quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Brasil piora no ranking da corrupção da Transparência Internacional

Casos como o da Petrobras e da Odebrecht deixaram país na 79ª posição

Brasil piora no ranking da corrupção da Transparência Internacional | Foto: Marcello Casal Jr. / Agencia Brasil / CP Memória
   Brasil piora no ranking da corrupção da Transparência Internacional
   Foto: Marcello Casal Jr. / Agencia Brasil / CP Memória

A ONG anticorrupção Transparência Internacional (TI) alertou nesta quarta-feira contra a "corrupção sistêmica" e a "desigualdade social" que geram um "contexto propício para os políticos populistas", e criticou o início de governo do presidente americano Donald Trump.

"Durante 2016 vimos que em todo o mundo a corrupção sistêmica e a desigualdade social se reforçam reciprocamente, e isso provoca decepção nas pessoas em relação à classe política", indica o comunicado da ONG com sede em Berlim após a divulgação de seu novo "Índice de Percepção da Corrupção 2016".

Desigualdade e corrupção geram "um contexto propício para o surgimento de populismos", assegura a TI, que faz uma avaliação de 176 países. "Os casos de corrupção em grande escala, como os da Petrobras e Odebrecht no Brasil (...) mostram como a colusão entre empresas e políticos tira das economias nacionais milhares de milhões de dólares desviados para beneficiar alguns poucos às custas da maioria".

"Este tipo de corrupção em grande escala e sistêmica resulta em violações dos direitos humanos, freia o desenvolvimento sustentável e favorece a exclusão social", afirma o documento. Por isso, a pontuação do Brasil (79ª posição) no índice de percepção da Transparência caiu significativamente em comparação aos cinco anos anteriores, depois "da revelação de sucessivos escândalos de corrupção nos quais estão envolvidos políticos e empresários de primeira linha".

No entanto, prossegue a TI, "o país demonstrou este ano que, mediante o trabalho independente de organismos encarregados da aplicação da lei, é possível exigir que prestem contas pessoas que antes eram consideradas intocáveis".

Autocratas e populistas

"Em países com líderes populistas ou autocráticos, geralmente vemos democracias que retrocedem e um padrão alarmante de ações que tendem a reprimir a socidade civil, limitar a liberdade de imprensa e fragilizar a independência do poder judicial. Invés de combater o 'capitalismo clientelista', estes líderes no geral instalam sistemas corruptos inclusive piores", afirma José Ugaz, presidente da TI.

Segundo a TI, as pontuações da Hungria e Turquia - dois países onde estão no poder líderes autocráticos - caíram nos últimos anos. Em compensação, "a pontuação da Argentina, que deixou para trás um governo populista, está começando a demonstrar melhorias " (95º), afirma o estudo.

TI observa igualmente com receio o início da administração do americano Donald Trump, que assumiu o cargo na semana passada. "Seus primeiros passos não são promissores. Quando vemos que nomeou seu genro (Jared Kushner) como alto conselheiro da presidência, isso não é um bom sinal", opina Finn Heinrich, diretor de pesquisas da Transparência.

"Se ele (Trump) respeitar sua promessa de combater a corrupção creio que os Estados Unidos - no posto 16º em 2015, no 18º em 2016 - pode melhorar". Mas, segundo os início de sua presidência, "tememos que haja um retrocesso". "Trump não precisa combater a imprensa, nomear pessoas que vão ter conflito de interesses, nem ser opaco em seus imposts", acrescenta o diretor.

Todos os anos, a TI estabelece a lista dos países em função de uma escala que vai de zero a 100, ou seja, dos mais corruptos aos mais virtuosos, segundo os dados recolhidos por 12 organismos internacionais, entre eles o Banco Mundial, o Banco de Desenvolvimento africano e o Fórum Econômico Mundial.

Como era de se esperar, os países nórdicos - Dinamarca e Nova Zelândia (empatados em primeiro lugar), Finlândia (3º), Suécia (4º), Noruega (6º) - ocupam os lugares mais altos na classificação. Nos últimos lugares, figuram países assolados por conflitos como Somália (176º e último lugar), Sudão do Sul (175º) e Siria (173º).

Na América Latina, o pior classificado é a Venezuela (166º), México é o de número 123, e os mais bem avaliados são o Uruguai (21º) e o Chile (24º).


AFP
Correio do Povo

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