quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

EUA e aliados prometem sanções a Coreia do Norte por teste nuclear

Autoridades conversaram por telefone nesta quinta

Sul-coreanos queimam imagem de Kim Jong-Un | Foto: Jung Yeon-Je / AFP / CP
   Sul-coreanos queimam imagem de Kim Jong-Un | Foto: Jung Yeon-Je / AFP / CP

O governo dos Estados Unidos e dois de seus principais aliados na Ásia, Coreia do Sul e Japão, prometeram nesta quinta-feira unir esforços para obter uma reação internacional firme e exaustiva após o quarto teste nuclear da Coreia do Norte. As autoridades dos três países conversaram por telefone um dia depois do anúncio de Pyongyang de um teste bem sucedido com uma bomba de hidrogênio. 

Na quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU realizou uma reunião de emergência, na qual prometeu aumentar e endurecer as sanções que afetam a Coreia do Norte desde os testes anteriores (2006, 2009 e 2013). Os 15 países membros do Conselho – incluindo China, única aliada de peso de Pyongyang – anunciaram "medidas suplementares significativas" que serão incluídas em uma nova resolução, mas que deve ser divulgada após vários dias de negociações. 

A declaração não explica quais medidas serão adotadas, mas, segundo fontes diplomáticas, o arsenal de sanções deve ser reforçado, com, por exemplo, a ampliação da lista de indivíduos e empresas punidas por seus vínculos com o programa nuclear norte-coreano. Na Coreia do Sul, a presidente Park Geun-Hye pediu uma resposta enérgica ante o que considera uma "grave provocação". Park conversou na quinta-feira com o presidente americano, Barack Obama, e segundo um comunicado divulgado por Seul os dois líderes consideraram que o último teste nuclear requer "as sanções mais potentes e completas" contra o regime norte-coreano. 

Além disso, a Coreia do Sul anunciou que a partir de sexta-feira voltará a divulgar, a todo volume, mensagens de propaganda na fronteira com a Coreia do Norte, medida que sempre enfureceu Pyongyang. O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, também conversou com Obama e considerou que os dois países deveriam liderar uma campanha para obter sanções severas, sugerindo a possibilidade de sanções unilaterais. Posteriormente, Abe também conversou com a colega sul-coreana. 

Olhares voltados para Pequim

Ao anunciar o primeiro teste com uma bomba de hidrogênio, Pyongyang considerou ter entrado para a lista de "Estados nucleares avançados". De fato, a posse de uma bomba H operacional, muito mais potente que a bomba atômica comum, seria um grande avanço para a Coreia do Norte. Mas vários especialistas manifestaram ceticismo, por considerar que os dados sismológicos sugeriam uma explosão de potência consideravelmente menor do que seria esperado de um teste de bomba de hidrogênio. 

"Nas últimas 24 horas não aconteceu nada que leve o governo dos Estados Unidos a modificar sua avaliação das capacidades técnicas e militares da Coreia do Norte", declarou Josh Earnest, porta-voz da Casa Branca. O Japão informou nesta quinta-feira que não detectou mudanças nos níveis de radiação em seu território. "Não aconteceu nenhuma mudança particular até o momento nos níveis de radiação", afirma um comunicado da Autoridade Nuclear Reguladora do Japão. 

Três aviões da Força Aérea nipônica recolheram mostras no ar e 300 centros de controle participaram nas tarefas de verificação em todo o país. A atitude da China a respeito de Pyongyang é observada de perto. Pequim, que tem direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, pressiona para limitar a magnitude das sanções, mas sua impaciência aumenta com a repetida recusa da Coreia do Norte de abandonar o programa nuclear. 

Para analistas, no entanto, a capacidade de ação de Pequim é limitada pelo medo de um eventual colapso do regime norte-coreano, o que daria lugar a uma Coreia reunificada apoiada pelos Estados Unidos. A Coreia do Norte não reagiu até o momento à ameaça de novas sanções, mas a agência oficial de notícias NKNA foi enfática: "Quanto maiores os esforços das forças hostis para isolar e prejudicar (a Coreia do Norte), maior será nossa dissuasão nuclear", advertiu.


AFP
Correio do Povo

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