Quatro integrantes
estiveram em Portugal para dar instruções a colegas lusitanos
Bombeiros Voluntários gaúchos ministram curso
na Europa | Foto: Divulgação / CP
Durante 12 dias, em fevereiro deste ano, quatro bombeiros voluntários
gaúchos ministraram um curso de socorros para colegas da cidade de Caldas de
Vizela, distrito de Braga, em Portugal. A oportunidade se deve ao fato de a
Associação dos Bombeiros Voluntários do Rio Grande do Sul (Voluntersul) ter
seis de seus integrantes com curso especializado em procedimentos em incêndio.
Os gaúchos ministraram o curso de 16 a 27 de fevereiro para 42 bombeiros
voluntários portugueses. Existe a possibilidade de o mesmo curso ser
desenvolvido por integrantes da Voluntersul na República de Cabo Verde, na
África.
O RS tem mais de 1,1 mil pessoas que incluíram em suas rotinas mais uma
responsabilidade: o trabalho como bombeiro voluntário. A atuação deste grupo
tem como reflexo o atendimento anual de 1,4 mil incêndios, 15 mil resgates e
7,5 mil atendimentos de suporte à população, como corte de árvores e
sinalização de locais perigosos. Fundada em 1981, a Voluntersul é responsável
pela unificação destes trabalhadores, que estão espalhados em 41 grupos pelo
Estado. A capacidade de atendimento dos voluntários alcança 90 municípios
gaúchos.
A Voluntersul foi criada com o objetivo de fortalecer os laços entre
seus integrantes e incentivar o desenvolvimento das atividades de bombeiros
voluntários no RS. “O Corpo de Bombeiros Voluntários existe porque há uma
lacuna no serviço de bombeiro”, afirmou o presidente da Voluntersul, Edison
Eduardo Rother.
Segundo ele, o Brasil carece de um sistema organizado de emergência de
bombeiros. E a partir dessa necessidade, nasceu o voluntariado. “É um trabalho
que veio no sangue dos colonizadores. Nos países europeus, os bombeiros
voluntários são uma realidade há muito tempo”, afirmou. Os bombeiros
voluntários exercem quase as mesmas atividades dos bombeiros militares. “A
função fiscalizadora é de exclusividade dos militares”.
A estrutura da Voluntersul conta com 166 veículos. Entre eles estão 62
caminhões-tanque. O resto da frota é composta, em sua maioria, por carros de
resgate e ambulâncias. “Também contamos com 94 equipamentos de proteção
respiratória e 30 de desencarceramento, entre outros materiais”, acentuou o
presidente da Voluntersul.
Capacitação é constante
Na busca pela capacitação dos bombeiros voluntários do RS, a Voluntersul
conheceu ao flashover em 2011. O curso é especializado na interpretação e
procedimento do bombeiro durante o desenvolvimento de um incêndio. Junto ao
rit, que trata da sobrevivência e resgate em áreas de incêndio, são os cursos
mais importantes para o bombeiro. A Voluntersul possui seis de seus integrantes
formados na flashover.Há somente mais um grupo no Brasil com o mesmo
certificado da associação gaúcha. As diferenças na formação, salienta Rother,
são o conteúdo pedagógico e a metodologia de ensino.
O perfil do bombeiro voluntário gaúcho é variado. Há profissionais de
diversas áreas. “Há empresários, comerciantes, enfermeiros e diversos outros
tipos de profissionais que atuam como bombeiros voluntários. Eles não são
remunerados e trabalham conosco nas horas de folga”.
“Brasileiro é solidário”
O ingresso na função de bombeiro voluntário ocorre por diversas
motivações. Entretanto, de acordo com Edison Eduardo Rother, presidente da
Voluntersul, a nacionalidade brasileira pesa na hora da escolha. “O povo
brasileiro é muito solidário. Ele quer ajudar na situação de emergência”,
analisou Rother.
O presidente da associação salienta que existem outros fatores que levam
uma pessoa a querer ser bombeiro voluntário. A influência de amigos ou de
familiares que fizeram ou fazem parte da categoria ou a experiência em uma
situação de emergência na qual a pessoa não sabia o que fazer são itens que
influenciam na decisão de ser voluntário. “Quem ingressa no Corpo de Bombeiros
Voluntários acaba envolvendo-se de uma forma muito profunda com a atividade”,
afirma Rother, ressaltando que o efetivo da Voluntersul é capacitado para
combater incêndio e prestar os primeiros socorros.
Marco Aurélio Ruas
Correio do Povo
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