Reunião foi marcada por tumultos, com empurrões
e agressões verbais envolvendo parlamentares, policiais da Câmara e
manifestantes da União Nacional dos Estudantes e da União Brasileira de
Estudantes Secundaristas, que protestavam contra a redução da maioridade penal
No momento mais tenso, a Polícia
Legislativa chegou a usar gás de pimenta para conter os manifestantes. Seis
pessoas foram atendidas no Departamento Médico da Câmara (Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados)
Tumultos marcaram a apresentação em comissão
especial do relatório sobre a proposta de emenda à Constituição (PEC) que prevê
a redução da maioridade penal, e um pedido de vista coletivo adiou a votação
da PEC para a próxima quarta-feira (17). A votação pelo Plenário da Câmara está
prevista para o dia 30 deste mês. Tanto na comissão especial quanto no
Plenário, a votação deverá ser fechada, sem acesso do público.
O relator da comissão
especial, deputado Laerte Bessa (PR-DF), apresentou substitutivo sobre
as propostas (PEC 171/93 e 36 apensadas) que tratam do tema. Em
seu texto, Bessa reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos, mas prevê um
referendo, nas próximas eleições (2016), para que a população confirme ou não a
mudança na Constituição.
Segundo a proposta
apresentada por Bessa, os maiores de 16 e menores de 18 anos devem cumprir as
penas em locais separados dos adultos, com objetivos voltados para a educação e
a ressocialização.
Gás de pimenta
Além do pedido de vista,
que já era esperado, também motivaram o adiamento da discussão e a votação da
proposta os tumultos com empurrões e agressões verbais envolvendo
parlamentares, policiais da Câmara e manifestantes da União Nacional dos
Estudantes e da União Brasileira de Estudantes Secundaristas, que protestavam
contra a redução da maioridade penal.
Os manifestantes
gritaram palavras de ordem em que pediam "mais escola e menos prisão"
e "para barrar a redução, ocupa a Esplanada". No momento mais tenso,
a Polícia Legislativa chegou a usar gás de pimenta para conter os manifestantes.
Seis pessoas foram atendidas no Departamento Médico da Câmara.
“Confusão orquestrada”
Para o relator, Laerte Bessa, a
confusão foi orquestrada: "Isso foi incentivado por alguns parlamentares a
entrar no plenário, a subir nas mesas e a agredir verbalmente alguns parlamentares
que estavam aqui para proceder uma votação que representa a maioria do povo
brasileiro".
Laerte Bessa propôs a redução de 18 para
16 anos da maioridade penal, com um referendo nas próximas eleições para que a
população confirme ou não o que for aprovado pelo Congresso. (Lucio Bernardo Jr. / Câmara dos Deputados)
Bessa afirmou que optou pela redução
da maioridade penal devido a fatores como:
- maior capacidade de compreensão dos adolescentes de 16 e 17 anos, nos dias atuais, em relação à ilicitude dos seus atos;
- entendimento de que a medida não afronta cláusula pétrea da Constituição ou qualquer tratado internacional de direitos humanos das crianças e dos adolescentes;
- os índices endêmicos de criminalidade no Brasil, inclusive os crimes praticados por adolescentes de 16 e 17 anos;
- a punição extremamente branda prevista na legislação em vigor;
- o legítimo anseio da população brasileira de que os adolescentes paguem uma pena proporcional à lesividade de suas condutas ilícitas; e
- a falência das políticas sociais adequadas à prevenção do crime, entre outros.
- maior capacidade de compreensão dos adolescentes de 16 e 17 anos, nos dias atuais, em relação à ilicitude dos seus atos;
- entendimento de que a medida não afronta cláusula pétrea da Constituição ou qualquer tratado internacional de direitos humanos das crianças e dos adolescentes;
- os índices endêmicos de criminalidade no Brasil, inclusive os crimes praticados por adolescentes de 16 e 17 anos;
- a punição extremamente branda prevista na legislação em vigor;
- o legítimo anseio da população brasileira de que os adolescentes paguem uma pena proporcional à lesividade de suas condutas ilícitas; e
- a falência das políticas sociais adequadas à prevenção do crime, entre outros.
Pressa
Antes do tumulto, deputados
contrários à proposta tentaram obstruir a reunião e se queixaram da
"pressa" em votar a matéria. Eles lembraram que a comissão especial
tem prazo de até 40 sessões para concluir os trabalhos, mas realizou, até
agora, apenas cerca de 20 sessões.
Dos 63 requerimentos de audiência
pública, apenas 12 foram efetivamente realizados, o que levou a deputada Maria
do Rosário (PT-RS) a afirmar que a "pressa" se devia à intenção do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha, de votar a proposta em Plenário até o dia
30.
"Estão propondo (a redução da
maioridade) sem que exista a possibilidade de que quem se opõe use a palavra”,
afirmou a deputada. “Esse é o presidente da comissão que está ali presidindo,
que, na semana passada, se comprometeu de ouvir a juventude e, uma semana
depois, mandado pelo presidente Eduardo Cunha, rompeu o compromisso que
assumiu, ali na frente, com os jovens e com a juventude negra brasileira."
Discussão antiga
Já os deputados favoráveis à redução
da maioridade penal argumentam que o tema está em discussão no Parlamento há
mais de 20 anos e é anseio da maioria da sociedade, "indignada" com
os crimes cometidos por adolescentes.
O presidente da comissão especial,
deputado André Moura (PSC-SE), adiantou que a reunião da próxima quarta terá
acesso restrito: "Nós deixamos a reunião aberta hoje para que pudesse ter
a participação de todos os que quisessem vir acompanhar os trabalhos da
comissão e, de forma respeitosa, se manifestar a favor ou contrário, mas,
infelizmente, aqueles que são contrários não tiveram esse respeito, e a baderna
fez com que a gente tivesse que suspender a reunião. Eu já anunciei que a
próxima sessão será fechada, somente com os deputados e a imprensa".
Quanto às audiências públicas
aprovadas, Moura afirmou ter alertado, desde o início dos trabalhos, que seria
impossível ouvir todos os listados em requerimentos dos parlamentares.
Reportagem
– José Carlos Oliveira
Edição – Newton Araújo
'Agência Câmara Notícias'
Edição – Newton Araújo
Nenhum comentário:
Postar um comentário