1.Acreditamos
que o assunto de maior prioridade são os que envolvem os estudantes e
familiares. É necessária uma ampla rede do sistema público em geral e das
universidades para amparo e acompanhamento Psicossocial. É ainda necessário que
as universidades, em especial a UFSM flexibilizem as questões como avaliações e
presença assim que as aulas sejam retomadas. É importante também que todas as
famílias tenham auxilio ao que precisarem. Também esperamos o máximo de
dedicação as questões que dizem respeito a superação destes danos irreparáveis.
Registramos o empenho que temos visto de todos os segmentos da universidade e
de sua gestão em superar isso. Reiteramos a todos e todas que inalaram fumaça
no dia da boate que procurem atendimento e observação, pois podem existir
consequências não imediatas.
2.
Exigimos que justiça seja feita. A comunidade clama para que os responsáveis
por essa atrocidade sejam responsabilizados. Acreditamos ainda que é importante
que o inquérito defina essas questões, por que infelizmente a grande mídia de
nosso país procura substituir os órgãos judiciais, e já demonstra querer
blindar alguns possíveis responsáveis. Essa investigação deve ser mais profunda
possível e irrestritamente identificar todos os responsáveis. As famílias e a comunidade
não merecem que este seja mais um capitulo a uma cultura de impunidade presente
no Brasil que protege os poderosos e geralmente joga as responsabilidades aos
trabalhadores e trabalhadoras que executam suas ordens. Reenvidicamos ainda que
a UFSM por ser uma das instituições mais afetadas disponha um de seus técnicos
do corpo jurídico para acompanhar integralmente as investigações.
3.
Acreditamos que o acontecido se relaciona com a necessidade de nossa cidade que
possui alto contingente juvenil tem de oferecer espaços públicos de cultura e
lazer. Infelizmente não é de hoje o domínio do setor comercial sobre os bens
culturais e os espaços de lazer no município. Além disso, nos últimos anos
diversos espaços públicos deste caráter foram fechados ou interditados e
condenados, cita-se como exemplo: o Bombril, a concha acústica do Itaimbé
e a praça do “Brama”. Vale registrar que nestes e em casos semelhantes não
existiu esforço do setor público para viabilizar estes espaços, mas sim apenas
decretos de fechamento. O acesso ao direito do lazer e da diversão tem ficado a
mercê do mercado e sua desordem natural ocasionada pela lógica da
lucratividade. Temos que a partir de agora refletir sobre o que queremos para
nossa cidade, e para a juventude que merece espaços de lazer seguros, de
qualidade e públicos. Diante disso, nós do DCE- UFSM sugerimos que seja
construído um memorial em homenagem aos nossos colegas na universidade, e que
este seja uma concha acústica para representar aqueles que se foram com o direito
de outros estudantes terem acesso de forma gratuita num lugar aberto e que
possibilite cultura e integração.
4.
Repudiamos o argumento de defesa que o prefeito de nossa cidade tem utilizado
ao afirmar estar cumprindo seu papel de fiscalizador, tendo em vista que a 3
semanas tinha fechado a boate do DCE. Acreditamos que todas as boates devam ser
fiscalizadas. Contudo, salientamos que a boate do DCE que é um espaço público
de lazer sofreu fiscalização rigorosa, e está em reformas por problemas de outras
ordens que não segurança. Talvez esse espaço seja o com mais saídas da cidade,
e com menor risco de incidentes do tipo, por ter somente no salão principal 4
saídas e seu isolamento é feito com tijolos e não espuma. Temos sim que
obedecer as leis e estamos em conjunto com a UFSM promovendo todos os
ajustes necessários. Entretanto, nossos problemas não são nem perto semelhantes
aos da KISS, ou a de outros estabelecimentos comerciais da cidade, que não
tiveram até então o mesmo rigor de fiscalização, que nos parece seletiva com
pesos diferentes aos espaços públicos e aos privados.
5.
Registramos nosso descontentamento com o tratamento sensacionalista que a
grande mídia tem dado a essa tragédia. Tem usado a dor de inúmeras famílias e
milhares de amigos e colegas como uma potente fabrica de lucros no mercado da
informação. Sabemos que o papel dos meios de comunicação é informar, mas
tivemos nos últimos dias a triste oportunidade de ver por parte de algumas
emissoras absurdos desrespeitosos com a dor de familiares e amigos.
6.
Muitos de nossos colegas e amigos tiveram óbito por que não tiveram acesso ao
tratamento necessário nos hospitais, não por falta de profissionais e
voluntários, mas por falta de estrutura de equipamentos e medicamentos. Santa
Maria é responsável pelos atendimentos de media e alta complexidade regional. É
importante que uma das lições desse processo seja o atendimento de saúde
publica como prioridade do poder público. Não foi esta a primeira vez que
perdemos entes queridos por não ter acesso a saúde pública de qualidade. Os
governos tem essa responsabilidade.
Por
último, pedimos que todos em nossa universidade e cidade se unam para que
possamos auxiliar os que sentem mais dor. Os danos são irreparáveis, mas
precisamos superar nossas dores aos poucos, honrando os que se foram, levando a
frente os sonhos e projetos compartilhados. Além disso, é preciso lutar para
que a memória trágica que temos se transforme em garantias de que coisas como
essa nunca mais se repitam.
Há
braços,
Gestão Vozes
Em Movimento, DCE da UFSM- Em LUTO
Uma
parcela de milhares que ainda não entendem ou aceitam a dor que sentem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário