Motim começou na tarde de domingo (1º) e durou mais de 17 horas.
Presos tinham pistolas,
espingarda e armas improvisadas.
Complexo Penitenciário
Anísio Jobim registrou tentativas de fugas (Foto: Divulgação/Seap)
Sessenta presos morreram na rebelião do Complexo
Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em
Manaus, informou o secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes.
O motim durou mais de 17 horas e foi considerado pelo secretário como "o maior massacre do
sistema prisional" do Estado.
Os mortos são integrantes da facção criminosa Primeiro
Comando da Capital (PCC) e presos por estupro, segundo Fontes. Também houve
fugas de detentos, mas o número não foi divulgado oficialmente. A Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB-AM) chegou a dizer ao G1 que mais de 130 estão foragidos.
O complexo penitenciário abriga 1.229 presos e fica no
km 8 da BR 174, que liga Manaus a
Boa Vista. A unidade prisional, que tem capacidade de abrigar 454 presos, está
superlotada.
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-AM,
Epitácio Almeida, está na unidade prisional e afirmou que os presos liberaram
nesta manhã os últimos sete reféns. Segundo ele, os detentos entregaram as
armas e se renderam às 8h40 (horário de Manaus) desta segunda-feira (2).
De acordo com Pedro Florêncio, da Secretaria Estadual de
Administração Penitenciária (Seap), os detentos que se rebelaram tiveram ajuda
dos presos do semiaberto. "Eles fizeram buraco na muralha e, por lá,
entraram armas no presídio", afirmou. "Não houve falha da
inteligência para perceber [o motim]."
Foram apreendidas quatro pistolas, uma espingarda
calibre 12 e armas improvisadas, segundo informações preliminares. Além de
mortes por armas, foram registradas ainda mortes por incêndio. O ex-policial
militar Moacir Jorge Pessoa da Costa, mais conhecido com "Moa",
morreu carbonizado em uma das celas. Até o momento, ele é o único detento com
identidade informada pela Secretaria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM).
Motivos da rebelião
O secretário Sérgio Fontes afirmou que integrantes da
facção Família do Norte (FDN) comandaram a rebelião, que "não havia sido
planejada previamente". "Esse foi mais um capítulo da guerra
silenciosa e impiedosa do narcotráfico", disse.
Fontes afirmou ainda que há indícios de que a rebelião
teve relação com o motim no Instituto Penal Antônio Trindade (Ipat), também
ocorrido no domingo. No total, 87 presos fugiram do Ipat. Cerca de 40 detentos
das duas unidades prisionais foram recapturados, segundo o secretário.
Epitácio Almeida afirmou que a negociação com os presos
do Complexo Penitenciário Anísio Jobim começou às 20h30 (horário local) do domingo.
"Nós tivemos a noite mais sangrenta da história do
Estado nos presídios. Eu e o juiz Valois negociamos. Eles pediram a presença da
imprensa na madrugada, mas não havia ninguém. Doze carcereiros foram feitos
reféns e pediram coisas que não julgamos absurdas, como garantir a integridade
deles, por isso, o juiz assinou com eles", explicou o presidente de
comissão da OAB-AM.
Apoio federal
Em nota, o Ministério da Justiça e Cidadania informou
que o ministro Alexandre de Moraes manteve contato com o governador do Amazonas,
José Melo de Oliveira, e colocou-se à disposição para ajudar.
O governador disse ao ministro, segundo a nota, que vai
usar os R$ 44,7 milhões que recebeu de repasse do Fundo Penitenciário Nacional
(Funpen) na última quinta-feira (29).
Entenda o caso
O motim começou na tarde do domingo. De acordo com
SSP-AM, os corpos de seis pessoas – ainda não identificadas – foram jogados
para fora do presídio, sem as cabeças.
Até 20h50 (22h50 no horário de Brasília), a SSP-AM
afirmava que 12 agentes carcerários eram mantidos reféns. Outros funcionários
que estavam na unidade prisional conseguiram escapar. Presos também foram
feitos reféns, mas o número não pôde ser confirmado.
Ao longo da noite, dezenas de pessoas foram para a porta
do presídio aguardar informações de parentes presos. Alguns familiares também
compareceram à sede do Instituto Médico Legal (IML), na Zona Norte de Manaus.
Entretanto, a entrada de parentes e de jornalistas no local foi proibida.
Camila
Henriques, Suelen Gonçalves e Adneison Severiano
Do
G1 AM
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