O nível de água em Três Vendas , em Campos, no Norte Fluminense, poderá chegar ao longo desta sexta-feira (6) a três metros de altura em alguns pontos da localidade, informou nesta manhã o major Edson Pessanha, comandante adjunto da Defesa Civil da cidade.
A água já atingiu dois metros de altura, mas poderá subir ainda mais em ruas mais abaixo do nível da BR-356, onde, na manhã de quinta-feira (5), um dique se rompeu. Com o rompimento, um trecho da rodovia desabou, permitindo com que a água do Rio Muriaé chegasse à localidade.
A tendência, no entanto, é que no fim do dia as águas que invadiram a comunidade se igualem ao Rio Muriaé e se estabilizem em dois metros de altura, segundo Pessanha.
Como a localidade fica abaixo nível do rio, a BR-356 funciona como um dique para conter as águas. Mas, com o afundamento de um trecho e o grande volume de água do rio, causado pelas chuvas durante a semana, a inundação da comunidade não poderia ser evitada, explicou o major.
Sem emergências
Pessanha disse, ainda, que durante a madrugada não houve qualquer emergência em relação às famílias que decidiram permanecer em suas casas. Equipes da Defesa Civil passaram a madrugada no local caso houvesse necessidade de retirar os moradores com rapidez.
Nesta manhã, equipes da Defesa Civil vão percorrer de barco a comunidade e outras farão uma visita aos abrigos da cidade para onde os moradores foram levados.
Nesta manhã, equipes da Defesa Civil vão percorrer de barco a comunidade e outras farão uma visita aos abrigos da cidade para onde os moradores foram levados.
Água chega lentamente às casas
Em entrevista ao G1 mais cedo, o secretário de Defesa Civil de Campos, Henrique Oliveira, disse que a água continua chegando lentamente às casas de Três Vendas.
“Ela (a água) nesse momento deve estar com dois metros de altura. Ontem eu saí de lá (Três Vendas) às 2h e já estava toda a localidade coberta pela água que continuava entrando na localidade”, disse o secretário. Essa era, inclusive, a expectativa da Defesa Civil para a manhã desta sexta, ao contrário da previsão inicial, de que as casas já tivessem sido atingidas às 16h desta quinta-feira.
Quinhentas famílias fora de casa
De acordo com Oliveira, cerca de 500 famílias já foram retiradas de suas casas. “Foram retiradas 500 famílias e outras saíram por conta própria, mas tem famílias que teimaram em ficar nas casas. Hoje nós vamos de barco para tentar tirar outras famílias de lá”, disse, ressaltando que a inundação pode afetar a estrutura de algumas moradias.
Ainda segundo o Oliveira, a água só deve sair da comunidade à medida que o nível do rio baixe. "É impossível tirar essa água de lá. Ela só sai depois que o rio baixar e eu ainda vou ter que bombear ela para fora."
Casal diz que vai sair
Na quinta-feira, quem mora em casas térreas aceitou a ajuda de bombeiros para carregar caminhões com móveis e seguir de mudança provisória para a casa de parentes ou para abrigos da prefeitura.
Casal com a filha de 11 meses nos braços foi para estrada ver estragos de rompimento de dique em Campos (Foto: Lilian Quaino/G1)
Tatiana Pessanha, com a filha Jamile, de 11 meses, nos braços, e o marido Lucas Florbelis, olhavam, na quinta, o trecho da estrada rompido, e as águas que avançavam. "Viemos ver se é grave mesmo para ver se temos que sair de casa. Já vi que vamos fazer ter que sair sim. Mas vamos para casa de parentes num local mais alto", disse.
Em 2008, quando ainda não estavam casados, eles também tiveram de sair de suas casas por causa da enchente causada também pelo desmoronamento daquele trecho da estrada. Tatiana foi para casa de parentes e Lucas teve que acampar num morro até ser acolhido por um primo.
O dono de um bar bem na entrada de Três Vendas encheu um caminhão com mercadorias para sair do local que deverá ser alagado. A Prefeitura de Campos coloca pedras na entrada da comunidade para tentar conter a água do Rio Muriaé, que ameaça invadir o local após o rompimento de um trecho da BR-356.
Caminhão joga pedras para formar muro e tentar barrar avanço das águas de dique rompido (Foto: Lilian Quaino/G1)
Risco de desmoronamento
Agentes da Defesa Civil disseram ainda que adiante do ponto onde ocorreu o rompimento da estrada existem mais três pontos de alto risco de desmoronamento, porque o acúmulo de água está causando assoreamento.
Segundo o vice-prefeito de Campos, Francisco Oliveira, em 2008, a estrada se rompeu no mesmo trecho e toda a comunidade teve de ser evacuada. "O Dnit recuperou o trecho e em dois meses os moradores voltaram. Agora ruiu de novo. Estamos aguardando a equipe do Dnit para saber quais serão as providências", disse.
Segundo o Dnit, a BR-356/RJ, no local da ruptura do corpo estradal, vem funcionando como um dique – sem nunca ter sido projetada para este fim. O órgaõ diz que recuperou o asfalto da rodovia – neste trecho - em 2010/2011, e foram instaladas manilhas que tinham como objetivo permitir a passagem de água de chuva e não dar vazão às águas da cheia do rio Muriaé.
Na quinta-feira, o Ministério da Integração Nacional e o governo do estado do Rio liberaram uma verba de R$ 40 milhões para construção um extravasor de cheias do Rio Muriaé, obra que será realizada no município de Laje do Muriaé, no Noroeste Fluminense. A obra, de acordo com o prefeito José Eliezer Tostes Pinto, vai acabar com as inundações na cidade e vai beneficiar diretamente cerca de 20 mil moradores.
Em Itaperuna, a prefeitura da cidade calcula que 5 mil pessoas estão desalojadas e outras 60, desabrigadas. Segundo o coordenador da Defesa Civil do município, capitão Joelson Oliveira, a água subiu 1,3 metros acima do limite no Rio Muriaé.
Fonte: Lilian Quaino / Do G1 RJ, em Campos
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