Dono de uma malharia na cidade, Luiz Valim dos Santos confia nas previsões sombrias e armazena tecidos e comida à espera do pior (Foto: Cleiton Thiele / Especial)
Proprietário de uma malharia no centro de São Francisco de Paula, Luiz Henrique Valim dos Santos armazena 108 quilos de arroz, 500 metros de tecido em rolo, 40 quilos de feijão dentro de garrafas pet, banha de porco às mancheias e tonéis com capacidade para 1,4 mil litros de diesel.
É apenas a parte visível do estoque de uma tonelada de víveres, mantidos na propriedade da família, na localidade de Passo da Ilha, distante 46 quilômetros da sede do município.
— Temos capacidade para alimentar 50 pessoas, durante um ano — garante o comerciante que, nas horas vagas, metido em roupas camufladas e armado com espingarda calibre 12, torna-se um dos mais temidos caçadores de javalis selvagens nos Campos de Cima da Serra.
A cautela de Santos, injustificada para a maioria dos 20 mil habitantes de São Francisco de Paula, deve-se a uma certeza alimentada por ele: um grande terremoto, sucedido de um tsunami gigantesco, com ondas de até 120 metros de altura, irá devastar parte do Estado.
No topo do Estado, a 907 metros do nível do mar, São Francisco escaparia incólume. A tese do fim do mundo, baseada nos conhecimentos científicos de um médium espírita, é vista com ceticismo por padres, professores, empresários, vereadores, comerciantes locais. Mas tem adeptos ilustres como o prefeito Décio Antônio Colla (PT).
Os primeiros prognósticos sombrios ouvidos por Colla partiram da boca de Seu Chiquinho – um médium, radicado em São Francisco de Paula, que teria deixado Araranguá (SC), sua cidade natal, temendo a fúria dos mares.
Dois anos depois, Colla monitora, diariamente, um site que o informa sobre todos os tremores no mundo. O alcaide aguarda para o próximo 1º de abril, celebrado como dia dos bobos, uma mensagem no celular que o avisará sobre um terremoto entre o Brasil e a África. Pelas suas previsões, as ondas atingiriam o país em seis horas.
Para sobreviver ao caos e à falta de mantimentos nessa possível catástrofe aos 67 anos de idade, Colla tem se mostrado prudente. Comprou alimento, lenha, velas para a casa, medicamentos para a Secretaria de Saúde e mais merenda para abastecer as escolas da cidade.
— Eles (os moradores da cidade) têm de saber para decidirem como se organizar — diz o prefeito, que é médico clínico e anestesista.
Sua dica é que todos se abasteçam com artigos básicos à sobrevivência e alimentos como arroz, feijão, óleo e sal. Para suprir a falta de energia, Colla agregou a sua casa um fogão à lenha e comprou madeira suficiente para um ano e meio.
Estocou pelo menos 50 quilos de arroz e 16 quilos de feijão para cada um de seus familiares. Com sua mãe, que se mudará de Santo Ângelo a São Francisco de Paula nos próximos dias, as duas filhas, genros e neto, o prefeito se prepara para abrigar mais de 10 pessoas em sua casa.
Colla tem ampliado as compras de produtos não perecíveis para a merenda escolar e de medicamentos básicos. Tem estoque para atender os habitantes da cidade por oito meses.
— Hoje estamos absolutamente despreparados se uma catástrofe ocorrer no Brasil.
E completa, para espanto dos incautos:
— Estou sendo precavido e proativo.
É apenas a parte visível do estoque de uma tonelada de víveres, mantidos na propriedade da família, na localidade de Passo da Ilha, distante 46 quilômetros da sede do município.
— Temos capacidade para alimentar 50 pessoas, durante um ano — garante o comerciante que, nas horas vagas, metido em roupas camufladas e armado com espingarda calibre 12, torna-se um dos mais temidos caçadores de javalis selvagens nos Campos de Cima da Serra.
A cautela de Santos, injustificada para a maioria dos 20 mil habitantes de São Francisco de Paula, deve-se a uma certeza alimentada por ele: um grande terremoto, sucedido de um tsunami gigantesco, com ondas de até 120 metros de altura, irá devastar parte do Estado.
No topo do Estado, a 907 metros do nível do mar, São Francisco escaparia incólume. A tese do fim do mundo, baseada nos conhecimentos científicos de um médium espírita, é vista com ceticismo por padres, professores, empresários, vereadores, comerciantes locais. Mas tem adeptos ilustres como o prefeito Décio Antônio Colla (PT).
Os primeiros prognósticos sombrios ouvidos por Colla partiram da boca de Seu Chiquinho – um médium, radicado em São Francisco de Paula, que teria deixado Araranguá (SC), sua cidade natal, temendo a fúria dos mares.
Dois anos depois, Colla monitora, diariamente, um site que o informa sobre todos os tremores no mundo. O alcaide aguarda para o próximo 1º de abril, celebrado como dia dos bobos, uma mensagem no celular que o avisará sobre um terremoto entre o Brasil e a África. Pelas suas previsões, as ondas atingiriam o país em seis horas.
Para sobreviver ao caos e à falta de mantimentos nessa possível catástrofe aos 67 anos de idade, Colla tem se mostrado prudente. Comprou alimento, lenha, velas para a casa, medicamentos para a Secretaria de Saúde e mais merenda para abastecer as escolas da cidade.
— Eles (os moradores da cidade) têm de saber para decidirem como se organizar — diz o prefeito, que é médico clínico e anestesista.
Sua dica é que todos se abasteçam com artigos básicos à sobrevivência e alimentos como arroz, feijão, óleo e sal. Para suprir a falta de energia, Colla agregou a sua casa um fogão à lenha e comprou madeira suficiente para um ano e meio.
Estocou pelo menos 50 quilos de arroz e 16 quilos de feijão para cada um de seus familiares. Com sua mãe, que se mudará de Santo Ângelo a São Francisco de Paula nos próximos dias, as duas filhas, genros e neto, o prefeito se prepara para abrigar mais de 10 pessoas em sua casa.
Colla tem ampliado as compras de produtos não perecíveis para a merenda escolar e de medicamentos básicos. Tem estoque para atender os habitantes da cidade por oito meses.
— Hoje estamos absolutamente despreparados se uma catástrofe ocorrer no Brasil.
E completa, para espanto dos incautos:
— Estou sendo precavido e proativo.
Fonte: Carlos Etchichury e Vanessa Franzosi / ZERO HORA
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