Agricultora perdeu 12 familiares
Crédito: Felipe Dorneles / AFP / CP
Crédito: Felipe Dorneles / AFP / CP
Com a celebração de missa nesta segunda-feira, às 19h, na igreja de Linha Salto, interior de Santo Cristo, serão homenageadas as 29 pessoas mortas em um acidente de trânsito que abalou o Estado há um ano. Das vítimas, 26 eram ligadas à comunidade, que teve a rotina transformada depois da tragédia. Na madrugada de 5 de março, em Descanso, Santa Catarina, uma carreta carregada de madeira colidiu com um ônibus, que saíra de Linha Salto na noite anterior. Um grupo de amigos e familiares da comunidade havia partido para jogos de integração de bolão, no Paraná. Das 29 vítimas, 26 morreram na hora do acidente - o condutor e a passageira da carreta, o motorista do ônibus e 23 ocupantes do coletivo. As outras três pessoas faleceram depois, pois estavam internadas em estado grave em hospitais de Santa Catarina.
* Leia mais notícias sobre a tragédia
Os integrantes da Sociedade Recreativa Tiradentes lutam para superar a dor da perda e a saudade. Adelmo Miguel Kraemmer, 52 anos, é o novo presidente da entidade. Foi com o agricultor, nascido na localidade, que ficou a responsabilidade de reestruturar o grupo de 800 moradores. Antes da tragédia, ele ocupava o cargo de vice-presidente e hoje trabalha exclusivamente para a comunidade, já que um problema na coluna, resultado do acidente, impede suas atividades no campo.
Após o desastre, Adelmo ficou 14 dias internado e passou por cirurgias. Ele perdeu a filha e dois irmãos no mesmo acidente e lembra quando um amigo, ainda no hospital, lhe disse: "Você precisa sair dessa, a nossa comunidade precisa de você". Sabendo da morte do presidente Moacir José Kraemmer, seu primo, e do amigo Ildo Schmidt, professor e outra grande liderança, ele conta que encontrou forças. "Esses homens eram os principais responsáveis pela união desse povo, e alguém precisava dar continuidade ao trabalho." Dois meses após a tragédia, ele reabriu o salão local, onde voltaram a acontecer os jogos de bolão, tradicionais em Linha Salto. Foi uma forma de, aos poucos, amenizar a dor.
Em função das sequelas do acidente, que impedem Kraemmer de trabalhar, sua propriedade, produtora de grãos e leite, passou a ser comandada por um primo. Ele sente a tristeza de não ter se despedido dos familiares e amigos mortos, já que não pôde acompanhar os funerais. A tristeza é enfrentada com as mesmas características da localidade: espiritualidade, união e amizade. "A vida não volta mais ao normal, mas estamos nos recuperando", diz. No cemitério local, estão enterrados 23 corpos. As sepulturas têm formato de estrelas, em homenagem às vítimas.
Agricultora perdeu 12 familiares
Fotografias e a lembrança das vítimas do acidente ajudam os familiares a encontrar forças para superar a dor. "Nos primeiros seis meses, eu ainda tinha a esperança de que ele voltaria", diz Elaine Loebens, 37 anos, moradora da Linha Salto. A agricultora perdeu o marido, Nolar Odilo Loebens, 39, além de outros 11 familiares - irmão, cunhados, tio, sobrinha e primos. Ela afirma que a vida mudou totalmente com a morte do marido.
Loebens era metalúrgico, mas auxiliava na propriedade durante as manhãs, fins de tarde, sábados e domingos. Agora, a rotina é executada por Elaine, com ajuda de vizinhos e amigos. Com dois filhos, ela luta para voltar a ter uma vida normal. O que lhe dá força são os filhos e os melhores amigos, em conversas e programas de lazer para se distrair. Ela diz que esse ano não passou. "Parece que foi ontem", afirma. A saudade é amenizada com a união de Elaine e dos filhos, que, nos momentos de lazer, em casa, estão sempre rodeados de porta-retratos com fotos de Loebens, uma delas da última viagem da família à praia.
