Conforme
o diretor do segmento lácteo da BRF, Cláudio Santos, o contrato de compra e
venda já foi assinado. Ele participou nesta segunda-feira, 12, da inauguração
da fábrica de proteína de soro de leite concentrada da Nutrifont, associação
entre a BRF e a irlandesa Carbery.
De
acordo com reportagem publicada no jornal Folha de São Paulo, a venda das onze
unidades, por R$ 1,8 bilhão, se deve ao descontentamento de acionistas da BRF com
as margens de lucro. Duas das fábricas negociadas estão em Três de Maio, uma em
Santa Rosa e outra em Ijuí.
Santos
acredita que o negócio será benéfico para todo o setor, pois trata-se da
entrada no Brasil do maior grupo de lácteos do mundo, com faturamento de 18
bilhões de euros anuais.
O
perfil da empresa abre a possibilidade de maior produção de queijos, iogurtes,
bebidas lácteas e novas linhas que o grupo francês poderá introduzir,
considerados de maior valor em comparação com o leite de caixinha.
A
partir da compra de fábricas e marcas de outras empresas, a francesa Lactalis
terá no Rio Grande do Sul seis unidades e capacidade instalada de 5,2 milhões
de litros por dia. O volume equivale a quase 30% do potencial de todas as
fábricas existentes no Estado, que têm capacidade para beneficiar 18 milhões de
litros/dia.
A
confirmação do negócio depende apenas do consentimento do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Como analistas avaliam que as
transações serão aprovadas sem restrições, o grupo francês, que opera com
marcas como Président, deve rivalizar com a Nestlé pela condição de maior
captador de leite no país.
Para
Osmar Redin, diretor da Associação Gaúcha de Laticínios e Laticinistas (AGL), a
grande interrogação é sobre a política de relacionamento com os produtores. Uma
dúvida é se vai oferecer ou não assistência técnica, como fazem as
cooperativas.
—
Por enquanto, tudo é especulação, mas creio que seguirá o sistema da Nestlé, de
trabalhar com produtores com maior volume de leite e diferencial de qualidade,
enquanto os menores se acomodam em cooperativas — opina Redin.
A
fusão da Sadia com a Perdigão, anunciada em maio de 2009 e concluída em
fevereiro de 2012 com a consolidação da BRF, fez com que a unidade de lácteos
perdesse peso nos negócios da nova companhia. No início deste ano, a BRF
decidiu colocar à venda os ativos de lácteos - com as marcas Batavo e Elegê -
por não ser o principal negócio da companhia de alimentos, dona das marcas
Sadia e Perdigão. Essa divisão de negócios faturou R$ 2,8 bilhões no ano
passado.
Diante
da insatisfação dos acionistas e dos desafios para aumentar as margens de
lucro, essa divisão foi a que mais gerou expectativas de mudança desde a posse
da nova diretoria, há um ano, liderada por Cláudio Galeazzi. Com a missão de
transformar a empresa na “Ambev dos alimentos”, o executivo focou o aumento das
margens, corte de custos e a internacionalização da BRF. Galeazzi nunca
escondeu que pretendia vender parte ou toda a operação de lácteos. O acordo
selado com a Lactalis foi uma de suas últimas missões à frente da empresa.
Depois
de receber várias propostas, a BRF selecionou quatro ofertas. Estavam no páreo,
além da Lactalis, a francesa Danone, a canadense Saputo e a americana General
Mills.
Assessorada
pelo Itaú BBA, a BRF considerou a proposta da Lactalis, assessorada pelo banco
Indusval, a mais adequada.
Fonte:
Rádio Colonial
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