segunda-feira, 17 de junho de 2013

"Se a criança estiver morta é porque eu matei meu filho", diz mãe suspeita de jogar filho recém-nascido no vaso sanitário em Santiago

Polícia Civil investiga se bebê teria sido entregue em suposto esquema de adoção ilegal

   Foto:  Jean Pimentel  /  Agencia RBS


A jovem de 25 anos que deu à luz um bebê em Santiago e é suspeita de jogar o recém-nascido em um vaso sanitário falou com o Diário na tarde do último sábado. Ela está sendo investigada pela Polícia Civil por infanticídio. Há suspeitas de que ela tenha participado de um suposto esquema de adoção ilegal em Santiago. Confira trechos da entrevista:

Diário de Santa Maria _ O que ocorreu no dia do parto?
Mãe
 _ Estava na casa da minha mãe sozinha. Comecei a sentir as dores e perder líquido. Não sabia o que fazer. Fui para a casa onde morava antes, que estava vazia. Entrei pela porta da frente, fui até o quarto, estendi um lençol no chão, deitei nele e ganhei o bebê. A criança saiu com a placenta, cordão umbilical e tudo. Enrolei  ela no lençol, coloquei no vaso e fechei a tampa. Coloquei uma roupa e vim para cá de volta (casa da mãe dela). Pensei que se fosse para o hospital com quem ficariam meus outros filhos.

Diário _ Por que você colocou o bebê no vaso?
Mãe
 _ Porque eu não sabia o que fazer com a criança. E se chamam a polícia e vou presa. Aí meus filhos ficariam e eu perderia todos eles (são cinco, de 9 anos, 8, 4, 2 e a última de um ano e um mês)

Diário _ Alguém sabia da gravidez?
Mãe
 _ Não. Me perguntavam, eu negava. Dizia que era gordura. Não fiz pré-natal. Só o pai da criança sabia e me abandonou. Mas ele negou na polícia.

Diário _ Percebeu se a criança estava viva, se era menino ou menina?
Mãe
 _ Ela deu um chorinho mínimo. Não olhei para a criança.

Diário _ Quando você voltou à casa?
Mãe
 _ No dia seguinte. A ponta do lençol estava lá, mas não tive coragem de abrir o vaso.

Diário _ Sabe quem poderia ter pego o bebê?
Mãe
 _ Não. Se soubesse acha que eu ia pagar uma culpa sozinha?

Diário _ Você não pensou em dar o bebê ou tentar criar?
Mãe
 _ Pensei. Mas pensei: vou pedir ajuda para quem?. Se peço, me denunciam que deixei os outros sozinhos.

Diário _ Você tinha intenção matar o bebê?
Mãe
 _ Não. Como criei os outros podia ter criado esse. Também pensei em dar para alguém ou deixar no hospital. Acho que fiz isso porque minha mãe não estava em casa.

Diário _ Você se arrependeu?
Mãe
 _ Sim, se pudesse voltar atrás fazia tudo diferente. Fazia o pré-natal, ia no hospital ganhar e teria ficado com essa criança e criado. Não tinha feito nada disso. Estou bem arrependida mesmo.

Diário _ Como você tem vivido nos últimos dias?
Mãe
 _ Tem dias que eu não durmo pensando. Nem eu entendi até agora porque fiz isso. Essa criança podia estar comigo, sob meus cuidados.

Diário _ Você tem consciência que pode responder pela morte do seu filho? Por que assumiu?
Mãe
 _ Tenho sim. Eu sei que fiz errado. Assumi porque me denunciaram. Se a criança estiver morta é porque eu matei meu filho, meu sangue.

Diário _ Surgiu a possibilidade de que a criança estivesse viva? Você acredita nisso?
Mãe
 _ Não.

Diário _ Você vendeu ou deu o seu filho para alguém?
Mãe
 _ Não. Até disseram que eu estaria pagando advogado com o dinheiro da venda criança. Mas a minha mãe tirou empréstimo no banco para pagar, levamos os papéis na delegacia.

Diário _ E a história da fogueira..
Mãe 
_ Uma vizinha disse que estávamos queimando a criança. Os ossos que queimamos eram resto de um churrasco e uns móveis e lixos.

Fonte: Lizie Antonello | DIÁRIO DE SANTA MARIA

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