Pai e padrinho tentaram salvar Ana Clara quando ela foi foi levada pela correntezaFoto: Ana Paula de Andrade/Folha de Candelária / Especial
Logo após chegar a Candelária, no Vale do
Rio Pardo, Leonor Cecília Pedroso Soares, 40 anos, perdeu o marido, uma filha
de 13 anos e o sócio. Os três morreram afogados no Rio Pardo. Os corpos foram
encontrados nesta quinta-feira, elevando para 152 o número de mortes por
afogamento no Estado neste ano e superando o total registrado durante todo o
ano passado. Quase metade dos casos ocorreu em rios.
— Eu perdi tudo. Não faço ideia do que vou
fazer agora. Estou sem família e sem sócio. Estou perdida — resume Leonor, dona
de uma serralheria na Capital.
Fazia apenas duas horas que a família
havia chegado de Porto Alegre, para um passeio em Candelária, quando a tragédia
aconteceu. Estabeleceram-se na casa de uma tia da empresária, em Vila Passa
Sete, no interior do município, por volta das 17h de quarta-feira. Em seguida,
Leandro Souza Soares, 41 anos, e Carlos Elias Ribeiro, 57 anos, saíram para
pescar. Sem energia elétrica em razão do temporal, Leonor e os tios ficaram
tomando chimarrão. Ana Clara Pedroso Soares, 13 anos, a irmã Manuela, quatro
anos, e o primo João Vitor Dotz, 11 anos, foram até a beira do rio sob a
orientação de não entrar na água. Mas o trio acabou entrando.
Por volta das 19h, Ana Clara foi levada
pela correnteza. Padrinho da garota, Ribeiro se atirou na água para tentar
salvá-la, mas não conseguiu. O pai, mesmo sem saber nadar, também se jogou na
esperança de ajudar. Minutos depois, os três desapareceram.
— Meu sobrinho veio correndo avisar.
Quando chegamos lá, ainda vi meu marido e minha filha lutando para sobreviver.
Logo depois, sumiram. Foi horrível — lembra Leonor.
Por volta das 8h30min de ontem, veio a
notícia de que a filha havia sido encontrada morta. Meia hora depois, os
bombeiros localizaram o marido, que era vigilante. Às 12h30min, foi a vez do
corpo compadre e sócio na serralharia ser achado.
Quase metade das mortes ocorre em rios.
As 152 mortes por afogamento em 2012 já
superam o número registrado em todo o ano passado, quando morreram 149 pessoas.
Em 2010, foram 189 casos. Somente neste ano, 48% dos afogamentos foram em rios,
com 73 casos.
— Rios são sempre perigosos. O Rio Pardo,
então, é ainda pior, porque ele foi todo alterado após a grande enchente de
2010. Mesmo quem mais conhece o local corre o risco de se afogar — comenta o
bombeiro voluntário de Candelária, Juvenil da Silva Bernhard.
A adolescente Ana Clara Pedroso Soares
estava em um local onde a profundidade era de menos de um metro. No entanto, a
cerca de 20 passos, o poço onde ela desapareceu tinha em torno de quatro metros
de profundidade.
— Somando isso à chuva, que faz aumentar a
correnteza e escurece o rio, o horário de pouca claridade e a falta de
equipamentos de proteção, tinha tudo para dar errado — conclui Bernhard.
Durante o ano, não há salva-vidas nos rios
e balneários do interior do Estado. A partir do próximo dia 21, a Operação
Golfinho vai guarnecer cinco balneários do Vale do Rio Pardo, no entanto,
nenhum deles fica à beira do Rio Pardo. Todos são banhados pelo Rio Jacuí.
Dicas de segurança
l Nunca superestime a
sua capacidade de nadar
l Se for nadar, evite
a ingestão de bebidas alcoólicas
l Não faça refeições
pesadas antes de entrar na água
l Evite nadar durante
a noite ou em locais isolados
l Respeite as placas
que sinalizam locais impróprios para banho
l Não nade após
exercícios
l Seja cauteloso e
verifique a profundidade e a correnteza do local de banho antes de cair na água
l Mesmo que você saiba
nadar, use coletes salva-vidas em balneários e rios
l Matricule as
crianças em aulas de natação. Se você não sabe nadar, matricule-se também
Se alguem estiver se
afogando
l Ligue para os bombeiros,
no 193
l Não tente salvar
alguém se há risco à sua segurança
l Se dominar a
natação, entregue algo que flutue para a pessoa que está se afogando
l Se não souber nadar,
não entre na água. Tente jogar uma corda ou uma boia para perto de quem está se
afogando
Se você estiver se
afogando
l Se caiu em alguma
situação de risco, mantenha a calma
l Se não souber nadar,
tente boiar ficando com a cabeça para fora da água
l Se souber nadar,
dirija-se para um local seguro ou até o ponto fixo mais próximo
l Em hipótese alguma
nade contra a correnteza. Sempre a favor dela
Fonte:
Vanessa Kannenberg / ZERO HORA
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