Paixão Côrtes está eternizado na memória dos
gaúchos | Foto: José Ernesto / CP Memória
Morreu aos 91 anos o compositor, folclorista,
radialista e pesquisador da cultura gaúcha João Carlos D'ávila Paixão Côrtes.
Ele estava internado desde 18 de julho no Hospital Ernesto Dornelles, onde
passou por cirurgia no fêmur. O folclorista faleceu em decorrência de
complicações da cirurgia no fêmur a que foi submetido. No começo do ano, ele
deu entrada na mesma casa de saúde, onde ficou internado por quatro meses
devido a um quadro de diverticulite.
Natural de Santana do Livramento, o engenheiro
agrônomo por formação foi dedicado pesquisador da cultura, hábitos e costumes
populares do Rio Grande do Sul e do Brasil, os quais registrou em dezenas de
publicações e discos. Serviu de modelo, em 1954, para a Estátua do Laçador,
obra do escultor Antônio Caringi instalada na zona Norte da Capital e
escolhida, em 1992, símbolo de Porto Alegre. Paixão Côrtes nasceu em 12 de
julho de 1927. Teve sua vida profissional ligada à Secretaria da Agricultura do
Rio Grande do Sul, onde desenvolveu trabalhos relacionados com a ovinotecnia,
com destaque para a introdução da tosquia australiana e a tipificação de
carcaças.
Em julho do ano passado, o folclorista anunciou
em carta seu afastamento da vida pública. O texto escrito
por seu filho Carlos detalhou momentos importantes da vida de Paixão Côrtes,
como em 1947, quando liderou os estudantes que fundaram o Departamento de
Tradições Gaúchas do Grêmio Estudantil do Colégio Júlio de Castilhos em Porto
Alegre, célula-mater do Movimento Tradicionalista Gaúcho. "Esse núcleo
estudantil foi o centro agregador para um grupo de jovens que protagonizaram
pioneiramente momentos marcantes na história do tradicionalismo", destaca
a carta.
Especial 90 anos
O folclorista participou ainda de uma série de
solenidades culturais e cívicas que deram origem aos símbolos da Chama Crioula
e do Candeeiro Crioulo e que inspiraram a criação da Semana Farroupilha, além
de ajudar na fundação do “35 Centro de Tradições Gaúchas”, o primeiro CTG.
Recebeu a Medalha Negrinho do Pastoreio como reconhecimento por serviços
prestados à cultura e a Medalha Assis Brasil em destaque por seu trabalho em
prol da agropecuária.
Profissionalmente realizou cursos sobre tradição,
folclore e danças tradicionais, ensinou professores em especializações em
faculdades, realizou espetáculos de danças e, como radialista, utilizou seus
programas, ao longo de quatro décadas para propagar seus estudos e para
oportunizar espaço para manifestação da cultura popular do homem do campo. Seu
trabalho deu origem aos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) e consequentemente
ao Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG).
Correio do Povo
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