sábado, 6 de fevereiro de 2016

Jipeiros desafiam as dunas do Litoral Norte

Entusiastas percorrem trilhas e obstáculos em Tramandaí e Osório

Entusiastas percorrem trilhas e obstáculos em Tramandaí e Osório | Foto: Samuel Maciel
   Entusiastas percorrem trilhas e obstáculos em Tramandaí e Osório | Foto: Samuel Maciel

Não é só de calmaria, sol e água fresca que vive o litoral gaúcho. Há uma pitada de aventura e velocidade em meio às areias da praia. É nesse segundo grupo que se encaixam os associados do Jeep Club Tramandaí. Na ativa desde 1994, quando foi fundado pelos primeiros 14 sócios, o clube conta hoje com mais de 500 participantes. Todos são felizes proprietários de jeeps, trollers e caminhonetes Rural Willys modificadas.

Eles contribuem com uma anuidade de cerca de R$ 100, que dá direito à utilização da sede e garante a isenção em eventos do clube. O maior deles ocorre sempre no mês de dezembro. Além dos moradores do litoral Norte, o grupo tem associados do interior do Estado, de Porto Alegre e até de municípios catarinenses. Os eventos são frequentados não só por brasileiros, mas também por uruguaios e argentinos.

Faça chuva ou faça sol, em todos os finais de semana, participantes do grupo aventuram-se pelas dunas gigantes de balneário Jardim do Éden, que pertence à Tramandaí, ou optam por sujar as carrocerias e pneus nos arredores das lagoas de Osório. “Tem no mínimo uns 20 jeeps brincando nas dunas aos finais de semana”, garante Martinho de Oliveira, de 60 anos, que é pouco conhecido pelo nome de batismo. No clube, todos os chamam pelo nome pendurado na placa traseira de seu jeep: Barnabé.

O apelido surgiu em Gravataí, na época em que o jipeiro era dono de uma madeireira em um distrito de mesmo nome. Barnabé mudou-se para o litoral, junto com a família e os negócios, há mais de 20 anos. Foi na praia que apaixonou-se pelo esporte. “No final de semana, eu via as gaiolas e jeeps brincando na areia. Me empolguei e comprei uma gaiola”, recorda. O nome “gaiola” refere-se a um tipo de automóvel utilizado em trilhas. Trata-se de um chassi de Fusca transformado e adaptado com uma armação tubular.

Hoje, Barnabé pilota um jeep avaliado em R$ 35 mil e, recentemente, incrementou a garagem de casa com uma Troller. Apesar da potência exibida nos carros, orgulho mesmo ele tem do filho Fabiano, de 37 anos. Apesar disso, prefere disfarçar para, segundo ele, evitar que o filho “se ache”. Conhecido no clube como He-Man, Fabiano e seu jeep denominado Gato Guerreiro já ganharam sete troféus em competições de jeepcross no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

Apesar de o Gato Guerreiro e He-Man só terem se encontrado há 7 anos, o jeep 4x4 foi fabricado em 1951. O automóvel está avaliado em R$ 60 mil. Modelo semelhante produzido no ano passado chega a ser vendido por R$ 500 mil. “Quando eu chego numa competição, ficam todos apavorados com o jeep”, garante o piloto. Entre os jipeiros, o modelo utilizado por He-Man é considerado um dos melhores para competir. O jeep dele é capaz não só de descer, mas também subir, uma duna com inclinação superior a 45° – feito que não consegue ser executado por veículos semelhantes com motor menos potente.

Jipeiros percorrem as dunas 



Fernanda Pugliero
Correio do Povo

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