"Eu tenho muito ódio e quero justiça", diz Patrícia, filha da idosa mortaFoto: Fernando Gomes / Agencia RBS
Vitória. Era por este apelido que
Zilá Maria Ferreira Holst era conhecida entre familiares e amigos, dada a
disposição e obras de caridade que fazia desde sempre. A mulher de 68 anos
morta com pelo menos dois tiros na cabeça na noite de domingo, no bairro
Restinga, na Capital, em uma tentativa de assalto,
reunia histórias de disposição e solidariedade.
— Vivia com pena de tudo e todos. Parava
nas esquinas para conversar com os pedintes, sempre levando a palavra de Deus.
Ela não tinha medo de nada — disse uma amiga.
Zilá
era conhecida pelo jeito carinhoso
com que lidava com pessoas carentes
com que lidava com pessoas carentes
Zilá, natural de Rio Grande, e o marido
Alfred Holst, 69 anos, de Hamburgo, na Alemanha, que morava no Brasil há
mais de 40 anos, eram aguardados em um condomínio da zona sul de Porto Alegre,
onde residem as três filhas da idosa.
— Estávamos preparando a janta. Ela tinha
ligado, dizendo que estavam chegando. Demorou um pouco e nada deles. A próxima
ligação foi a de um policial, falando o que havia acontecido — contou a filha
mais velha Patrícia Jelenski Weber, 45 anos.
A primogênita, que realiza trabalhos voluntários
na Restinga, falava inconformada sobre a história:
— Eu conheço cada rua, cada beco daquele
bairro. Orientamos e acolhemos aquelas famílias e olha só como somos
retribuídos. Eu tenho muito ódio e quero justiça.
O casal morava há cerca de 20 anos em
Salinas, balneário do Litoral Norte, mesma época em que se aposentou e que
firmou a união. Buscavam o sossego. Vinham para Porto Alegre em datas
comemorativas.
Como de costume, era a matriarca quem
estava na direção da EcoSport do casal. Eles trafegavam pela Estrada João
Antônio da Silveira na noite de domingo, abafada e que ainda apresentava
movimento.
Por volta das 22h40min, um Marea teria se atravessado no meio da rua e pedido para que encostassem. Estavam a menos de 10 quilômetros da Juca Batista, seu destino final, onde a família discutia os detalhes da festa de Natal, que reuniria 16 convidados, incluindo filhas, genros, netos e a bisneta de Zilá.
Por volta das 22h40min, um Marea teria se atravessado no meio da rua e pedido para que encostassem. Estavam a menos de 10 quilômetros da Juca Batista, seu destino final, onde a família discutia os detalhes da festa de Natal, que reuniria 16 convidados, incluindo filhas, genros, netos e a bisneta de Zilá.
— O que eu vou dizer para as crianças
agora. Elas estavam esperando o Papai Noel e terão de conviver com uma desgraça
dessas — emendou Patrícia.
Zilá não reagiu, segundo testemunhas, mas
teria se atrapalhado na hora de tirar o cinto de segurança. Segundo o que
Alfred relatou à família, quando foram abordados pelos bandidos, Zilá foi
reduzindo a marcha calmamente até parar o carro e entregá-lo. Neste momento,
uma pessoa gritou "mata, mata". Foi aí que os tiros foram desferidos.
A EcoSport teria caído no barranco. Alfred
conseguiu fugir para o matagal. Após a investida frustrada, os criminosos
abordaram um Clio que estava passando por ali, a cerca de 20 metros, e tentaram
fugir.
Nisso, o soldado Thomas Jacobsen de
Oliveira, da 2ª Cia do 21° BPM estava com os colegas atendendo uma ocorrência
de perturbação de sossego nas proximidades. Escutou pelo rádio sobre o assalto.
Minutos depois chegaram ao local, enquanto os bandidos fugiam com o Clio.
Abordados pela viatura, chegaram a andar
cinco metros, mas perderam o controle do veículo e bateram em um poste. Dois foram presos em flagrante e levados para a Área Judiciária do
Palácio da Polícia. Com eles, foi apreendida uma arma calibre .38.
A delegada Liliane Pasternak Kramm vai indiciá-los por latrocínio e, na manhã desta segunda-feira, pediu a prisão preventiva dos suspeitos. Os dois foram encaminhados ao Presídio Central. Um terceiro indivíduo foi localizado em seguida. Menor de idade, seguiu para o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca).
A delegada Liliane Pasternak Kramm vai indiciá-los por latrocínio e, na manhã desta segunda-feira, pediu a prisão preventiva dos suspeitos. Os dois foram encaminhados ao Presídio Central. Um terceiro indivíduo foi localizado em seguida. Menor de idade, seguiu para o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca).
De acordo com a polícia, a ação da
quadrilha teria se iniciado, segundo a Polícia Civil, com o roubo do Marea
usado no assalto que vitimou Zilá. O veículo teria sido roubado por volta das
22h15min, quando os proprietários chegavam em casa na Lomba do Pinheiro, por
dois indivíduos em uma moto. Os criminosos teriam ido até a Restinga, onde
fizeram as outras duas abordagens.
Testemunhas afirmam que a quadrilha era
composta por cinco homens. Dois teriam conseguido escapar em um carro de cor
prata. O corpo de Zilá foi liberado do Departamento Médico Legal (DML) por
volta do meio-dia e será velado no Cemitério São Miguel e Almas, na
Capital, mas ainda não foi definido o horário.
O marido de Zilá se recupera na casa de uma das enteadas. Segundo a família está em estado de choque e pouco fala sobre o acontecido. Alfred deve prestar depoimento ainda esta semana, segundo a delegada.
O marido de Zilá se recupera na casa de uma das enteadas. Segundo a família está em estado de choque e pouco fala sobre o acontecido. Alfred deve prestar depoimento ainda esta semana, segundo a delegada.
Dois
suspeitos foram presos em flagrante e um adolescente, apreendido
Fonte:
Kamila Almeida / ZERO HORA
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