segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Morre, aos 91 anos, Paixão Côrtes

Compositor, folclorista, radialista e pesquisador da cultura gaúcha estava internado desde julho

Paixão Côrtes está eternizado na memória dos gaúchos | Foto: José Ernesto / CP Memória
   Paixão Côrtes está eternizado na memória dos gaúchos | Foto: José Ernesto / CP Memória

Morreu aos 91 anos o compositor, folclorista, radialista e pesquisador da cultura gaúcha João Carlos D'ávila Paixão Côrtes. Ele estava internado desde 18 de julho no Hospital Ernesto Dornelles, onde passou por cirurgia no fêmur. O folclorista faleceu em decorrência de complicações da cirurgia no fêmur a que foi submetido. No começo do ano, ele deu entrada na mesma casa de saúde, onde ficou internado por quatro meses devido a um quadro de diverticulite.

Natural de Santana do Livramento, o engenheiro agrônomo por formação foi dedicado pesquisador da cultura, hábitos e costumes populares do Rio Grande do Sul e do Brasil, os quais registrou em dezenas de publicações e discos. Serviu de modelo, em 1954, para a Estátua do Laçador, obra do escultor Antônio Caringi instalada na zona Norte da Capital e escolhida, em 1992, símbolo de Porto Alegre. Paixão Côrtes nasceu em 12 de julho de 1927. Teve sua vida profissional ligada à Secretaria da Agricultura do Rio Grande do Sul, onde desenvolveu trabalhos relacionados com a ovinotecnia, com destaque para a introdução da tosquia australiana e a tipificação de carcaças.


Em julho do ano passado, o folclorista anunciou em carta seu afastamento da vida pública. O texto escrito por seu filho Carlos detalhou momentos importantes da vida de Paixão Côrtes, como em 1947, quando liderou os estudantes que fundaram o Departamento de Tradições Gaúchas do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos em Porto Alegre, célula-mater do Movimento Tradicionalista Gaúcho. "Esse núcleo estudantil foi o centro agregador para um grupo de jovens que protagonizaram pioneiramente momentos marcantes na história do tradicionalismo", destaca a carta.

Especial 90 anos

O folclorista participou ainda de uma série de solenidades culturais e cívicas que deram origem aos símbolos da Chama Crioula e do Candeeiro Crioulo e que inspiraram a criação da Semana Farroupilha, além de ajudar na fundação do “35 Centro de Tradições Gaúchas”, o primeiro CTG. Recebeu a Medalha Negrinho do Pastoreio como reconhecimento por serviços prestados à cultura e a Medalha Assis Brasil em destaque por seu trabalho em prol da agropecuária.

Profissionalmente realizou cursos sobre tradição, folclore e danças tradicionais, ensinou professores em especializações em faculdades, realizou espetáculos de danças e, como radialista, utilizou seus programas, ao longo de quatro décadas para propagar seus estudos e para oportunizar espaço para manifestação da cultura popular do homem do campo. Seu trabalho deu origem aos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e consequentemente ao Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).


Correio do Povo

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