quinta-feira, 23 de junho de 2011

Emoção e tristeza marcam despedida de vítimas de acidente em MG

Familiares de vítimas e moradores no cemitério de Entre Rios de Minas. (Foto: Pedro Triginelli/G1 MG)
Familiares de vítimas e moradores de Entre Rios de Minas no cemitério. (Foto: Pedro Triginelli/G1 MG)

     Muita emoção e tristeza marcaram a despedida de duas vítimas do acidente entre um ônibus escolar e um trem em Entre Rios de Minas, na Região Central do estado. Uma mulher e uma estudante foram enterradas nesta quinta-feira (23) no cemitério da cidade. O motorista do ônibus, terceira vítima, deve ser enterrado até a noite.
     Katiele Gonçalves Viana, de 16 anos, e Leiva Fonseca Coelho, de 34 anos, morreram na hora do acidente. Elas estavam dentro do ônibus, que foi atingido ao cruzar a linha férrea. O coletivo foi arrastado por cerca de 50 metros. Marlene Gonçalves, mãe da mulher, teve que ser amparada após o enterro da filha. “Minha filha era estudiosa e criativa. Agora tem que ser forte, não tem outro jeito”, disse.
     Várias colegas de escola, parentes e amigos acompanharam emocionados o último adeus à estudante de 16 anos. Katielle, segundo a prima Jaqueline Aparecida de Oliveira, de 20 anos, era muito estudiosa e tinha o sonho de ser engenheira. “Ela se dava bem com todo mundo. Brincalhona, estudiosa e alegre. Os pais me falaram que ela nem queria ir à aula naquele dia. Foi porque tinha um trabalho. São muitas lembranças boas”, disse Jaqueline.
     O motorista do ônibus escolar chegou a ser socorrido e transferido para Belo Horizonte, onde morreu. O corpo chegou em Entre Rio de Minas no início da tarde desta quinta-feira (23) e é velado.
     O acidente nesta quarta-feira (22) deixou toda a cidade abalada. O lavrador Nilson Pedro, de 34 anos, estava em mais um dia de trabalho quando recebeu a notícia de que o ônibus que levava seus três filhos e a mulher havia sido atingido por um trem. “Na hora já pensei no pior. Imagina uma máquina daquele tamanho atingindo um escolar. Mas foi um milagre, só pode ter sido”, disse. Os filhos dele receberam alta e a mulher segue internada.
     O lavrador acha que esta tragédia deve servir para alertar as autoridades sobre os problemas da cidade e região. “Passar pela linha do trem é perigoso. A minha filha de 13 anos disse que após o acidente nunca mais quer passar de escolar pela linha do trem”, disse.

O acidente

     O acidente aconteceu na manhã desta quarta-feira (22), quando o ônibus escolar cruzava a linha férrea em Entre Rios de Minas, na Região Central de Minas Gerais. O veículo foi empurrado pela composição por cerca de 50 metros. De acordo com a superintendente municipal de Ensino, Heloísa Gontijo, algumas mães estavam no ônibus porque levavam seus filhos para a Associação de Pais e Amigos de Excepcionais (Apae) da cidade. Cerca de 30 estudantes estavam no escolar no momento do acidente, segundo a Secretaria Municipal de Educação da cidade.
     Três helicópteros foram empenhados no socorro. Unidades de saúde na cidade, em Ouro Branco, São João Del Rei e Conselheiro Lafaiete receberam os feridos.
Trinta e cinco pessoas receberam os primeiros atendimentos no Hospital Cassiano Campolina, em Entre Rios de Minas. De acordo com a direção do hospital, feridos mais graves foram transferidos para o Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, em Belo Horizonte, e outros dois feridos estão internados em um hospital de Conselheiro Lafaiete.
     De acordo com a assessoria de imprensa da Fundação Hospital de Minas Gerais (Fhemig), que responde pelo Hospital de Pronto-Socorro João XXIII, duas vítimas tiveram alta médica na noite desta quarta-feira (22). Nove continuam internadas – duas em estado grave na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) – e sete em estado estável.
     Logo após o acidente, a Secretaria de Educação de Entre Rios de Minas informou que o ônibus escolar transportava crianças para escolas municipais e estaduais da região. Segundo a secretaria, a neblina pode ter sido uma das causas do acidente.
     Moradores da cidade reclamam que a sinalização da linha férrea é precária e que, no local, não há cancela, apenas uma placa. Eles ainda dizem que o movimento de bicicletas é grande.
     A assessoria de comunicação da MRS Logística, responsável pelo trem, informou, por meio de nota, que está prestando todo o apoio necessário às famílias das vítimas. Ainda segundo o comunicado, o tráfego de trens está liberado e as causas do acidente serão avaliadas. O trem era composto por sete locomotivas e não havia vagões.

Fonte: Pedro Triginelli / Do G1 MG, em Entre Rios de Minas

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