Manifestações seguiram ao longo da noite na
Capital
* Com
informações dos repórteres Jessica Hübler e Carlos Corrêa
Manifestações
em defesa de recursos para a educação tomaram as ruas de mais de 150 cidades de
todos os estados do país, além do Distrito Federal, ao longo de toda
quarta-feira. Universidades e escolas também fizeram paralisações após
convocação de entidades ligadas a sindicatos, movimentos sociais e estudantis e
partidos políticos.
A mobilização nacional ocorreu em reação ao
bloqueio, realizado pelo Ministério da Educação (MEC) no final de abril, de
parte do orçamento das 63 universidades e dos 38 institutos federais de ensino.
O corte, segundo o governo, foi aplicado sobre gastos não obrigatórios, como
água, luz, terceirizados, obras, equipamentos e realização de pesquisas.
Despesas obrigatórias, como assistência estudantil e pagamento de salários e
aposentadorias, não foram afetadas. No total, considerando todas as
universidades, o corte é de R$ 1,7 bilhão, o que representa 24,84% dos gastos
não obrigatórios (chamados de discricionários) e 3,43% do orçamento total das
federais.
A
manifestação em Porto Alegre
A tarde de quarta-feira foi marcada por diversas
etapas da mobilização, em Porto Alegre, contra os cortes na educação. Por volta
das 14h os manifestantes realizaram um abraço simbólico ao prédio do Instituto
de Educação General Flores da Cunha, na avenida Osvaldo Aranha. Logo após teve
início a caminhada dos estudantes, professores e funcionários de instituições
de ensino rumo ao Centro da Capital. O trajeto começou na contramão na Osvaldo
Aranha, com o auxílio da EPTC.
Os manifestantes seguiram em direção ao Túnel da
Conceição, depois para a avenida Alberto Bins e ingressaram na rua Coronel
Vicente, em direção à sede do Campus Porto Alegre do Instituto Federal do Rio
Grande do Sul (IFRS), na esquina com a rua Voluntários da Pátria. Após, a
caminhada seguiu em direção à agência do INSS, entre a avenida Mauá e a rua
Siqueira Campos, também no Centro. Na sequência o ato seguiu até a Esquina
Democrática, onde houve uma nova concentração. A organização do ato estima que
pelo menos 30 mil participaram da mobilização.
O caminhão de som foi embalado por discursos de
lideranças do movimento estudantil, entre elas a presidente do Cpers, Helenir
Schürer. “As ruas de Porto Alegre pertencem à resistência. Estaremos por muitos
dias nas ruas, porque este foi o início, se engana quem acha que vamos parar
por aqui”, afirmou. Conforme Helenir, o sonho da educação não pode encerrar no
3º ano do ensino médio. “Seguiremos até termos a vitória. Nós queremos acabar
com os cortes da educação e derrubar a reforma da Previdência”, destacou. O
ato, segundo ela, também foi um “esquenta” para a Greve Geral de 14 de junho,
organizada pelas centrais sindicais.
Já no final da tarde e início da noite, a
caminhada até a Esquina Democrática começou pela Avenida Loureiro da Silva. Uma
das pistas foi completamente tomada pelos manifestantes. Mesmo com grande
número de manifestantes, o deslocamento foi tranquilo, e acompanhado sem
incidentes pela Brigada Militar.
Depois, estudantes e professores seguiram pela
Borges de Medeiros, acompanhados de perto com trânsito bloqueado por agentes da
EPTC. Após 40 minutos de caminhada desde a Faced, grupo chegou até a Esquina
Democrática. De acordo com a estimativa dos organizadores do protesto, número
de pessoas chegava próximo aos 30 mil.
A Borges de Medeiros foi completamente tomada
pelos estudantes que cantavam palavras de ordem contra os cortes de orçamento.
Protestos contra a Reforma da Previdência também apareceram nos cartazes.
Grupos também convocavam os presentes para a Greve Geral, no dia 14 de junho. A
manifestação, já no Largo Zumbi dos Palmares, começou a se dispersar no ponto
final marcado.
Tumulto
na UFRGS
Apesar da concentração de alunos e professores
estar marcada para iniciar apenas pela tarde, desde o início da manhã era
grande a aglomeração de público nos arredores do câmpus central da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na Capital.
Por volta do meio-dia houve um tumulto
entre manifestantes e a Brigada Militar quando um grupo que panfleteava no local tentou
bloquear o trânsito na avenida Sarmento Leite. Três bombas de efeito moral
foram arremessadas pelo Pelotão de Operações Especiais (POE) do 9º Batalhão da
Brigada Militar (9º BPM). Apesar da correria, não houve registro de feridos e
os manifestantes acabaram dispersando logo após o tumulto.
As
mobilizações pelo RS
Em outras cidades do Estado, também foram
registradas manifestações.
Santa
Cruz do Sul
Na região do Vale do Taquari, em Santa
Cruz do Sul, o movimento
ocorreu nas proximidades do Parque da Oktoberfest. Pelo menos 34 escolas da
cidade participaram do ato, que também reuniu manifestantes contra a Reforma da
Previdência.
Frederico
Westphalen
Em Frederico
Westphalen, região norte do
Estado, professores e estudantes do Campus da Universidade Federal de Santa
Maria e do Insitituto Federal da cidade participaram das paralisações. O grupo
montou e expôs um varal de trabalhos científicos no centro da cidade.
Pelotas
No Sul do
Estado, em Pelotas, mais de 8 mil pessoas
participaram dos protestos. A maioria do grupo era formada por estudantes da
Universidade Federal de Pelotas. Alunos do IFSul também estiveram presentes no
ato.
Uruguaiana
Na
fronteira, em Uruguaiana, grupo se reuniu na
Pracinha do Trevo, por volta das 14h. Estiveram presentes alunos da
Universidade Federal do Pampa (Unipampa), membros do Cpers e do Instituto
Federal Farroupilha (IFF). Estudantes das redes estadual e municipal também
participaram.
Região metropolitana
Na região metropolitana, manifestações ocorreram em diversas cidades, como Alvorada, Canoas e Cachoeirinha. Professores, sindicatos e servidores marcaram presença nos atos de protestos.
Por
Correio do Povo
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