Segundo delegado, mulher disse que já havia sido ameaçada pelo
ex-marido.
Pai, que também morreu, é suspeito de causar batida de forma proposital.
Suspeita é que pai tenha
provocado colisão propositalmente (Foto: Divulgação/PRF)
Mãe
das quatro crianças que morreram com o pai, Marcos Aurélio Almeida Santos, de
42 anos, em um acidente na BR-070, Samara Alves da Silva, de 24, disse em
depoimento à polícia que considerava o ex-marido "mentalmente
doente". De acordo com o delegado Adriano Pereira Melo, responsável pelo
caso, a mulher afirmou que nunca imaginaria que o homem, suspeito de ter
causado o acidente de forma proposital, poderia fazer algo de mal para os
filhos.
O
acidente ocorreu no sábado (24), em Cocalzinho de Goiás, no Entorno do Distrito
Federal. Marcos e os quatro filhos, sendo três meninos e uma menina com idades
entre 2 e 5 anos, estavam no Renault Clio que bateu de frente com o caminhão ao
tentar fazer uma ultrapassagem em local permitido.
O
depoimento ocorreu na quinta-feira (28) e segundo o delegado, a jovem estava
muito abalada. Ela ainda tem dificuldades em relatar detalhes da relação dos
dois, mas afirmou que ele já havia feito ameaças. “Ele já fez tratamento para
bipolaridade, tomava remédios controlados e já tinha falado que cometeria
suicídio, mas nunca disse que faria nada com os filhos. A Samara já tinha feito
boletins de ocorrência contra ele, que mostra essa convivência conturbada”,
explicou.
No
depoimento, a mãe das crianças relatou que teve um relacionamento com Marcos
durante sete anos, mas, devido às constantes brigas e ameaças, pediu uma medida
protetiva à Justiça em dezembro do ano passado. "Entretanto, no último dia
22, foi concedida uma autorização para que ele visitasse os filhos. “No dia 24,
quando ele teve a primeira chance de visitar as crianças, ocorreu o acidente,
que tudo leva a crer que foi proposital”, disse o delegado.
Agora,
o delegado ainda espera o resultado do laudo da perícia sobre o acidente e
também o depoimento oficial do caminhoneiro. No último dia 27, o motorista do
caminhão disse, informalmente ao delegado, que Marcos “arremessou” o automóvel
contra o veículo de carga.
“O
caminhoneiro disse que em momento algum ele [pai] esboçou reação de tirar o pé,
de frear. Ele fez foi acelerar o veículo”, disse o delegado na ocasião.
Colisão
proposital
A Polícia Civil acredita que o pai provocou a colisão. Um dos indícios que levam a esta linha de investigação é uma carta deixada pelo pai para a mãe dos filhos, Samara Alves da Silva, que mora em Brazlândia (DF). No texto, Marcos diz que ela nunca mais verá as crianças.
A Polícia Civil acredita que o pai provocou a colisão. Um dos indícios que levam a esta linha de investigação é uma carta deixada pelo pai para a mãe dos filhos, Samara Alves da Silva, que mora em Brazlândia (DF). No texto, Marcos diz que ela nunca mais verá as crianças.
Trecho final da carta que o
motorista entregou a ex-mulher momentos antes do acidente (Foto: Reprodução)
Para
o delegado, o relato do caminhoneiro reforça que a colisão foi proposital. De
acordo com o motorista, que saiu ileso e teve a identidade preservada, ele
tentou evitar a colisão e alertar o motorista do automóvel, mas foi em vão.
“Ele
afirmou que tentou frear e buzinou. Como a via é de mão simples, ele tentou
jogar o veículo no acostamento e, segundo ele, o motorista seguiu a direção do
caminhão, tanto que a colisão ocorreu próximo ao acostamento”, disse o
delegado.
Ocupantes do veículo de
passei morreram na hora
(Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)
(Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros)
Outro
indício que confirma a hipótese da polícia é em relação à ultrapassagem. Além
de no local ser permitido fazer a manobra, quando ocorreu a batida, o pai já
tinha ultrapassado o carro que seguia na mesma pista.
“Ele
já tinha acabado a manobra de ultrapassagem, já podia ter voltado para a pista
dele, mas não voltou. Ele quis conduzir no sentido contrário, a intenção era
colidir com o caminhão”, acredita Melo.
Investigação
A investigação foi iniciada no 1º Distrito Policial de Águas Lindas de Goiás, já que no município em que o acidente ocorreu, Cocalzinho de Goiás, não havia delegado plantonista. Assim, o caso foi transferido na segunda-feira (26) para a delegacia da cidade vizinha.
A investigação foi iniciada no 1º Distrito Policial de Águas Lindas de Goiás, já que no município em que o acidente ocorreu, Cocalzinho de Goiás, não havia delegado plantonista. Assim, o caso foi transferido na segunda-feira (26) para a delegacia da cidade vizinha.
Vitor Santana | Do G1 GO
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