domingo, 30 de dezembro de 2012

Prefeito de Cotiporã apela para libertação de reféns por quadrilha na Serra

Criminosos que explodiram fábrica estariam mantendo nove pessoas como escudo humano em matagal
   Criminosos que explodiram fábrica estariam mantendo nove pessoas como escudo humano em matagal
   Crédito: Fabiano do Amaral

     Com pouco mais de 4 mil habitantes, a cidade de Cotiporã, na Serra, está "unida torcendo por um desfecho feliz", afirmou na tarde deste domingo o prefeito Constante David Bianchi (PMDB), que apelou por uma libertação pacífica das vítimas. Pelo menos oito moradores da cidade e mais uma mulher, natural de Porto Alegre, estariam sob a mira de criminosos que tentaram assaltar a fábrica de joias Guindani com o uso de explosivos, durante a madrugada. 

     O 
cerco ocorre em uma área de mata fechada da região. Entre os reféns, há duas crianças - uma de 10 e outra de 11 anos –, três homens, duas mulheres de uma casa atacada antes da fábrica, além de outras duas jovens que foram abordas em um bar da cidade. Conforme relatos da Brigada Militar, ao menos cinco bandidos fizeram as pessoas reféns e trocaram tiros com a Brigada Militar. No confronto, três criminosos morreram, incluindo o procurado número um da Polícia gaúcha, Elisandro Rodrigo Falcão.

     Em nome da comunidade, o prefeito Bianchi apelou para que as vítimas sejam liberadas com vida. “Passado esse trauma maior do assalto, o momento é de muita ansiedade para que as vítimas envolvidas saiam bem e possam continuar convivendo no nosso meio e na nossa comunidade. Este é um momento em que todo mundo está torcendo e rezando”, frisou.

     Conforme o chefe do Executivo, essa foi a terceira tentativa de assalto à fábrica de joias. Cerca de quatro meses atrás, uma ação criminosa foi frustrada pela Polícia. Os objetos roubados, avaliados em R$ 200 mil, foram recuperados pela BM. A mata onde os criminosos se esconderam fica na região Sul de Cotiporã, em direção a Bento Gonçalves. Há dois acessos para a localidade - por uma ponte ou pelo rio das Antas, explicou Bianchi.

     A polícia garante que todos os corredores que possibilitariam a saída do matagal estão bloqueados pelas forças do Batalhão de Operações Especiais (BOE). Dezenas de policiais participam do cerco à quadrilha e buscas são feitas com cães farejadores e helicóptero, mas o matagal cerrado impede um monitoramento direto da situação de reféns e bandidos. “É uma mata densa, um local de difícil comunicação. Mas fechamos todas as saídas”, disse o coronel Altair de Freitas. “Os criminosos estão armados com fuzis”. Freitas disse que o cerco será mantido até a captura dos bandidos e a libertação dos reféns. 

Assalto frustrado

     Na madrugada deste domingo, três criminosos morreram ao trocarem tiros com a polícia após usarem explosivos para arrombar uma fábrica de joias. A polícia confirmou que um deles é Elisandro Rodrigo Falcão, o bandido mais procurado do Rio Grande do Sul. Ele foi baleado no rosto ao tentar ultrapassar uma barreira policial. Segundo a BM, Falcão estava fortemente armado, com colete e luvas. Os outros dois bandidos mortos teriam sido identificados como Sergio Antonio Ritter e Paulo César da Silva. Dois policiais ficaram feridos na ação. De acordo com o coronal Altair de Freitas, um passa bem após ser atingido na perna. Já o outro foi alvejado no braço e passa por uma cirurgia.

     A polícia estima que até dez bandidos, inclusive mulheres, tenham participado do ataque, por volta das 2h. No final da madrugada, o Grupo de Ações Táticas Especiais da Brigada Militar (Gate) chegou à cidade para ajudar nas buscas e explodir quilos de dinamite encontrados com os bandidos. Técnicos do Instituto Geral de Perícias (IGP) tentam localizar indícios que contribuam para a identificação dos assaltantes foragidos. Dois sacos com joias levados pela quadrilha foram recuperados.

     Para a Polícia Civil (PC), Falcão era um dos líderes da quadrilha responsável por 90% dos ataques a bancos com o uso de explosivos no Estado em 2012. No último dia 22, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) prendeu três integrantes do grupo.

     Conforme a Delegacia de Repressão de Roubos a Bancos do Deic, o bando foi o responsável crimes em cidades como Fagundes Varela, Guaporé, Canguçu, Torres, Antônio Prado e Sombrio, em Santa Catarina, além da investida contra caixas eletrônicos da Caixa Econômica Federal no Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), no dia 20, em Porto Alegre.

     Os alvos eram preferencialmente agências do Banco do Brasil. As localidades a serem atacadas eram escolhidas levando em conta o conhecimento que o grupo tinha da região e pelo menor efetivo policial nas cidades do Interior. Os explosivos utilizados eram desviados de pedreiras e prefeituras ou trazidos de países vizinhos.

     Além do dinheiro proveniente dos ataques a bancos, o grupo chegou a praticar roubo de cargas para possibilitar a aquisição de forte armamento como fuzis AK-47, M16, AR-15, 762.

Com informações de Paulo Roberto Tavares e Samuel Vettori.

Fonte: Lucas Rivas / Rádio Guaíba
Atualizado em 30/12/2012 17:10

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