Imagem flagra detento falando ao celular dentro de cela no Presídio Central
Foto: Divulgação / Divulgação
Na véspera de a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) apresentar à Justiça um plano de ação para tornar mais segura as casas prisionais, dois episódios voltam a sacudir as cadeias gaúchas. No Presídio Central de Porto Alegre, a divulgação de uma foto mostra um preso se exibindo com duas armas de fogo nas mãos.
Na Penitenciária Modulada de Charqueadas, um apenado foi assassinado. É a terceira morte no complexo prisional de Charqueadas em duas semanas, a segunda em quatro dias.
O plano de ação, cuja data limite é hoje, foi exigido pela Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre após a fuga do apenado Michel Bonotto da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Ele trocou de lugar com o irmão durante uma visita.
Na Penitenciária Modulada de Charqueadas, um apenado foi assassinado. É a terceira morte no complexo prisional de Charqueadas em duas semanas, a segunda em quatro dias.
O plano de ação, cuja data limite é hoje, foi exigido pela Vara de Execuções Criminais (VEC) de Porto Alegre após a fuga do apenado Michel Bonotto da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Ele trocou de lugar com o irmão durante uma visita.
A fotografia que veio à tona ontem revela dupla fragilidade na vigilância do Presídio Central – o detento estava com um celular que registrou a imagem dentro de uma cela e, o mais grave ainda, teve acesso a duas armas, um revólver calibre 38 e uma pistola calibre 6.35.
Foto: Divulgação
Armas servem como instrumento de opressão de alguns apenados sobre outros, para comando de galerias e intimidar facções rivais atrás das grades. Entre apenados do regime fechado é praxe a apreensão de armas artesanais – fabricadas pelos próprios presos.
Mas revólver e pistola industriais dentro das celas são raros. Foram 21 apreendidas no ano passado em cinco das principais cadeias gaúchas. Ainda assim, o juiz da VEC de Porto Alegre, Sidinei Brzuska, não se diz surpreso:
— A novidade é o preso tirar fotos — observa o responsável pela fiscalização dos presídios.
Fios de náilon com ímãs são usados para pescar armas
Para Brzuska, é quase impossível o acesso de presos a armas verdadeiras sem que tenha ocorrido alguma falha de vigilância, seja por omissão ou corrupção. Mas ele ressalta que, em três anos de atividade, jamais soube de algum caso que resultou em prisão em flagrante de servidores.
— Lembro de agentes penitenciários e de PMs presos em flagrante por levar drogas, celulares ou dinheiro para detentos das penitenciárias Estadual do Jacuí, Modulada de Charqueadas, Madre Pelletier e Albergue Pio Buck, mas nunca levando armas — assegura.
O juiz afirma existir a possibilidade de armas terem sido “pescadas”. Já aconteceu de revólveres e pistolas serem jogados para dentro do pátio das cadeias, e os presos, com pedaços de ímãs amarrados em fios de náilon, fisgarem as armas pela janela das celas.
O promotor Gilmar Bortolotto, da Promotoria de Fiscalização de Presídio, lamenta a situação e solicita mudanças profundas, com ampliações de vagas e investimentos.
— O sistema continua atuando de forma emergencial. As mudanças que realmente fariam a diferença não dependem da Susepe. Sem isso, as prisões continuarão fomentando a criminalidade — avalia Bortolotto.
Terceira morte em três meses em Charqueadas
A Penitenciária Modulada de Charqueadas registrou na quarta-feira a segunda morte de preso em duas semanas. É a terceira em pouco mais de três meses, todas no setor conhecido como brete. Curiosamente, a área onde são isolados os presos que sofrem algum tipo de ameaça nas galerias.
Vagner Alexandre de Jesus da Silva, 31 anos, condenado por furto e lesão corporal, foi encontrado enforcado por volta das 8h30min de ontem. No local estavam mais dois apenados. Interrogado pela delegada Luciane Bertoletti, da Delegacia da Polícia Civil de Charqueadas, Patrício Machado, o Graxa, 21 anos, confessou o assassinato.
