Audiência da OAB com
Procuradoria-Geral da República
(Foto:
Eugenio Novaes - CFOAB)
Brasília – A OAB Nacional solicitou à Procuradoria-Geral da
República que tome as medidas cabíveis contra os autores do atentado que matou
a secretária da entidade, Lyda Monteiro, em 1980. A entidade entregou relatório
desenvolvido pela Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro que desvendou
o mistério.
No
começo deste mês, a comissão, após intensa investigação, divulgou os nomes dos
agentes da inteligência do Exército envolvidos no atentado, que tinha como
objetivo vitimar o então presidente da OAB, Eduardo Seabra Fagundes.
O presidente da OAB, Marcus Vinicius Furtado Coêlho, participou
de audiência com o procurador-geral, Rodrigo Janot, nesta segunda-feira (28).
No encontro, afirmou que o atentado contra a OAB foi um ataque ao Estado de
Direito, pois a entidade era a porta-voz da sociedade contra a ditadura
militar.
“A OAB não se move com sentimento de rancor ou de vingança
contra os autores do atentado. Queremos que a história do Brasil seja escrita
de forma adequada e, principalmente, alertar a sociedade para a importância de
defender a democracia, para nunca mais repetirmos os erros do passado”, afirmou
Marcus Vinicius.
O deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), ex-presidente da
Comissão da Verdade, explicou durante a audiência que os autores da carta-bomba
não estão cobertos pela Lei da Anistia, pois os crimes ocorreram após sua
promulgação. “Nenhuma lei cobre crimes futuros, por isso solicitamos ao
Ministério Público Federal tome as atitudes cabíveis”, esclareceu.
Para Henrique Neves Mariano, presidente da Comissão Especial da
Memória, Verdade e Justiça da OAB, o relatório carrega uma importante carga
simbólica, por reafirmar o Estado Democrático de Direito, conquistado a duras
penas após 21 anos de regime militar.
Opinião semelhante tem Rosa Maria Cardoso, atual presidente da
Comissão Estadual, para quem “a descoberta da autoria prova que nenhum segredo
tem a garantia de não ser jamais revelado”. Também participou da audiência
Juarez Tavares, procurador aposentado e defensor dos direitos humanos.
O caso d. Lyda Monteiro
A morte de Lyda Monteiro, secretária da OAB, em 27 de agosto de
1980, ocorreu em razão da atuação firme do então presidente, Eduardo Seabra
Fagundes, contra o autoritarismo e a violência que insistiam em não dar o tão
esperado espaço para a democracia.
Segundo testemunhas ouvidas pela Comissão da Verdade, a ação foi
comandada pelo coronel Freddie Perdigão Pereira, do CIE, e a bomba foi
confeccionada pelo sargento “Wagner” (Guilherme Pereira do Rosário, morto no
atentado do Riocentro). O sargento “Guarani” (Magno Cantarino Motta), agente do
DOI, foi quem entregou pessoalmente o artefato e é o único ainda vivo.
Fonte: Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil
segunda-feira, 28 de setembro de 2015 às 21h20