Por Marcus
Vinícius de Andrade*
Da mesma forma que acontece em todas as
áreas e campos de atuação profissional, normalmente, quando os administradores
encerram seus estudos na faculdade e encaram o mercado de trabalho, levam um
choque de realidade ao se depararem com um ambiente tão competitivo e voraz,
como é o nosso.
O que se escuta é que, no geral, o
trabalho de varejo não é tão reconhecido; as indústrias cobram especializações
e cursos de pós-graduação; os órgãos públicos são disputados... Enfim, todos
querem um profissional que já tenha experiência, que fale outras línguas, que
domine conhecimentos mercadológicos, que seja líder pro ativo – e por aí segue
uma lista interminável de exigências, impostas pelo mercado de trabalho.
Mediante tal perspectiva, existem dois
tipos de reações dos profissionais administradores:
1º Há aqueles que ainda
acreditavam ser a faculdade um sinônimo de “riqueza”, que quando se depararam
com as realidades, entram em “parafuso”. Tudo o que consegue ver é a
desvalorização profissional, a falta de reconhecimento por parte de empresários
e empregadores, a falta de condições mínimas de trabalho e os baixos salários.
Estes mesmos indivíduos não perdem tempo e também não economizam posts nas
redes sociais para falar o que sentem e o que vêem. Anos depois você olha para
este tipo de profissional e ele continua o mesmo: mal empregado ou às vezes,
até mesmo, disponível no mercado de trabalho.
2º Existe, também, aqueles que em contato
com a realidade ao invés de verem um problema, vêem um desafio. Estes, em sua maioria,
mesmo antes de terminar a faculdade, já estão no mercado de trabalho,
aprendendo como se faz na prática. Esse perfil de profissional não economiza em
investimentos no conhecimento mercadológico, em cursos de línguas, em
especializações e em oportunidades de crescimento profissional. Anos após
formar-se na faculdade você olha para estes indivíduos e constata que eles são
diretores, gerentes, – são empresários e empreendedores, profissionais bem
sucedidos no mercado.
Pessoalmente já conheci muitos profissionais
administradores com ambos perfis citados acima. Mas, nos últimos dias, lendo
alguns depoimentos sobre o mercado em redes sociais, fiquei pensando sobre meu
passado e minha história na administração de empresas e no empreendedorismo...
Os meus primeiros passos foram numa casa
de pau a pique e piso queimado. Era um jovem esperto, que colecionava
figurinhas “volta ao mundo”, que era proibido de ver o programa da Xuxa e que
considerava um pecado mortal beber Coca-Cola... (a religião provocava tudo
isso)
Na hora do almoço, às vezes tínhamos
somente macarrão com margarina, mas na escola não se lembrava disso ao
empreender as melhores festinhas surpresa com muito doce e bolo para a
professora. Tinha muito gosto em juntar a turma em torno do objetivo de
surpreender e agradar a “tia” da escola. Minha rede de relacionamento, que
naquela época ia dos colegas à coordenação e direção da escola, era de vital
importância para mim – mesmo não sabendo ou compreendendo o que era networking.
Aos 14 anos, como qualquer adolescente,
aspirava pelo tênis da moda, sonhava com a roupa de etiqueta e vários outros
itens que na minha condição era impossível possuir. Meus pais não tinham
condições para aquilo. Foi assim que nasceu a necessidade genuína de trabalhar.
Naquele mesmo ano tive o meu primeiro
emprego e dentre outros muitos, trabalhei em lanchonetes, em casa de sucos, em
loja de móveis, em gráficas e serigrafias, em escola de informática, até que um
dia fui parar dentro da produção de uma indústria agro alimentícia.
Quando decidi aos 18 anos iniciar minha
faculdade de administração fui para uma cidade desconhecida, sem parentes ou
familiares, sem nenhum vínculo de amizade ou apoio a minha chegada. Neste
período todas as adversidades de minha vida estavam sublimadas pelo
contentamento de estar dando inicio à realização dos meus sonhos.
Acredito que não exista algo mais poderoso na metamorfose da vida do que o
desejo focado em ações de realização de sonhos.
Enquanto estudava as teorias da
administração e me preparava em conhecimentos mínimos do mundo empresarial,
sentia que estava criando no futuro as minhas próprias oportunidades. Naqueles
primeiros anos de faculdade, comecei a perceber e entender que a vida não
estava simplesmente acontecendo comigo.
Todos os aspectos de minha vida estavam
reagindo exatamente ao que eu pedia a ela – quando sai de casa rumo a uma
cidade desconhecida, quando ingressei em uma faculdade de administração mesmo
em condições financeiras limitadas, eu estava evocando o meu sonho de infância
– ser um executivo bem sucedido. E foi exatamente isto que começou a acontecer,
o meu segundo ano de faculdade foi marcado pelo nascimento de um novo Marcus
Vinicius.
