terça-feira, 17 de janeiro de 2012

No Recife, dependentes químicos ameaçam transformar igreja em cracolândia

     O que era para ser um local de recuperação de dependentes químicos tornou-se ponto de consumo de drogas no Recife. No centro da cidade, todos os dias, pelo menos 50 dependentes químicos se reúnem em frente à Cristolândia, projeto financiado pela Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira, e, ali, antes dos cultos realizados pela entidade, fumam maconha e crack e cheiram cola, bem na frente da igreja.
     De acordo com um taxista que preferiu não se identificar, os dependentes químicos têm espantado as pessoas que circulam pelos arredores da igreja. Segundo ele, por causa da concentração dos "viciados" e do consumo de drogas, muitas evitam o local. "Sei que a intenção da igreja é boa, mas essas pessoas [os dependentes químicos] não querem melhorar, querem só comer pra ficar fortes e sair assaltando por aí", disse.
     Além do consumo das drogas, a comerciante Fernanda Ferreira relatou que muitos dos assistidos pelo programa andam armados com facas, causando baderna e brigas entre si. "Eles chegam intimidando todo mundo. Certa vez, porque eu neguei café a um deles, fui ameaçada, e hoje trabalho todos os dias com medo."
     Ainda segundo a comerciante, mulheres e filhos dos dependentes químicos muitas vezes escondem as drogas no momento da abordagem policial. "Quando a polícia chega, os viciados passam a maconha e o crack para eles, já que os policiais masculinos não podem revistar as crianças e as mulheres", afirmou.

 

Outro lado


     De acordo com o pastor Gleydson Moraes, um dos responsáveis pela Cristolândia de Recife, a proposta do projeto é de "resgatar as pessoas do submundo das drogas". Apesar disso, ele tem consciência de que o trabalho é longo. "Sei que é quase impossível solucionar esse problema rapidamente, mas, se de cem dependentes conseguirmos tirar um da rua, já é lucro."
     O projeto já encaminhou, apenas na capital pernambucana, dez dependentes químicos para internação. Atualmente, a Cristolândia do Recife atende a cerca de 60 usuários de drogas, que recebem ajuda psicológica, roupas e alimentos.

Fonte: Carol Guibu, Do UOL, no Recife

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