Manifestantes tomaram conta da avenida Paulista
nesta quarta-feira
Em diversas cidades brasileiras, estudantes,
trabalhadores da educação e sindicalistas se mobilizam nesta quarta-feira para
protestar contra o bloqueio de verbas das universidades públicas e de
institutos federais.
Convocados por entidades como a União Nacional
dos Estudantes (UNE) e a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação
(CNTE), os atos também criticam a possibilidade de extinção da vinculação
constitucional que assegura recursos para o setor e a proposta de reforma da
Previdência.
São Paulo
Os manifestantes tomaram completamente o
vão-livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista, região
central da capital. Os dois sentidos da via e as calçadas também foram
ocupados. Na multidão, muitos estudantes, além de professores universitários,
estaduais e municipais. Nas universidades públicas houve chamado para paralisar
as atividades.
Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
não houve aula em nenhuma das faculdades, apenas as áreas essenciais de
manutenção funcionaram. Na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade
Estadual Paulista (Unesp), a decisão de assistir às aulas ou ir ao protesto
ficou a cargo dos estudantes.
O Conselho de Reitores das Universidades
Estaduais Paulistas (Cruesp) divulgou nota em apoio à manifestação. O
comunicado destaca que as três instituições respondem “por mais de 35% da
produção científica nacional e são responsáveis por 35% dos programas de
pós-graduação de excelência no país”.
De acordo com o conselho, no Brasil e em países
desenvolvidos a pesquisa é financiada majoritariamente pelos governos.
“Interromper o fluxo de recursos para estas instituições constitui um equívoco
estratégico que impedirá o país de enfrentar e resolver os grandes desafios
sociais e econômicos do Brasil.”
Curitiba
Na capital paranaense, manifestantes se
concentraram na Praça Santos Andrade, em frente à Universidade Federal do
Paraná, na região central da cidade. Dali, seguiram em direção à sede da
prefeitura. No caminho, alguns participantes do ato abordaram pedestres e
trabalhadores do comércio para explicar as razões da manifestação.
Antes de se dispersar, por volta das 12h30min, o
grupo ainda esteve na Assembleia Legislativa, onde representantes do movimento
entregaram a deputados estaduais um documento com o posicionamento do Fórum
Popular de Educação do Paraná (Fepe-PR) sobre o contingenciamento de recursos
da educação. A Polícia Militar não informou a estimativa de público presente.
Já as entidades organizadoras afirmam que o número total variou entre 16 mil e
20 mil pessoas ao longo de toda a manhã. Há previsão de um novo ato na Praça
Santos Andrade, a partir das 18h.
Salvador
A mobilização já lotava o Largo do Campo Grande,
no centro, quando, perto das 10h, estudantes, professores, sindicalistas e
apoiadores da manifestação saíram em caminhada com destino à Praça Castro
Alves, distante cerca de 1,5 quilômetro. A Polícia Militar acompanha a
manifestação a fim de garantir a segurança das pessoas, mas não divulgará o
número de participantes.
Brasília
Os manifestantes se concentraram em frente ao
Museu da República, na Esplanada dos Ministérios. Dali, seguiram em direção ao
Congresso Nacional, portando faixas e cartazes contra o contingenciamento de
3,4% das chamadas despesas discricionárias, ou seja, aquelas não obrigatórias,
que o governo pode ou não executar, e que incluem despesas de custeio e
investimento.
Do alto do carro de som que acompanha a marcha,
manifestantes discursam em favor de mais investimentos nas universidades
públicas e sobre o risco de o corte de verbas inviabilizar as pesquisas
desenvolvidas nos campus acadêmicos. Segundo cálculos da PM, às 11h, o ato
reunia cerca de 2 mil pessoas.
Segundo a UNE, o contingenciamento coloca em
risco a manutenção e a qualidade das universidades públicas, prejudicando seus
atuais alunos e jovens que cursam o ensino médio e veem ameaçada a
possibilidade de ingresso no ensino superior.
Foto: Sergio Lima / AFP / CP
MEC
O Ministério da Educação (MEC) garante que o
bloqueio de recursos se deve a restrições orçamentárias impostas a toda a
administração pública federal em função da atual crise financeira e da baixa
arrecadação dos cofres públicos.
Segundo o MEC, o bloqueio preventivo atingiu
apenas 3,4% das verbas discricionárias das universidades federais, cujo
orçamento para este ano totaliza R$ 49,6 bilhões. Deste total, segundo o
ministério, 85,34% (ou R$ 42,3 bilhões) são despesas obrigatórias com pessoal
(pagamento de salários para professores e demais servidores, bem como
benefícios para inativos e pensionistas) e não podem ser contingenciadas.
De acordo com o ministério, 13,83% (ou R$ 6,9
bilhões) são despesas discricionárias e 0,83% (R$ 0,4 bilhão) diz respeito
àquelas para cumprimento de emendas parlamentares impositivas – já
contingenciadas anteriormente pelo governo federal.
Nota da UNE
"Neste dia secundaristas, universitários,
pós-graduandos, professores e trabalhadores da educação vão ocupar ruas e salas
de aula em todos os estados da federação contra os cortes de 30% nas
instituições federais, ataques à política de cotas e PNAES", anunciou a
União Nacional dos Estudantes (UNE).
O movimento, centrado nos estabelecimentos
federais de educação, tem o apoio de instituições privadas, como a Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que suspenderá suas
atividades e participará dos protestos.
"As universidades tornam visível aquilo que
muitos tentam ocultar. Os engenhos inconfessáveis. Os artistas da violência que
agem em nome do Estado. É por isso que a querem destruir. Mas a universidade
também ensina que é melhor morrer de pé do que viver de joelhos", diz um
comunicado emitido ao final da assembleia na PUC.
Por Agência
Brasil
Correio do Povo
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