Tremor de 6,2 graus deixou 350 feridos e
centenas de desaparecidos
Tremor de 6 graus deixou 350 feridos e centenas
de desaparecidos | Foto: Filippo Monteforte / AFP / CP
O forte terremoto de 6,2 graus de magnitude que devastou
na madrugada de quarta-feira vários povoados montanhosos do centro da
Itália deixou ao menos 247 mortos, 350 feridos e centenas de desaparecidos, e
os trabalhos de resgate prosseguem 27 horas após a catástrofe.
O último
boletim oficial, fornecido pela Defesa Civil na manhã desta quinta, aponta 247
óbitos, contra 159 mortos informados na noite de quarta-feira. "É
possível que o número de vítimas cresça", advertiu durante a tarde o chefe
de governo italiano, Mateo Renzi, que percorreu a zona afetada e prometeu ajuda
para as famílias afetadas. Equipes de socorristas trabalharam durante toda
a noite, conscientes de que correm contra o tempo para encontrar e resgatar com
vida pessoas presas sob os escombros.
Segundo
fontes da imprensa, dezenas de pessoas continuam desaparecidas e,
provavelmente, estão sepultadas vivas. Entre as vítimas fatais estão muitas
crianças, além de uma família inteira - pai, mãe e duas crianças, que por horas
os socorristas tentaram salvar. Dezenas de bombeiros e policiais
voluntários trabalham há horas, sem descanso, nas pequenas localidades de
Amatrice e Accumoli, na região do Lacio, e Arquata del Tronto, na região de
Marcas.
As três
localidades ficaram devastadas e transformadas em montanhas de escombros, onde
apenas sobressaíam algumas poucas construções de pé. O tremor, que foi
sentido em Roma e Veneza, acordou a população às 03h30min locais (22h30min de
Brasília de terça-feira) e, desde então, foram registrados cerca de 200 abalos
secundários. O epicentro foi localizado perto de Nórcia, uma cidade da
região da Umbria, a 150 km de Roma, segundo o Serviço Geológico dos Estados
Unidos (USGS).
Os
feridos mais graves estão sendo levados à capital da província, Rieti, assim
como a hospitais de Roma e Florença em helicópteros. As autoridades
decidiram mobilizar o Exército para os trabalhos de resgate, que são
particularmente complicados por se tratar de pequenas localidades montanhosas,
e para garantir a segurança da população, pela temida
chegada
de ladrões.
Durante
todo o dia, moradores e voluntários escavaram em meio a nuvens de poeira e
inclusive com as próprias mãos as montanhas de pedras e pedaços de prédios e
casas destruídas pelo terremoto. Cães treinados para rastrear pessoas e
celulares têm servido para localizar pessoas entre os escombros. Os
moradores das cidades mais afetadas se preparavam para passar sua primeira
noite ao relento, enquanto as autoridades alinhavam os corpos em parques e
jardins cobertos por cobertores e lençóis.
Poeira,
silêncio e solidariedade
"Minha
irmã está sob os escombros. Não dá sinal de vida. Ouve-se apenas os
gatos", lamentou angustiado Guido Bordo, de 69 anos, em declarações,
enquanto esperava em Accumoli notícias sobre seus familiares. Os
operadores pedem continuamente silêncio para poder ouvir os lamentos, gritos e
sinais para escavar e tentar salvar vidas. Um casal e dois filhos que
estavam de férias nesta região perderam a vida no tremor.
"Salvei-me
milagrosamente. Dez segundos foram suficientes para destruir tudo", contou
Marco, morador de Amatrice, ao jornal La Repubblica. O prefeito do pequeno
povoado de Accumoli, Sergio Pirozzi, revelou que sua comunidade, situada a 40
km do epicentro, ficou completamente destruída. "Setenta e cinco por
cento do povoado não existem mais", lamentou comovido depois de confirmar
danos no hospital local.
Entre as
vítimas estão uma menina de um ano e seis meses e um bebê de nove meses, cuja
mãe salvou-se do terremoto de 6,3 graus de 2009 em Áquila, que deixou 300
mortos. Muitos turistas estavam na região para participar das festas
organizadas todos os anos em Amatrice por ocasião da criação de uma famosa receita
de espaguete. "Os hotéis estavam todos lotados", explicou o
prefeito.
Trata-se
de uma das zonas com mais risco sísmico da Itália, país que possui uma geologia
muito particular. O Papa
Francisco interrompeu
sua tradicional audiência de quarta-feira para manifestar sua dor pelas vítimas
e disse ter ficado abalado com a notícia.
AFP
Correio do Povo
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