Com
representantes de 20 municípios do Noroeste gaúcho, aconteceu na quarta-feira
(16/09), em Campo Novo, a 1ª Conferência Territorial de Políticas para as
Mulheres no Território da Cidadania Noroeste Colonial. Por meio das
conferências, que se realizam no País até dezembro, o Governo Federal espera
enriquecer a pauta nacional e qualificar as políticas públicas em favor da
mulher, por isso o tema “Mais Direitos, Participação e Poder para as Mulheres”.
“É
um privilégio sediar este evento”, disse o prefeito Antônio Sartori. A
expectativa é que as conferências, a exemplo da que transcorreu em Campo Novo,
sirvam para trazer à tona no país reivindicações que serão apreciadas em março
do ano que vem, em Brasília, durante a 4ª Conferência Nacional de Políticas para
Mulheres.
Participaram
da conferência em Campo Novo trabalhadoras do meio rural e da cidade,
instituições governamentais e não governamentais, além de redes de proteção em
defesa da mulher.
Ao
saudar as mulheres, o coordenador do Colegiado de Desenvolvimento Territorial,
que funciona no âmbito do Território da Cidadania Noroeste Colonial, Airton
Cossetin, disse que uma sociedade mais igualitária precisa ter mais mulheres em
cargos públicos. Em Ajuricaba, onde ele é o prefeito, o cargo de vice é ocupado
por uma mulher e na Câmara Municipal de Vereadores, há três vereadoras entre os
seis legisladores municipais.
Na
visão da presidente do Colegiado dos Gestores Municipais de Assistência Social,
Laura Kuhn, entidade que reúne 21 municípios da região Celeiro, o trabalho da
mulher não é valorizado. “A diferença salarial ainda é muito grande entre
homens e mulheres”, lamentou Laura. De acordo com ela, mesmo quando desempenham
a mesma função, o homem normalmente é melhor remunerado.
A
professora do curso de Direito da Universidade Regional do Noroeste do Rio
Grande do Sul (Unijuí), Joice Nielsson, ofereceu alguns motivos para explicar
por que as mulheres se ausentam dos espaços públicos, como associações de
municípios, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar),
Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), entre outros, onde as decisões
são tomadas. Desde que estão na barriga da mãe, comparou Joice, os papéis
sociais já serão traçados para meninas e meninos. O quarto cor de rosa e a boneca
em oposição ao quarto pintado de azul, com carrinhos, reforçam a ideia de que o
espaço das garotas é dentro de casa e o dos garotos é o mundo. “Não sejamos
ingênuos em acreditar que o outro lado, o que detém o poder, vai abrir mão
disso”, disse a professora da Unijuí.
Joice
também ofereceu algumas alternativas para virar este jogo: refletir a
desigualdade de gênero dentro de casa e na escola. “Quando a escola proíbe o
uso de saias ela não está ensinando os meninos a respeitarem as mulheres que
estão de pernas de fora, mas ensinando a culpar as mulheres pela falta de
respeito dos homens”, exemplificou Joice.
O Rural
Representante
da Emater/RS-Ascar na conferência, o gerente regional Carlos Turra, disse que
depende das mulheres solucionar um dos problemas mundiais, a produção de
alimentos para as próximas décadas. Turra deixou claro que a Emater/RS-Ascar se
soma aos seus parceiros na defesa da igualdade de gênero e expressa isso em
três diretrizes institucionais: defesa e garantia dos direitos, inclusão social
e produtiva e inclusão socioambiental.
Em
sintonia com o que disse Turra, a representante Nacional das Mulheres
Indígenas, Brasília Ribeiro, motivou as mulheres, não somente a produzir
alimentos, mas a rejeitar os agrotóxicos e os transgênicos, segundo ela,
ameaças à saúde e à biodiversidade. “Tudo o que está na terra é nosso
alimento”, disse a Kaingang Brasília.
Eixos
A
conferência realizada em Campo Novo orientou-se por quatro eixos, que serão
debatidos em Brasília, na Conferência Nacional, em março do ano que vem:
contribuição dos conselhos dos direitos da mulher e dos movimentos feministas e
de mulheres para a efetivação da igualdade de direitos e oportunidades para as
mulheres em sua diversidade e especificidades: avanços e desafios; estruturas
institucionais e políticas públicas desenvolvidas para as mulheres no âmbito
municipal, estadual e federal: avanços e desafios; sistema político com
participação das mulheres e igualdade: recomendações; e sistema Nacional de
Políticas para as Mulheres: subsídios e recomendações.
São
promotores da 1ª Conferência Territorial de Políticas para as Mulheres no
Território da Cidadania Noroeste Colonial, a Universidade Federal de Santa
Maria (Ufsm), Governo Federal e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq).
Apoiam
a iniciativa o Colegiado de Desenvolvimento Territorial, Fetag, Unicruz,
Unijuí, Emater/RS-Ascar, Prefeitura de Campo Novo e Fetraf-Sul.
Fonte: Cleuza Noal Brutti - assessoria de comunicação Emater-RS/Ascar -
Regional Ijuí
Rádio Alto Uruguai
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