Decisão é da Terceira Vara Cível de Rondonópolis,
a 218 km de Cuiabá.
Advogado da empresa alega que não
foi notificado e desconhece decisão.
Um advogado da cidade de Rondonópolis,
a 218 km de Cuiabá, conseguiu na Justiça que a empresa Telex Free devolva mais
de R$ 101 mil que ele investiu como divulgador dos supostos produtos da
organização, apontada pelo Ministério Público como responsável por um esquema
nacional de pirâmide financeira.
Desde as investigações a respeito das práticas da Telex Free,
este é o primeiro caso em que um ex-divulgador obtém seu investimento de volta.
Um dos advogados da empresa, Wilson Roberto, declarou ao G1 nesta quarta-feira (25) que ainda não
foi notificado da decisão interlocutória.
A decisão foi proferida pela juíza Milene Aparecida Pereira
Beltramini, da Terceira Vara Cível de Rondonópolis, no último dia 19. O
advogado Samir Badra Dib havia ingressado na empresa como divulgador exatamente
no dia em que a Justiça do Acre, por meio da 2ª
Vara Cível da Comarca de Rio Branco, determinou a suspensão de todos os
pagamentos e adesões ao sistema da Telex Free.
“Entrei no mesmo dia. Entrei de manhã e, no fim da tarde, fiquei
sabendo da decisão”, relatou o advogado. De manhã, ele havia investido mais de
R$ 101 mil no que agora considera um claro esquema de pirâmide. De tarde, viu
seu investimento praticamente perdido e resolveu recuperá-lo na Justiça por
meio de uma ação com pedido de antecipação de tutela.
“O Direito não socorre quem dorme. Quem não entrou na Justiça
não vai conseguir seu dinheiro de volta e não vai ter dinheiro para todo
mundo”, alertou, falando à reportagem do G1 após obter a sentença favorável. “Não
tem como não ver que é uma pirâmide, mas você acaba sendo ludibriado. Eles se
apresentam como uma empresa de Voip e é esse discurso que acaba seduzindo”,
acrescentou.
Sentença
Na ação, Samir argumentou que o sistema da Telex Free consiste
num “engodo”, referindo-se à prática conhecida como pirâmide financeira, a qual
inclusive foi criticada pela juíza no texto da sentença.
“Trata-se de um ardil conhecido. É uma espécie de capitalização,
em que os últimos ficam sempre espoliados. Forma-se uma corrente a partir dos
primeiros aderentes, numa sucessividade multiplicadora. É claro que, se a mesma
se interrompe, os últimos sairão lesados”, registra a magistrada, que completa:
“Por ser a pirâmide insustentável, o negócio só se manterá enquanto houver
novos consumidores ingressando, a fim de pagar o ônus dos mais antigos. Para
tanto, os fraudadores se valem de diversas armadilhas para dar ao esquema
aparência de credibilidade e prosperidade”.
Agora, o valor investido por Samir deverá ser depositado pela
empresa na conta única do Poder Judiciário de Mato Grosso e ficar à disposição até o julgamento
do mérito da ação.
Ainda cabe recurso por parte da Telex Free, mas o advogado
designado pela empresa para falar a respeito, Wilson Roberto, afirmou ao G1 que desconhece a decisão proferida em
Rondonópolis pois a empresa sequer chegou a ser citada e não teve acesso à
petição inicial.
Ministério Público
O suposto esquema financeiro mantido pela Telex Free está
atualmente sob investigação do Ministério Público Estadual em Mato Grosso. As
primeiras diligências foram realizadas pela promotoria do município de Lucas do
Rio Verde, a 360 km de Cuiabá, mas o caso depois foi repassado
para a atribuição do promotor Miguel Slhessarenko, que ainda aguarda
desdobramentos no âmbito nacional para dar prosseguimento à apuração e decidir
se propõe qualquer tipo de medida à Justiça.
Fonte: Renê Dióz | Do
G1 MT
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