Após
a decisão do corpo clínico do Hospital de Caridade de Três Passos, de paralisar
os atendimentos ambulatoriais e eletivos pelo SUS, a partir da próxima
segunda-feira, dia 29 de junho (somente atendimentos de urgência e emergência
terão continuidade), a direção da casa hospitalar prestou alguns
esclarecimentos na manhã desta quinta-feira, através de coletiva de imprensa no
auditório do hospital.
O
presidente da instituição, Ademir Dreier, reconheceu o atraso nos repasses aos
médicos de valores referentes a procedimentos do SUS (Sistema Único de Saúde),
que somam 14 meses. “São valores que não repassamos diretamente ao médico,
ficando um passivo em torno de 16 a 20 mil reais por mês, totalizando R$ 262
mil de atrasados, no período de fevereiro de 2014 a maio de 2015, sendo que a
folha de pagamento dos médicos atinge de 650 a 700 mil reais por mês”, afirmou
Ademir Dreier, presidente do hospital.
Segundo
ele, em termos de salários, estão atrasados os pagamentos aos médicos
referentes aos meses de abril e maio, o que totaliza R$ 1,286 milhão. “Esse
atraso é motivado pelo não repasse do governo estadual anterior, de valores
referentes a outubro e novembro de 2014, somando R$ 1,037 milhão. Dinheiro que
não entrou na conta do hospital. Em maio deste ano, por exemplo, o Estado
repassou apenas 80% daquilo que foi prestado de serviços, o que representa R$
370 mil. De um total de aproximadamente R$ 900 mil que o hospital tem a
receber, resta um repasse de R$ 469 mil do Estado.”
De
acordo com os números apresentados por Ademir Dreier, o Estado estaria com uma
dívida de R$ 1,506 milhão com o hospital de Três Passos. Com esta dificuldade
financeira, a direção optou por manter a folha dos funcionários em dia,
atrasando os repasses referentes à remuneração dos profissionais médicos.
“Reconhecemos
como justa a reivindicação dos médicos, pois eles prestam serviços e também
precisam receber. A direção do hospital está apoiando a mobilização dos
médicos”, confirmou.
Cerca
de 15 médicos, de um total de praticamente 40 profissionais do corpo clínico,
estão com repasses atrasados há 14 meses. Os atrasos salariais, de abril e
maio, atingem a integralidade dos profissionais contratados pelo hospital.
Em março, nove funcionários foram demitidos
O
atual governo do Estado também cortou um repasse, denominado de Ihosp
(Incentivo Hospitalar), onde o Hospital de Caridade recebia R$ 103 mil mensais.
Com isso, a direção também teve de realizar demissões de funcionários, no mês
de março. Nove profissionais foram afastados.
O
presidente da entidade hospitalar não afastou a possibilidade de que novas
demissões ou pedidos de afastamento sejam efetivados nesse próximo período,
devido às dificuldades que permanecem no caixa da instituição.
Atualmente,
o déficit mensal do hospital de Três Passos está variando entre 300 e 400 mil
reais.
Profissionais pedem apoio e compreensão da comunidade
O
médico Silvio da Silva Neto, diretor clínico do Hospital de Caridade de Três
Passos, lamentou que o grupo de profissionais tenha de ter tomada essa medida
extrema de paralisação de atividades. Ele pediu a compreensão da comunidade e
reafirmou que trata-se de uma luta justa da classe, que vem tentando negociar o
pagamento dos atrasados, mas que não vem conseguindo observar avanços.
Ele
espera que as novas negociações entre a 19ª Coordenadoria Regional de Saúde,
com o governo do Estado, e a mobilização dos profissionais, com o apoio da
comunidade, possa sensibilizar as autoridades estaduais e nacionais para a
resolução desses problemas.
Fonte: Rádio Alto Uruguai
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