Casos como o da Petrobras e da Odebrecht
deixaram país na 79ª posição
Brasil piora no ranking da corrupção da
Transparência Internacional
Foto: Marcello Casal Jr. / Agencia Brasil / CP
Memória
A ONG
anticorrupção Transparência Internacional (TI) alertou nesta quarta-feira
contra a "corrupção sistêmica" e a "desigualdade social"
que geram um "contexto propício para os políticos populistas", e
criticou o início de governo do presidente americano Donald Trump.
"Durante
2016 vimos que em todo o mundo a corrupção sistêmica e a desigualdade social se
reforçam reciprocamente, e isso provoca decepção nas pessoas em relação à
classe política", indica o comunicado da ONG com sede em Berlim após a
divulgação de seu novo "Índice de Percepção da Corrupção 2016".
Desigualdade
e corrupção geram "um contexto propício para o surgimento de
populismos", assegura a TI, que faz uma avaliação de 176
países. "Os casos de corrupção em grande escala, como os da Petrobras
e Odebrecht no Brasil (...) mostram como a colusão entre empresas e políticos
tira das economias nacionais milhares de milhões de dólares desviados para
beneficiar alguns poucos às custas da maioria".
"Este
tipo de corrupção em grande escala e sistêmica resulta em violações dos
direitos humanos, freia o desenvolvimento sustentável e favorece a exclusão
social", afirma o documento. Por isso, a pontuação do Brasil (79ª
posição) no índice de percepção da Transparência caiu significativamente em
comparação aos cinco anos anteriores, depois "da revelação de sucessivos
escândalos de corrupção nos quais estão envolvidos políticos e empresários
de primeira linha".
No
entanto, prossegue a TI, "o país demonstrou este ano que, mediante o
trabalho independente de organismos encarregados da aplicação da lei, é
possível exigir que prestem contas pessoas que antes eram consideradas
intocáveis".
Autocratas e populistas
"Em
países com líderes populistas ou autocráticos, geralmente vemos democracias que
retrocedem e um padrão alarmante de ações que tendem a reprimir a socidade
civil, limitar a liberdade de imprensa e fragilizar a independência do poder
judicial. Invés de combater o 'capitalismo clientelista', estes líderes no
geral instalam sistemas corruptos inclusive piores", afirma José Ugaz,
presidente da TI.
Segundo a
TI, as pontuações da Hungria e Turquia - dois países onde estão no poder
líderes autocráticos - caíram nos últimos anos. Em compensação, "a
pontuação da Argentina, que deixou para trás um governo populista, está começando
a demonstrar melhorias " (95º), afirma o estudo.
TI
observa igualmente com receio o início da administração do americano Donald
Trump, que assumiu o cargo na semana passada. "Seus primeiros passos não
são promissores. Quando vemos que nomeou seu genro (Jared Kushner) como alto
conselheiro da presidência, isso não é um bom sinal", opina Finn Heinrich,
diretor de pesquisas da Transparência.
"Se
ele (Trump) respeitar sua promessa de combater a corrupção creio que os Estados
Unidos - no posto 16º em 2015, no 18º em 2016 - pode melhorar". Mas,
segundo os início de sua presidência, "tememos que haja um
retrocesso". "Trump não precisa combater a imprensa, nomear pessoas
que vão ter conflito de interesses, nem ser opaco em seus imposts",
acrescenta o diretor.
Todos os
anos, a TI estabelece a lista dos países em função de uma escala que vai de
zero a 100, ou seja, dos mais corruptos aos mais virtuosos, segundo os dados
recolhidos por 12 organismos internacionais, entre eles o Banco Mundial, o
Banco de Desenvolvimento africano e o Fórum Econômico Mundial.
Como era
de se esperar, os países nórdicos - Dinamarca e Nova Zelândia (empatados em
primeiro lugar), Finlândia (3º), Suécia (4º), Noruega (6º) - ocupam os lugares
mais altos na classificação. Nos últimos lugares, figuram países assolados por
conflitos como Somália (176º e último lugar), Sudão do Sul (175º) e Siria
(173º).
Na
América Latina, o pior classificado é a Venezuela (166º), México é o de número
123, e os mais bem avaliados são o Uruguai (21º) e o Chile (24º).
AFP
Correio
do Povo
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