terça-feira, 2 de agosto de 2011

Novas escutas sugerem pressões do ex-presidente do Natal Luz

     O Ministério Público (MP) divulgou, nesta segunda-feira, novas escutas telefônicas de ligações feitas entre os realizadores do Natal Luz, que neste ano corre o risco de não acontecer em razão das denúncias de irregularidades. Ao todo, oito linhas foram grampeadas com autorização judicial há aproximadamente três meses. Nas interceptações, percebe-se a interferência do antigo presidente da comissão executiva Luciano Peccin na formação dos novos conselhos de gestão e administração do evento. “Ele escolheu quem iria compor os conselhos”, afirma o promotor Max Guazzelli. 
     O promotor observa ainda que o MP tentou regularizar o evento através de um Termo de Ajustamento de Conduta, que o prefeito Nestor Tissot não quis assinar. Nas gravações, segundo Guazzelli, fica caracterizada a pressão de Peccin para que o prefeito não assinasse o termo, proposto pelo MP para regularizar a situação do Natal Luz. 

Pressão sobre prefeito para não assinar TAC

     Em uma das ligações, o advogado Ruy Bresolin, que defende Luciano Peccin, explica para o cliente que convenceu o prefeito a não assinar o Termo de Ajustamento de Conduta:
     Ruy Bresolin: Eu disse pro Nestor. Eu não acredito que amanhã eles venham com alguma proposta que não seja em que o Nestor admita que o evento é público e aí tem todas aquelas conseqüências que a gente já falo, né.... O que eu tô achando de positivo é assim: tô conseguindo ver do Nestor que ele tá convicto. Até assustei ele um pouco: "se tu assinar qualquer documento que diga que tu assume que o evento é público, tu tá assumindo pra ti toda a responsabilidade penal..." Quando eu cheguei na prefeitura, dei uma atropelada nele: "tu reserva alguns milhões do teu patrimônio aí prá pagar a conta depois..."

Conselhos escolhidos pelo ex-presidente


     Em outra ligação, entre o vice-prefeito Luiz Antônio Barbacovi e o ex-presidente do Natal Luz Luciano Peccin, o segundo sugere o nome de Irineu Sartori para representar os interesses dele no novo conselho. Os três estão incluídos no processo criminal:

Luciano Peccin: Me lembrei de um nome!

Luiz Antônio Barbacovi: Qual é?

Luciano Peccin: Irineu Sartori

Barbacovi: Ah, pode ser! Até vou botar. Eu tô aqui na porta de fora da prefeitura. Vou botar!

Peccin: Junto contigo lá!

Barbacovi: Ãhn?

Peccin: Né? Lá na... na... na... no Conselho de Administração, lá!

Barbacovi: Não, não, isso aí foi nome que nós fizemo uma listinha aqui. Isso nós vamo passar, depois senta junto prá... 

Peccin: Humm?

Barbacovi: Mas tudo bem, o Irineu eu já coloquei aqui...

Suspeita de irregularidade envolve 34 pessoas

     Na semana passada, 34 pessoas, incluindo o atual prefeito e ex-prefeito Pedro Bertolucci, foram denunciadas pelo MP. O órgão investiga supostas irregularidades na prestação de contas do evento. Nesta segunda-feira, Tissot nomeou os promotores autores da denúncia para que se responsabilizem pela realização do evento. O subprocurador do MP para Assuntos Institucionais, Marcelo Dornelles, avaliou como provocativo e desnecessário o ato.

Fonte: Halder Ramos / Correio do Povo

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