No sábado, o corpo de Fabiano Rosa Pereira, 29 anos, foi encontrado no refeitório do Pavilhão A da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas com sinais de assassinato por asfixia.
Contrapontos
O que diz Gelson dos Santos Treiesleben, superintendente dos Serviços Penitenciários:
“Os questionamentos sobre as medidas de segurança adotadas estão sendo encaminhados à Justiça, que os solicitou. Considero um absurdo armas nas mãos de presos. Trabalhamos intensamente para coibir o ingresso de objetos ilícitos nas prisões. Os números de apreensões de celulares mostram isso. Quanto às mortes, estamos analisando os casos e tomando providências”.
O que diz o coronel Manoel Vicente Ilha Bragança, chefe do Comando de Órgãos Especiais da Brigada Militar, responsável pela administração do Presídio Central de Porto Alegre:
“Nos preocupa existir preso com armas no Central. Estamos investigando o que aconteceu. Todas as armas apreendidas são encaminhadas para a Polícia Civil, que também abre inquérito para apurar os fatos”.
— Lembro de agentes penitenciários e de PMs presos em flagrante por levar drogas, celulares ou dinheiro para detentos das penitenciárias Estadual do Jacuí, Modulada de Charqueadas, Madre Pelletier e Albergue Pio Buck, mas nunca levando armas — assegura.
O juiz afirma existir a possibilidade de armas terem sido “pescadas”. Já aconteceu de revólveres e pistolas serem jogados para dentro do pátio das cadeias, e os presos, com pedaços de ímãs amarrados em fios de náilon, fisgarem as armas pela janela das celas.
O promotor Gilmar Bortolotto, da Promotoria de Fiscalização de Presídio, lamenta a situação e solicita mudanças profundas, com ampliações de vagas e investimentos.
— O sistema continua atuando de forma emergencial. As mudanças que realmente fariam a diferença não dependem da Susepe. Sem isso, as prisões continuarão fomentando a criminalidade — avalia Bortolotto.
Terceira morte em três meses em Charqueadas
A Penitenciária Modulada de Charqueadas registrou na quarta-feira a segunda morte de preso em duas semanas. É a terceira em pouco mais de três meses, todas no setor conhecido como brete. Curiosamente, a área onde são isolados os presos que sofrem algum tipo de ameaça nas galerias.
Vagner Alexandre de Jesus da Silva, 31 anos, condenado por furto e lesão corporal, foi encontrado enforcado por volta das 8h30min de ontem. No local estavam mais dois apenados. Interrogado pela delegada Luciane Bertoletti, da Delegacia da Polícia Civil de Charqueadas, Patrício Machado, o Graxa, 21 anos, confessou o assassinato.
No sábado, o corpo de Fabiano Rosa Pereira, 29 anos, foi encontrado no refeitório do Pavilhão A da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas com sinais de assassinato por asfixia.
Contrapontos
O que diz Gelson dos Santos Treiesleben, superintendente dos Serviços Penitenciários:
“Os questionamentos sobre as medidas de segurança adotadas estão sendo encaminhados à Justiça, que os solicitou. Considero um absurdo armas nas mãos de presos. Trabalhamos intensamente para coibir o ingresso de objetos ilícitos nas prisões. Os números de apreensões de celulares mostram isso. Quanto às mortes, estamos analisando os casos e tomando providências”.
O que diz o coronel Manoel Vicente Ilha Bragança, chefe do Comando de Órgãos Especiais da Brigada Militar, responsável pela administração do Presídio Central de Porto Alegre:
“Nos preocupa existir preso com armas no Central. Estamos investigando o que aconteceu. Todas as armas apreendidas são encaminhadas para a Polícia Civil, que também abre inquérito para apurar os fatos”.
Fonte: José Luís Costa / ZERO HORA
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