sábado, 31 de agosto de 2013

Brigada Militar espera identificar em até 40 dias policial que disparou no rosto de gremista

Ao falar sobre torcedor que corre risco de ficar cego, comandante-geral diz que PMs devem "mensurar atitudes"

Brigada Militar espera identificar em até 40 dias policial que disparou no rosto de gremista Patricia Kunrath Laurino/Arquivo Pessoal
Duas balas de borracha foram retiradas do rosto de Evandro no Hospital de Pronto SocorroFoto: Patricia Kunrath Laurino / Arquivo Pessoal

O comandante-geral da Brigada Militar, coronel Fábio Duarte Fernandes, pretende descobrir em até 40 dias quem foi o autor do disparo contra o rosto do gremista Evandro Godoy Kunrath.

Na quarta-feira, antes do jogo entre Grêmio e Santos, Evandro foi atingido por pelo menos duas balas de borracha durante um confronto entre torcedores e PMs, em frente à Arena. Testemunhas garantem que o bancário de 40 anos em nenhum momento se envolveu no tumulto. Liberado ontem do Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre, o gremista ainda corre risco de ficar cego.

Abaixo, leia os principais trechos da entrevista que o coronel Fernandes concedeu na sexta-feira a Zero Hora:

 
   Ferimentos nos olhos de Evandro Kunrath são "extremamente graves", conforme médico  
   Foto: Arquivo pessoal

Zero Hora — Como o senhor avalia a situação de Evandro Godoy Kunrath, que foi atingido por uma bala de borracha e pode ficar cego?

Fábio Duarte Fernandes — Lamento o que ocorreu. Não gostamos que a Brigada Militar, que se dedica a trabalhar pela segurança das pessoas, seja a causadora de uma lesão como esta. Já determinei a abertura de um Inquérito Policial-Militar para apurar os responsáveis. É claro que a corporação atua em momentos de tensão, mas os policiais precisam mensurar suas atitudes, precisam ter em mente um cálculo tático sobre o emprego da força.

ZH — É possível identificar o policial que efetuou os disparos?

Fernandes — Sim, temos mecanismos para isso. Precisamos esclarecer os fatos, tanto para encontrar o autor dos disparos — que depois, se for o caso, poderá ou não ser punido pela Justiça — quanto para corrigir ações futuras da Brigada Militar. Nossa orientação é de que esses disparos sejam feitos da cintura para baixo. Precisamos entender por que o rosto do rapaz foi atingido, se ele estava abaixado ou não. Tudo isso o inquérito vai apurar.

ZH — Em quanto tempo o senhor terá uma resposta?

Fernandes — Dentro de 30 ou 40 dias, já teremos uma reposta do encarregado pelo inquérito.

ZH — E quem será o encarregado?

Fernandes — Não está definido. A Corregedoria-Geral da Brigada está avaliando esta indicação. Provavelmente, como normalmente ocorre, será um integrante do batalhão envolvido no episódio (foi o 11º Batalhão de Polícia Militar que atuou no confronto em frente à Arena, onde Evandro foi atingido).

ZH — Não pode haver parcialidade em uma apuração coordenada por alguém que trabalha na mesma unidade do autor dos disparos?

Fernandes — Poder, pode, mas a decisão final é do comandante. Determinei que a corregedoria acompanhe todo o inquérito. Via de regra, a Brigada tem atuado de maneira muito transparente e eficaz nesses episódios. Não há qualquer intenção de acobertar ninguém e, caso isso ocorra, a corregedoria vai identificar e eu vou intervir. Para esclarecer esse episódio e identificar as responsabilidades, não vamos desviar o foco em nenhum momento.

ZH — O senhor se comunicou com a família de Evandro?

Fernandes — Estamos solidários e à disposição da família. Se (os familiares) quiserem procurar o Comando da Brigada Militar, estaremos dispostos a prestar qualquer esclarecimento. Mas sei que este momento é muito pessoal, é um momento de dor, não gostaria de intervir. É um episódio também lamentável para os servidores envolvidos na operação. Os policiais jamais gostariam de atingir um inocente, de provocar esse tipo de situação.

Fonte: Paulo Germano | ZHESPORTES

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