Médicos
que atendem no Hospital de Caridade de Três Passos, estão há 14 meses sem
receber por cirurgias e partos já realizados pelo SUS. Diante da situação, os
profissionais, apoiados pelo Sindicato Médico do RS (SIMERS), vão suspender
procedimentos eletivos (não urgentes) a partir da zero hora de segunda-feira,
dia 29 de junho. Em média, são feitas cerca de cem cirurgias mensais em
diversas especialidades no Hospital de Caridade, que soma 104 leitos, sendo 69
pelo SUS. A decisão foi anunciada para a diretoria do hospital em reunião na
noite de terça-feira.
A
direção do SIMERS esclarece que o hospital não respondeu até agora aos pedidos
para uma solução, por isso a medida é necessária. O quadro médico também não é
remunerado desde março pelos plantões presenciais no Pronto Socorro e na UTI e
de sobreaviso (quando o médico fica à disposição do hospital para ser
chamado a qualquer hora do dia em caso de urgência e emergência).
Para o presidente do sindicato médico do RS, Paulo Argollo Mendes, a recente e
alegada dificuldade financeira de hospitais filantrópicos não pode ser usada
para justificar este descaso com os profissionais em Três Passos.
Conforme
informações repassadas pelo SIMERS à imprensa, pelo Portal da Transparência do Estado,
o hospital de Três Passos recebeu R$
7.943.496,54, em 2014, e este ano os recursos somam R$ 4.457.163,49 até junho. Nos
últimos 18 meses, entraram nos cofres do Caridade cerca de R$ 12,5
milhões. “Queremos saber onde foram parar as verbas que deveriam estar
dando condições ao atendimento médico”, cobra Argollo. “A situação em Três
Passos é revoltante. Os médicos mantiveram os cuidados aos pacientes por
todo este tempo, mas agora chega. Estão trabalhando de graça, enquanto as
verbas são repassadas a hospital”, adverte Argollo.
O
dirigente destaca que a relação é do médico com o hospital. "A categoria
médica não vai mais aceitar ser prejudicada por eventual problema
entre as instituições e os governos, assim como é perfeitamente esperado que
alguém que faz seu trabalho seja remunerado em dia, pois os médicos têm seus
compromissos, pagam contas, têm família, sustentam consultórios onde outras
pessoas esperam salários", ressaltou o dirigente.
As
verbas são repassadas seguindo o modelo de contratualização (com valor global
para cobrir as despesas). O hospital recebe a verba e deve pagar os
prestadores. Antes disso, médicos recebiam pelo código 7 (diretamente da União).
Há alguns especialistas mais antigos no Caridade que estão no código 7 e
estão recebendo seus honorários.
Situação se agrava desde fevereiro
O
sindicato informa que, em fevereiro, notificou extrajudicialmente o Caridade
exigindo uma posição sobre os pagamentos. Em fim de maio, o SIMERS acionou
novamente o estabelecimento e preveniu que, sem nenhum aceno sobre
a quitação dos débitos, os serviços seriam suspensos em 30 dias. O prazo
se esgota à meia-noite de domingo, alerta a entidade médica. O segundo documento
também foi enviado para ciência do Ministério Público Estadual e dos gestores
do município, advertindo sobre os danos da conduta dos dirigentes hospitalares.
Nota oficial do SIMERS: ESCLARECIMENTO À POPULAÇÃO
Diante
do descaso da direção do Hospital de Caridade de Três Passos, o
Sindicato Médico do Rio Grande do Sul informa:
1. Os médicos do Corpo Clínico do Hospital de Caridade estão há
14 meses sem receber pelos procedimento do SUS, e, desde março, pelos plantões
de sobreaviso, Pronto Socorro e UTI.
2. Em fevereiro, o SIMERS notificou extrajudicialmente o
hospital para o pagamento dos atrasados, reajuste dos valores e legalização dos
contratos, mas até hoje não obteve resposta.
3. Nova notificação foi feita em fim de maio, com
aviso prévio de 30 dias.
Como o hospital se nega a negociar para regularizar a situação, os procedimentos eletivos pelo SUS serão suspensos a partir da zero hora do dia 29, próxima segunda-feira.
Como o hospital se nega a negociar para regularizar a situação, os procedimentos eletivos pelo SUS serão suspensos a partir da zero hora do dia 29, próxima segunda-feira.
A Verdade faz bem à Saúde.
Dr. Paulo de Argollo Mendes
Presidente
Dra. Maria Rita de Assis Brasil
Vice-presidente
*Com informações do SIMERS (Sindicato Médico do Rio Grande do Sul)
Rádio Alto Uruguai
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