Gilson da Silva arrastou com sua carroça o criminoso que arrombou sua casa - Mateus Bruxel
O Bairro Vera Cruz, em Gravataí, teve uma cena de filme americano de faroeste: segunda-feira, depois de ter a casa arrombada e alguns utensílios furtados, um lenhador amarrou o bandido em uma carroça e o arrastou por cerca de 300m pelas ruas.
A ação foi contida depois que a Brigada Militar chegou. César Augusto Nunes, 25 anos, e com quatro passagens por furto, foi desamarrado e levado ao hospital com vários cortes no corpo. Ele ficou três horas em atendimento. Depois , seguiu para o Central.
– Não vou dizer que fiz o certo, mas é brabo ver um usuário de drogas levar as coisas que a gente teve de trabalhar para comprar – contrapõe o lenhador Gilson da Silva, 35 anos.
O crime ocorreu na Rua São Sepé. Uma marreta, um machado e uma motosserra foram recuperados. Gilson prestou depoimento na 2ª DP e foi liberado.
O delegado Rolland Short informou que o homem não tinha permissão para usar a motosserra e foi autuado com base na Lei 9605, de 1998, que trata de crimes ambientais. O aparelho foi apreendido e só será liberado se Gilson conseguir no Ibama a documentação necessária. O delegado estuda ainda a possibilidade de indiciá-lo por crime de "exercício arbitrário das próprias razões", delito leve que pode gerar detenção de até dois anos.
Vinte pessoas teriam ajudado
Para amarrar o arrombador, Gilson usou a corda e a carroça com a qual trabalha. Pelo menos 20 pessoas teriam participado da ação. O criminoso tentou fugir, mas foi contido e agredido pela multidão, que ainda ajudou o lenhador a amarrá-lo. Um vizinho acionou a Brigada Militar, que chegou ao local meia hora depois.
"Ele escapava, o povo pegava"
Lenhador conta detalhes da ação na qual ajudou a polícia a deter um assaltante:
Diário Gaúcho - Como foi o ocorrido?
Gilson da Silva - Estava no bar aqui do lado, tomando cerveja. Era o final da noite de domingo. Cheguei em casa e vi a porta arrombada. Dei falta da motosserra, do machado, da marreta, meu material de trabalho. Em seguida, escutei barulho. Eram vizinhos trazendo o vagabundo. Capturaram ele aqui perto.
Gilson da Silva - Estava no bar aqui do lado, tomando cerveja. Era o final da noite de domingo. Cheguei em casa e vi a porta arrombada. Dei falta da motosserra, do machado, da marreta, meu material de trabalho. Em seguida, escutei barulho. Eram vizinhos trazendo o vagabundo. Capturaram ele aqui perto.
Diário - E então?
Gilson - Fiquei irritado, né, tchê? Vou gastar dinheiro para arrumar a porta. O machado ainda estava com ele, mas a motosserra, que custa uns
R$ 1,8 mil, não. Só acharam ela depois. A vizinhança começou a bater nele, todo mundo queria dar um tapa.
Gilson - Fiquei irritado, né, tchê? Vou gastar dinheiro para arrumar a porta. O machado ainda estava com ele, mas a motosserra, que custa uns
R$ 1,8 mil, não. Só acharam ela depois. A vizinhança começou a bater nele, todo mundo queria dar um tapa.
Diário - O senhor também?
Gilson - Sei que não é certo, mas estava nervoso. Amarrei-o pela cintura e pelos pés, botei a outra ponta da corda na carroça e saí arrastando. Mas não foi muito. Queria levá-lo à delegacia. Pior que ele se soltou três vezes: ele escapava, o povo pegava, eu amarrava. Na terceira vez, chegou a Brigada e levou todo mundo para a delegacia.
Gilson - Sei que não é certo, mas estava nervoso. Amarrei-o pela cintura e pelos pés, botei a outra ponta da corda na carroça e saí arrastando. Mas não foi muito. Queria levá-lo à delegacia. Pior que ele se soltou três vezes: ele escapava, o povo pegava, eu amarrava. Na terceira vez, chegou a Brigada e levou todo mundo para a delegacia.
Diário - Não teme problemas com a Justiça?
Gilson - Sim, sei que posso me incomodar. Mas repito o que disse ao delegado: fiquei nervoso. A gente trabalha a vida toda. Aí, aparece um sujeito, pega tudo e vende por R$ 10 para comprar droga. Isso aqui é a minha vida, meu ganha-pão! Sei que a gente não pode fazer justiça com as próprias mãos, mas se fosse contigo, não ias te irritar?
Gilson - Sim, sei que posso me incomodar. Mas repito o que disse ao delegado: fiquei nervoso. A gente trabalha a vida toda. Aí, aparece um sujeito, pega tudo e vende por R$ 10 para comprar droga. Isso aqui é a minha vida, meu ganha-pão! Sei que a gente não pode fazer justiça com as próprias mãos, mas se fosse contigo, não ias te irritar?
Fonte: DIÁRIO GAÚCHO
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