sábado, 15 de junho de 2013

Moradores de prédio construído para desabrigados de 2008 em Blumenau sofrem com rachaduras e ameaça de deslizamento

Relatório da Diretoria de Geologia da prefeitura indicou interdição de lotes acima do terreno do condomínio


   Prédio está cheio de rachaduras - Artur Moser / Agencia RBS


Três casas perdidas por enchentes e deslizamentos fizeram Zulema de Almeida aprender uma lição:

– Com a natureza não se brinca. 

Na última vez em que perdeu a residência, Zulema morava na Rua Pedro Krauss Sênior, no Bairro Vorstadt, em Blumenau. Após a tragédia de 2008, ela foi beneficiada com um apartamento do Programa Minha Casa Minha Vida, construído para os desabrigados do desastre, e se mudou para o Residencial Morada das Figueiras, no Bairro Passo Manso. 

Crente de que estava livre da ação da natureza, a dona de casa se vê, mais uma vez, refém das chuvas. Um relatório da Diretoria de Geologia da prefeitura apontou que o bloco quatro do residencial, justamente onde Zulema mora, é ameaçado por um possível deslizamento do terreno que fica ao lado do prédio. Em 2011, uma moto ficou soterrada quando houve um desbarrancamento no local.

— Ficamos com medo. Se soubesse que meu apartamento ficaria ao lado deste terreno, não teria escolhido ele — lamenta.

No relatório, técnicos indicaram que os lotes que ficam acima do terreno, ou seja, no lado oposto ao bloco de Zulema, devem ser interditados. O setor de Geologia recomendou que seja feito um trabalho de drenagem na área onde há risco de deslizamento para evitar novas ocorrências. Sexta-feira à tarde, o secretário de Defesa do Cidadão, Marcelo Schrubbe, afirmou que a Defesa Civil recebeu o documento que aponta o problema e considera a área de alto risco. Segundo ele, a construtora Bairro Novo se prontificou a apresentar um cronograma de obras para a drenagem do terreno em 15 dias. 

Não bastasse o risco de deslizamento no bloco quatro, problemas estruturais revoltam os moradores do Residencial Morada das Figueiras. Inaugurados há dois anos, os prédios apresentam rachaduras e umidade. Presidente do Conselho do Condomínio, Joni Cristiano Goll Tonet apontou que os blocos dois, quatro, seis e sete são os mais críticos. Nas escadas e paredes, há fendas e ferros expostos. 

— A justificativa da empresa é que o prédio está trabalhando. Mas até quando? As marcas são bem visíveis — afirmou Tonet.

Rachaduras aparecem no relatório feito pela prefeitura 

As falhas também foram apontadas pelo relatório da Geologia da prefeitura. Na visita da equipe, dia 28 de maio, os técnicos presenciaram “finas rachaduras verticalizadas” em paredes de diversos apartamentos. Diante disso, e dos outros problemas, o relatório recomendou a “extrema necessidade e urgência” da análise de estabilidade dos prédios sob os aspectos estruturais.

Na questão geológica, não foram apontadas alterações. Por isso, a Diretoria de Geologia pediu que seja feita a avaliação da estabilidade estrutural para analisar a possibilidade de que os problemas tenham origem construtiva.

Fonte: Ânderson Silva | JORNAL DE SANTA CATARINA

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