Centenas de manifestantes se reúnem em protesto na cidade síria de Banias, em dia que forças de segurança mataram quase 90 manifestantes (Reuters)
Forças de segurança sírias mataram quase 90 manifestantes na sexta-feira (22), disseram ativistas, no dia mais violento em um mês de protestos contra o governo do presidente Bashar al-Assad.
O Comitê de Coordenação Local enviou à Reuters uma lista com 88 nomes de pessoas que, segundo o grupo, foram mortas em diversas cidades da Síria, incluindo Latakia, Homs, Hama, Damasco e o vilarejo de Izra'a.
Não é possível confirmar independentemente as informações.
Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas ao redor da Síria e cantaram pela"derrubada do regime", refletindo o endurecimento das reivindicações que inicialmente tinham como foco reformas e mais liberdade.
Os protestos, que ocorreram apesar de Assadter suspendido o estado de emergência um dia antes --reivindicação central dos manifestantes-- foram reprimidos a bala e com gás lacrimogêneo, disseram testemunhas.
O governo norte-americana pediu que a Síria interrompa a violência contra manifestantes e o secretário britânico de Relações Exteriores, William Hague, disse que a lei de emergência deveria ser "levantada na prática, não somente em palavra".
Na quinta-feira, Assad assinou um decreto suspendendo a lei de emergência imposta pelo Partido Baath assim que assumiu o poder após um golpe, há 48 anos. Outras leis, porém, ainda dão amplos poderes às forças de segurança e a oposição intensificou as demandas por concessões.
"Esse foi o primeiro teste sobre a seriedade das autoridades e eles fracassaram," disse ativista Ammar Qurabi.
A violência de sexta-feira eleva o total de mortos para cerca de 300, segundo grupos de direitos humanos, desde o início do levante, em 18 de março, na cidade de Deraa, no sul do país.
A televisão síria disse que oito pessoas morreram e 28 ficaram feridas, incluindo militares, em ataques realizados por grupos armados no vilarejo de Izra'a. A emissora acrescentou que um grupo armado atacou uma base militar em Muadhamiya, subúrbio de Damasco. A Anistia Internacional disse ter sido informada de 75 mortes, incluindo duas crianças e um homem de 70 anos.
Assim como nas revoluções da Tunísia e do Egito, que derrubaram do poder Zine al-Abidine Bem Ali e Hosni Mubarak, os cidadãos se rebelam contra a falta de liberdade e oportunidades, a impunidade das forças de segurança e a corrupção que enriqueceu a elite, enquanto um terço dos sírios vive abaixo da linha da pobreza.
Na primeira declaração conjunta desde o início dos protestos, ativistas que coordenam as manifestações populares exigiam na sexta-feira a abolição do monopólio do poder do Partido Baath e o estabelecimento de um sistema político democrático.
Com o auxílio da família e do aparato de segurança, Assad, que tem 45 anos, detém o poder absoluto na Síria.
Os protestos correram o país de 20 milhões de habitantes, da cidade mediterrânea de Banias às cidades do leste de Deir al-Zor e Qamishli. Em Damasco, as forças de segurança dispararam gás lacrimogêneo para dispersar 2 mil manifestantes no distrito de Midan.
Na cidade de Hama, onde o pai de Assad reprimiu violentamente um levante armado há quase 30 anos, uma testemunha disse que as forças de segurança abriram fogo para evitar que os manifestantes chegassem ao quartel-general do Partido Baath.
Testemunhas afirmaram que as forças de segurança também atiraram contra manifestantes no distrito de Barzeh de Damasco, na cidade de Homs, no subúrbio de Douma, em Damasco, e contra manifestantes que iam para a cidade de Deraa, onde o levante sírio começou há cinco semanas.
Fonte: Reuters / Gazeta do Povo
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