Naquele segundo ano da faculdade com muita
dificuldade consegui um estágio em um negócio no mercado farmacêutico que
transformou minha vida. Foi através de network com colegas de sala, que
trabalhavam na empresa júnior, tomei conhecimento da oportunidade, cujo valor
era inferior a um salário mínimo, da época.
Tratava-se de uma oportunidade perfeita
para quem não precisava trabalhar para sobreviver, afinal era uma chance de
alguém sem nenhuma experiência como eu, poder aprender na prática o que se via
na teoria da faculdade. O problema era que eu precisava trabalhar para
sobreviver. Mesmo assim, depois de considerar os pros e os contras tomei
coragem e decidi batalhar por esta oportunidade.
Hoje, quando olho para trás, vejo o quão
certa foi minha decisão. Aprendi que a coragem para enfrentar certas situações
impostas pela vida é a fronteira que separa o fracasso do sucesso. Anos mais
tarde saí de lá como um sonhador, aventureiro, corajoso, desbravador e
visionário: saí de meu primeiro estágio como um empreendedor.
É claro que não me aventurei no mercado
apenas como estagiário. Comecei como um aprendiz, mas antes de empreender fui
auxiliar, coordenador, gerente e diretor. Aprendi tudo o que precisava e
através da rede de contatos que desde pequeno valorizava e cuidava como se fosse
ouro, criei do nada um empreendimento que hoje me traz muitas alegrias.
Muitos estudantes de várias áreas do
conhecimento e vários campos de atuação profissional deixam de aproveitar
oportunidades como àquela que se apresentou para mim, por achar que vai ganhar
muito pouco, ou por achar que estágio não tem importância no ingresso da
carreira, e até mesmo por achar que faculdade ou o curso superior por si só
garantem um futuro de sucesso e prosperidade.
A verdade é que o mercado de trabalho é
cruelmente competitivo. Programas de Trainee com altos salários iniciais não
são para todos, ter a xerox do diploma na pastinha do currículo não vale nada,
o que conta mesmo para a grande maioria dos universitários e recém-formados em
processos de seleção nas empresas, é a experiência mínima e básica para
qualquer vaga de “auxiliar”. Fora disso sobra os estágio mal remunerados e às
vezes até voluntários. Ter coragem para enfrentar esta dura realidade é de suma
importância para quem não quer se formar em uma área e por “conveniência”
trabalhar em outra totalmente diferente.
No inicio de minha carreira como
administrador enfrentei com coragem os salários baixos e todas as adversidades
do mercado de trabalho. Hoje tenho meu próprio empreendimento, oferto mais de
200 empregos (20 diretos e aproximadamente 180 indiretos), meu faturamento
superam os seis dígitos e com uma carteira com mais de 800 clientes tenho o
orgulho de fazer a diferença como administrador, empreendedor empresário no
Brasil.
Na vida até aqui, constatei que podemos
sempre aprender com experiências positivas e com as experiências negativas.
Desde sempre decidi olhar para o meu passado, para minha infância, e observar
todas as experiências boas e ruins que tive. Decidi ainda tirar o melhor disso
tudo, crescer e prosperar.
Diante de tudo o que vivi até aqui, as
vezes fico me perguntando, quantos administradores e empreendedores estão
dispostos a encarar o passado, e aprender as melhores lições? Quantos
administradores estão dispostos a olhar para o mercado, para os problemas da
profissão e encarar tudo como um desafio, como uma oportunidade de crescimento?
Por que mesmo diante de vários outros exemplos de empreendedores bem sucedidos,
ainda existem aqueles que insistem em viver uma vida profissional de derrotas,
culpando o país, a classe profissional e a
sociedade?
Também não sei as respostas para minhas perguntas. O que sei é que não haverá nunca uma “profissão perfeita” em nenhum campo profissional do mercado. E na administração não será diferente. Haverá sempre muita cobrança, competitividade e dificuldades para quem está saindo da faculdade.
Também não sei as respostas para minhas perguntas. O que sei é que não haverá nunca uma “profissão perfeita” em nenhum campo profissional do mercado. E na administração não será diferente. Haverá sempre muita cobrança, competitividade e dificuldades para quem está saindo da faculdade.
Diante disto tudo, posso dizer com toda
certeza que o sucesso de uma carreira profissional está nas mãos e no desejo de
realização de cada um. Acredito que podemos ser a mudança, fazer a
diferença compartilhando a paixão que temos com a profissão de administrar
negócios e empreendimentos no Brasil.
* Marcus
Vinicius de Andrade: Empresário e Administrador de
Empresas. É fundador e diretor executivo do ICTQ – Instituto de Ciência,
Tecnologia e Qualidade – www.ictq.com.br
Fonte: Thiago
Ermano
Assessor de Comunicação
TPress Comunicação Integrada
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