Delegado Marcelo Arigony apresentou os principais dados do inquéritoFoto: Ricardo Duarte
A Polícia Civil confirmou o indiciamento criminal
de 16 pessoas por responsabilidade no incêndio que matou 241 pessoas na boate
Kiss em 27 de
janeiro, anunciou o delegado Marcelo
Arigony nesta
sexta-feira na apresentação do relatório do inquérito sobre a tragédia. Ao
todo, 28 pessoas foram relacionadas no documento.
Nove indiciamentos são por homicídio doloso, sete por incêndio, quatro por homicídio culposo, dois por fraude processual e um por falso testemunho. Algumas pessoas foram indiciadas por mais de um crime.
Nove indiciamentos são por homicídio doloso, sete por incêndio, quatro por homicídio culposo, dois por fraude processual e um por falso testemunho. Algumas pessoas foram indiciadas por mais de um crime.
O prefeito de Santa
Maria, Cezar Schirmer, teve
sua responsabilização sugerida no inquérito, mas, como ele tem foro
privilegiado, a Polícia Civil não pode indiciá-lo criminalmente. O delegado
Arigony afirmou que a polícia pedirá ao Tribunal de Justiça que abra
processo contra o prefeito por homicídio culposo, e recomendará à Câmara
Municipal da cidade que o processe por improbidade administrativa. Minutos após
a divulgação do relatório, Schirmer deixou a prefeitura sem falar com a
imprensa. A assessoria do prefeito informou que ainda não foi definido se ele
se manifestará por meio de nota oficial ou entrevista coletiva.
Saiba mais:
> Acesse a lista com os nomes das 16 pessoas indiciadas criminalmente
Saiba mais:
> Acesse a lista com os nomes das 16 pessoas indiciadas criminalmente
> Humberto Trezzi: responsabilização de Schirmer é a
grande surpresa
Os dados que constam nas mais de 13 mil páginas do documento começaram a ser apresentados pouco depois das 14h30min no anfiteatro Flávio Miguel Schneider, no Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Os dados que constam nas mais de 13 mil páginas do documento começaram a ser apresentados pouco depois das 14h30min no anfiteatro Flávio Miguel Schneider, no Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
— Nós não estamos aqui para agradar a
todos. Estamos aqui para apontar os fatos tecnicamente — disse Arigony no
início da sua apresentação.
Somatório de causas
Entre as causas apontadas pela Polícia Civil para as mortes na Kiss, estão a lotação excessiva da casa, a existência de apenas uma porta de saída, o acendimento de um sinalizador por um integrante da banda, barras de ferro instaladas irregularmente próximo à porta, que dificultaram a saída das pessoas. Além disso, segundo o delegado, no momento do incêndio o vocalista da banda Gurizada Fandangueira não avisou aos frequentadores sobre o início das chamas.
Entre as causas apontadas pela Polícia Civil para as mortes na Kiss, estão a lotação excessiva da casa, a existência de apenas uma porta de saída, o acendimento de um sinalizador por um integrante da banda, barras de ferro instaladas irregularmente próximo à porta, que dificultaram a saída das pessoas. Além disso, segundo o delegado, no momento do incêndio o vocalista da banda Gurizada Fandangueira não avisou aos frequentadores sobre o início das chamas.
Veja o resumo de
causas disponibilizado pela Polícia Civil:
1 - O fogo teve início
por volta das 3h da madrugada do dia 27/01, no canto superior esquerdo do palco
(na visão dos frequentadores), deflagrado por uma faísca de fogo de artifício
(chuva de prata) empunhado por um integrante da banda Gurizada Fandangueira.
2 – O extintor de
incêndio, localizado ao lado do palco da boate, não funcionou no momento do
início do fogo.
3 – A boate Kiss
apresentava uma série das irregularidades quanto aos alvarás.
4 – Havia
superlotação: no mínimo 864 pessoas estavam no interior da boate.
5 – A espuma utilizada
para isolamento acústico era inadequada e irregular, feita de poliuretano.
6 – As grades de
contenção (guarda-corpos) existentes na boate atrapalharam e obstruíram a saída
de vítimas.
7 – A boate tinha
apenas uma porta de entrada e saída.
8 – Não havia rotas
adequadas e sinalizadas para a saída em casos de emergência.
9 – As portas
apresentavam unidades de passagem em número inferior ao necessário.
10 – Não havia
exaustão de ar adequada, pois as janelas estavam obstruídas.
Confira o relatório do
inquérito disponibilizado pela Polícia Civil:
VÍDEO: polícia
apresenta vídeos que embasaram indiciamento criminal
Confira algumas das
informações sobre os depoimentos colhidos ao longo dos interrogatórios:
- 199 pessoas afirmaram
que lotação era superior a 1 mil pessoas.
- 83 pessoas falaram
que o vocalista da banda usou fogo de artifício em sua mão e o ergueu em
direção ao teto.
- 50 pessoas
declararam que havia mais fogo nas laterais do palco da boate Kiss.
- 181 pessoas viram
que o fogo se iniciou acima do palco.
- 65 pessoas viram que
jogaram água no foco do incêndio.
- 108 pessoas
declararam que o vocalista e um segurança tentaram usar extintor que não
funcionou.
- 153 disseram não ver
luzes, placas ou sinais indicando saídas de emergência.
- 84 pessoas afirmaram
que seguranças impediram saída por segundos ou minutos.
- 124 pessoas
afirmaram que barras de contenção próximas à saída obstruíram a saída.
- 178 pessoas
afirmaram que havia fogos em outras ocasiões, inclusive com aromatizador de
ambientes.
- 18 pessoas afirmaram
que não havia treinamento para uso de extintores nem orientação para evacuação
em grandes tumultos ou incêndio, nem meio de comunicação imediato entre os
funcionários da boate Kiss.
- 24 pessoas
confirmaram que houve diversas reformas na boate. Depoimentos indicam que eram
feitas sem responsável técnico ou projeto aprovado.
- 17 pessoas afirmaram
que Mauro Hoffman participava da administração e possuía poder de mando.
- 47 pessoas
confirmaram terem presenciado civis entrando no momento do incêndio e retirando
vítimas.
Fonte:
ZERO HORA
Nenhum comentário:
Postar um comentário