsável pela 2ª
DP de Viamão, o delegado Eibert Moreira revela que, além dos quatro menores
ouvidos, mais pessoas podem ter participado da barbárie. Seria um grupo de
amigos conhecido por promover badernas na região. O delegado não deu detalhes
se os menores negam ou admitem participação na agressão.
- Em princípio,
acreditamos que se trate de uma tentativa de homicídio, mas não podemos
desconsiderar a hipótese de lesão corporal. As motivações ainda não foram
esclarecidas - disse o delegado.
Mesmo 12 dias após o
fato, o Diário flagrou, ontem de manhã, que seguiam no local da agressão um par
de sapatos, um cobertor, garrafas d'água e outros pertences do morador.
Além dos objetos
pessoais, a parada também preservava resquícios da violência: marcas de sangue
e uma barra de ferro, possível arma do crime. As coisas ocupam mais da metade
de uma parada com grande movimento.
Agente esteve lá à tarde
O delegado não soube
explicar o porquê de a cena continuar intacta tanto tempo do fato. Mas garantiu
que um agente foi destacado para recolher a barra de ferro no final da tarde de
ontem.
Homem conhecido em Águas Claras
Gomercindo é
conhecido em Águas Claras. Há, pelo menos, duas semanas perambulava no entorno
da Parada 82. Moradores comentaram que ele costumava pedir pão e café às
pessoas. Num mercado próximo, ele também esteve pedindo comida. À noite,
costumava usar as paradas como abrigo e dormitório.
A madrugada do crime
era a segunda naquele ponto. Segundo vizinhos, o fato teria ocorrido entre 2h e
6h.
- Saí com meu marido
bem cedo naquele dia e, ao voltar, por volta das 8h, reparei que o homem estava
machucado. Havia bastante sangue no local. Quando a ambulância chegou, ele nem
conseguia se mexer - contou uma moradora.
Fonte:
Gabrielle Toson / DIÁRIO GAÚCHO
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