A dor na casa de Marilene Schuster Schmidt, 53 anos, também é amenizada pelas fotografias dos familiares vítimas do acidente. Ela perdeu o marido, o professor Ildo, um dos dois filhos, dois irmãos e uma cunhada. "Não importa o tempo que vivemos, mas como vivemos. Isso ele me dizia, e é isso que lembro quando chega a dor da saudade." É entre os vizinhos e amigos que Marilene busca ânimo para seguir em frente, apesar de enfrentar a solidão. "A cada almoço, lembro-me deles." Fotos espalhadas pela casa lhe dão força para seguir em frente.
* Leia mais notícias sobre a tragédia
Os integrantes da Sociedade Recreativa Tiradentes lutam para superar a dor da perda e a saudade. Adelmo Miguel Kraemmer, 52 anos, é o novo presidente da entidade. Foi com o agricultor, nascido na localidade, que ficou a responsabilidade de reestruturar o grupo de 800 moradores. Antes da tragédia, ele ocupava o cargo de vice-presidente e hoje trabalha exclusivamente para a comunidade, já que um problema na coluna, resultado do acidente, impede suas atividades no campo.
Após o desastre, Adelmo ficou 14 dias internado e passou por cirurgias. Ele perdeu a filha e dois irmãos no mesmo acidente e lembra quando um amigo, ainda no hospital, lhe disse: "Você precisa sair dessa, a nossa comunidade precisa de você". Sabendo da morte do presidente Moacir José Kraemmer, seu primo, e do amigo Ildo Schmidt, professor e outra grande liderança, ele conta que encontrou forças. "Esses homens eram os principais responsáveis pela união desse povo, e alguém precisava dar continuidade ao trabalho." Dois meses após a tragédia, ele reabriu o salão local, onde voltaram a acontecer os jogos de bolão, tradicionais em Linha Salto. Foi uma forma de, aos poucos, amenizar a dor.
Em função das sequelas do acidente, que impedem Kraemmer de trabalhar, sua propriedade, produtora de grãos e leite, passou a ser comandada por um primo. Ele sente a tristeza de não ter se despedido dos familiares e amigos mortos, já que não pôde acompanhar os funerais. A tristeza é enfrentada com as mesmas características da localidade: espiritualidade, união e amizade. "A vida não volta mais ao normal, mas estamos nos recuperando", diz. No cemitério local, estão enterrados 23 corpos. As sepulturas têm formato de estrelas, em homenagem às vítimas.
Agricultora perdeu 12 familiares
Fotografias e a lembrança das vítimas do acidente ajudam os familiares a encontrar forças para superar a dor. "Nos primeiros seis meses, eu ainda tinha a esperança de que ele voltaria", diz Elaine Loebens, 37 anos, moradora da Linha Salto. A agricultora perdeu o marido, Nolar Odilo Loebens, 39, além de outros 11 familiares - irmão, cunhados, tio, sobrinha e primos. Ela afirma que a vida mudou totalmente com a morte do marido.
Loebens era metalúrgico, mas auxiliava na propriedade durante as manhãs, fins de tarde, sábados e domingos. Agora, a rotina é executada por Elaine, com ajuda de vizinhos e amigos. Com dois filhos, ela luta para voltar a ter uma vida normal. O que lhe dá força são os filhos e os melhores amigos, em conversas e programas de lazer para se distrair. Ela diz que esse ano não passou. "Parece que foi ontem", afirma. A saudade é amenizada com a união de Elaine e dos filhos, que, nos momentos de lazer, em casa, estão sempre rodeados de porta-retratos com fotos de Loebens, uma delas da última viagem da família à praia.
A dor na casa de Marilene Schuster Schmidt, 53 anos, também é amenizada pelas fotografias dos familiares vítimas do acidente. Ela perdeu o marido, o professor Ildo, um dos dois filhos, dois irmãos e uma cunhada. "Não importa o tempo que vivemos, mas como vivemos. Isso ele me dizia, e é isso que lembro quando chega a dor da saudade." É entre os vizinhos e amigos que Marilene busca ânimo para seguir em frente, apesar de enfrentar a solidão. "A cada almoço, lembro-me deles." Fotos espalhadas pela casa lhe dão força para seguir em frente.
Fonte: Felipe Dorneles / Correio do Povo
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