Proprietários de cavalos e veterinários que
pernoitavam em barracas foram retirados de forma truculenta
Foto: Ariadne
Kramer / Especial / CP
Os criadores de equinos ameaçaram abandonar a
Expointer 2018 na manhã deste sábado, com a retirada dos cerca de 400 cavalos
de várias raças do Parque de Exposições Assis Brasil, em protesto contra o que
definiram como "ato truculento praticado pelo seguranças privados"
durante a madrugada. No entanto, voltaram atrás da decisão depois de uma reunião
com o presidente da Federação Brasileira das Associações de Criadores de
Animais de Raça (Febrac), Leonardo Lamachia. "Por volta das 3h, os
seguranças invadiram o Pavilhão dos Equinos e, de forma truculenta, retiraram
proprietários de cavalos e veterinários que pernoitavam, em barracas, nas baias
vazias", revelou Lamachia, que solicitou uma posição da direção do parque.
O diretor administrativo, Sandro Roberto Schlindwein, disse desconhecer o
ocorrido e adiantou que a ordem de intervenção dos seguranças terceirizados não
partiu da administração.
"A ação gerou revolta nos criadores que
realmente desejavam abandonar o local com seus animais", enfatizou
Lamachia, acrescentando que nunca ocorrera fato semelhante durante a exposição.
A criadora Fernanda Prates, do Centro Equestre Referencial, de Guaíba, disse
que os seguranças agiram intempestivamente. "Chegaram batendo nas baias,
obrigando criadores e veterinários deixassem o local. Alguns proprietários
estavam acompanhados dos filhos, que ficaram em pânico", revelou. Segundo
ela, a "operação" acabou por estressar os equinos. "Passamos o
resto da noite ao relento, no frio. Queriam que fôssemos para os alojamentos,
mas não deixamos nossos cavalos sozinhos", explicou.
Fernanda ainda informou que os seguranças
"foram mais incisivos" contra os criadores de Quarto de Milha e
Appaloosa. Quando chegaram nos corredores de acesso às baias das outras raças
teriam agido com menos rigor. "Muitos criadores deixaram de participar da
exposição porque a cada ano surge um fato desagradável", lamentou. Já a
vice-presidente da Associação Brasileira de Criadores de Cavalos Appaloosa,
médica veterinária Fabiana Feoli, proprietária do Centro de Treinamento M. F.
Horse, de Viamão, ficou revoltada. Ela dormia na baia ao lado de uma égua que
apresentava quadro de estresse, pertencente a um cliente, justamente com a
intenção de monitorar o animal. "Acordei assustada com os gritos e com a
luminosidade emitida pelas lanternas dos seguranças", recordou.
Enquanto ela pedia calma aos seguranças e
negociava a permanência no local, um dos homens chamou seu marido, o criador
Max Rochol, e outros criadores que se encontravam no pavilhão de
"meliantes". "Isso não tem cabimento", assinalou. Não
bastasse toda a confusão registrada na madrugada, no final da manhã Rochol foi
mais uma vez hostilizado por um segurança, que percorria o parque pilotando uma
motocicleta. "Aos gritos ordenou que era proibido montar a cavalo e mandou
eu descer e caminhar ao lado do animal", relatou. Os criadores de equinos revelaram
que permanecerão dormindo nas baias.
Luciamem Winck
Correio do Povo
Nenhum comentário:
Postar um comentário