Foto: Marcelo Oliveira / Agencia RBS
Os próximos quatro dias exigirão atenção
redobrada dos pais que têm filhos adolescentes. Um levantamento feito pelo
Serviço de Investigação de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, órgão ligado
à Delegacia de Polícia para Crianças e Adolescentes Vítimas de Delitos (Dpcav),
aponta que, entre o Natal e de Réveillon, o número de desaparecimentos triplica
em relação a outros feriados.
Duas
épocas são as campeãs
No feriadão de Natal deste ano, foram 16
desaparecimentos de crianças e de adolescentes somente na Capital. O número foi
igual nos mesmos quatro dias de 2011. Num final de semana comum, a média é de
cinco sumiços.
- A tendência é que estes números aumentem
no Réveillon - relata o escrivão Julio Fraga.
Julio afirma que a maior parte dos casos
envolve adolescentes fujões, entre 13 e 15 anos, que reaparecem dias depois.
Correm riscos ao saírem de casa em busca de aventuras ou por causa de um namoro
proibido pelos pais.
- Querem algo novo, fugir das regras
impostas pela família. Depois, se arrependem e regressam - conta o escrivão.
"Me
dizia tudo o que fazia"
O fim do ano letivo, a partir da segunda
quinzena de dezembro, marca a decisão dos fujões. E a internet é apontada como
o meio mais usado para planejar fugas. Foi o caso das amigas Sabrina Correa
Souza, 14 anos, e Gabrielle Martins Vianna, 15 anos, do Morro Santana, na
Capital.
- Jamais imaginei que ela seria capaz de
nos deixar. Ela tinha liberdade, mas me dizia tudo o que fazia - lamentou a
doméstica Maria Eloá Correa, de 50 anos, mãe de Sabrina.
Se liguem,
pais
Dicas do
Deca
-
Desconfie sempre do filho. Principalmente, do adolescente. É melhor ser chato
do que negligente.
-
Demonstrar ansiedade, ficar calado demais ou mudar a rotina são sinais que o
filho pode estar planejando algo.
- Conheça
os amigos do seu filho e os pais deles.
- Quando
um amigo for convidado pelo seu filho para dormir em casa, peça o telefone dos
pais dele.
- Crianças
que usam redes sociais devem ter as senhas compartilhadas com os pais.
PLANO
TRAÇADO POR MENSAGENS NA INTERNET
Desaparecidas há nove dias, as estudantes
do oitavo ano Sabrina Correa Souza, 14 anos, e Gabrielle Martins Vianna, 15
anos, usaram a internet para planejar a fuga, segundo investigadores do Deca.
Sem mudarem a rotina, traçaram o plano em
trocas de mensagens pelo Facebook. Na noite anterior ao sumiço, Sabrina ajudou
a mãe a montar o roupeiro no quarto que acabara de ganhar, reformado.
Ela e a amiga sumiram na manhã do dia 19.
As duas teriam sido vistas por uma amiga em um ônibus no Bairro Rubem Berta.
Porém, não deram retorno aos pais. Desesperados, familiares espalham cartazes
com foto das duas gurias pelo bairro, em ônibus e no comércio.
- Ela estava entusiasmada porque pintaria
o quarto de lilás, como sempre pediu. Jamais demonstrou que estava insatisfeita
com algo. Não conseguimos acreditar que ela nos deixou - desabafou a irmã de
Sabrina, Edneia Correa, 19 anos.
Se souber do paradeiro delas, ligue para 0800-642-6400.
"A
tal liberdade vem parar na delegacia"
Psicóloga e investigadora de polícia do
Deca, Suzana Braun afirma que os pais confundem liberdade com ausência paterna.
O resultado da falta de conhecimento sobre o filho, geralmente, é o
desaparecimento.
- Os pais devem responder diversas vezes
ao dia a três questões: onde está, com quem e o que está fazendo o meu filho?
Não significa aprisioná-lo. Seja criança ou adolescente, ele precisa estar
protegido pelos pais - diz a psicóloga.
Suzana reforça que o diálogo desde a
infância é a melhor forma de manter o filho seguro. Pais que se calam a partir
da adolescência acabam perdendo o controle.
- Não existe esta história de que o filho
precisa de liberdade a partir da adolescência. Acaba que a tal liberdade dada
pelos pais vem parar na delegacia - resume Suzana.
Namoro
proibido provoca sumiço
Para manter o namoro proibido pela mãe,
Idolem Etiam Moura Oliveira, 16 anos, do Bairro Partenon, em Porto Alegre, saiu
de casa na tarde de 25 de dezembro.
Desde então, a mãe, Débora Ferreira,
peregrina em busca de pistas:
- A proibi de continuar namorando um rapaz
de 17 anos, e ela não aceitou. Fugiu sem pensar no sofrimento que isso
causaria.
Débora desconfia da participação do
namorado devido a uma mensagem de celular. Informações: 0800-642-6400.
Fonte: Aline Custódio / DIÁRIO GAÚCHO
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