terça-feira, 10 de maio de 2011

‘Jogaram o gato no meio dos leões’, diz irmão de morto na saída de boate

rafael (Foto: Arquivo Pessoal)
Rafael Santana, de 18 anos (Foto: Arquivo Pessoal)     A família de Rafael Santana, o jovem de 18 anos agredido e morto na saída de uma casa noturna em Jaraguá do Sul, em Santa Catarina, diz estar “chocada” com o ocorrido. Segundo Edvaldo Santana, irmão da vítima, Rafael frequentava a boate onde houve a discussão desde que chegou na cidade, após ter se mudado de Foz de Iguaçu, há cinco meses, por causa da violência.
     “Meu irmão era uma pessoa de bem, nunca se envolveu em briga, era trabalhador. Quando houve a discussão dentro do Chopp & Club (a casa noturna), os seguranças jogaram para fora da festa os quatro jovens e depois meu irmão.  Jogaram um gato no meio dos leões, no caminho para a morte. Ele foi executado”, diz Edvaldo.
     O proprietário da casa noturna Chopp & Club, Horácio Schopping, isenta os seguranças de culpa no caso. Para ele, o crime foi "premeditado".
     Rafael era o caçula dentre seis irmãos, todos homens. “Pretendíamos montar um negócio, todos juntos, aqui em Jaraguá do Sul, pois eu atuo no ramo de pisos industriais. Meu irmão começou a trabalhar comigo como ajudante de pedreiro na semana passada. E agora ele se foi. Perdemos o chão, não sabemos mais o que fazer”, acrescenta  o irmão.
     "Crime premeditado"
     Horácio Schopping contesta a versão de que os seguranças do Chopp & Club foram coniventes com o assassinato. “A informação que eu tenho dos agentes é que um dos adolescentes, que já está detido, saiu antes da festa e foi até um terreno baldio, ao lado do clube, para pegar uma faca e um canivete que havia escondido. Depois ele voltou e chamou os amigos, que armaram uma confusão dentro do clube. Parece que foi premeditado para todos serem convidados pelos seguranças para se retirar do local. Assim que o Rafael deixou o clube pela porta lateral, o garoto já o esperava do lado de fora com a faca”, afirma.
     Segundo o empresário, o desentendimento entre os jovens e Rafael havia ocorrido em dias anteriores, pois a namorada de um dos adolescentes, que teria 17 anos e seria natural de Lages, havia ficado com Rafael. “Lamento tudo o que ocorreu, mas os seguranças fizeram a sua parte ao convidá-los a se retirar da festa para não termos confusão aqui. É um lugar para divertimento, não para brigas. Foram os nossos próprios seguranças que prenderam os garotos, ainda com a arma do crime (uma faca retrátil) na mão”, acrescenta Schopping.
     Faca
     A Polícia Civil mantém apreendidos dois adolescentes. Um maior de idade, que participou do ataque a Rafael com chutes e socos, está prestando depoimento nesta terça-feira (10), segundo o delegado David de Queirós, que investiga o caso. O delegado pretende até o final do dia pedir a prisão preventiva do comparsa.

     "Ainda não recebi o laudo final sobre a morte. Mas, aparentemente, Rafael morreu por causa das facadas. Ele levou três estocadas nas costas. Um dos menores de idade confessou isso", disse o delegado.
     Para o irmão, a família não deseja vingança, mas apenas “justiça”. “Não nos deram os nomes nem informações sobre quem são estes jovens. Parece que somos nós, a família, os criminosos. A gente não quer vingar, só queremos ter certeza de que estes assassinos não vão voltar para a rua tão cedo. Este é o nosso maior medo”, afirma Edvaldo Santana.
     “Só Deus sabe o que vai ser da nossa família de agora em diante, se teremos forças para recomeçar. Meu pai está bastante chocado, pois quis sair de Foz de Iguaçu, onde há muitos assassinatos, para ter paz. E isto veio acontecer justo aqui”, acrescenta ele.
Fonte: Tahiane Stochero /Do G1, em São Paulo

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