domingo, 27 de outubro de 2013

Governador assina em Arroio do Tigre decreto que cria o RS Mais Grãos


Caco Argemi/Palácio Piratini
Em Arroio do Tigre, Tarso e Mainardi visitam propriedade de agricultor que financiou reservatório do Mais Água, Mais      Renda | Foto: Caco Argemi/Palácio Piratini

O governador Tarso Genro, acompanhado do secretário da Agricultura, Luiz Fernando Mainardi, assinou, durante visita em comemoração aos 50 anos de emancipação do município de Arroio do Tigre, neste domingo (27), o Decreto Estadual de Secagem e Armazenamento de Grãos nas propriedades rurais - o RS Mais Grãos. Na oportunidade também entregou seis veículos para a Polícia Civil da região e conferiu à cidade o título de Celeiro do Centro-Serra. 

O chefe do Executivo falou sobre a importância do RS Mais Grãos por ser esta uma política que é definitiva. "É importante para o crescimento, no sentido de termos a possibilidade de mais ganhos e diversificação, para dar estabilidade à produção e renda ao produtor", disse. Já o secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócio, Luiz Fernando Mainardi, destacou que o programa incentiva a produção de milho e feijão, na medida em que possibilita a armazenagem e secagem dos mesmos.

Para o prefeito de Arroio do Tigre, Gilberto Hatk, a assinatura do decreto, que ocorre no município um dia antes de se comemorar o Dia do Fumicultor, foi muito importante. "Isso irá beneficiar os nossos agricultores de uma maneira especial. Por isso, estamos honrados com a presença do governador na data em que o município completa 50 anos", ressaltou.

Estocagem na propriedade

Há alguns anos, o produtor Paulo Jank, do interior de Arroio do Tigre, sabe na prática o que significa diversificar a produção. Depois da colheita de fumo, ele aproveita os insumos que sobram e planta milho. Utiliza a estufa em que secou o fumo para fazer o mesmo com o milho. No silo ao lado, estoca o grão e pode vendê-lo quando os preços estiverem mais altos. "Eu tenho renda o ano todo", afirma, acompanhado da família, que também vive do campo.

Tarso Genro, que visitou a propriedade do agricultor acompanhado do secretário estadual da Agricultura, Luz Fernando Mainardi, lembra que a ideia de incentivar a diversificação para os plantadores de fumo surgiu numa missão do Governo do Estado à Inglaterra. Em conversa com a multinacional British Tacabos, sugeriu que a empresa participasse do projeto no RS. "É um programa exemplar que agrega renda ao produtor e, consequentemente ao Estado", disse.

O produtor Gastão Kipper, também de Arroio do Tigre, faz uso de todas as tecnologias que pode para ganhar mais e plantar várias culturas. Numa área de 24,5 hectares, produz ao mesmo tempo fumo, milho, feijão e trigo. Para levar água ao equipamento de irrigação, financiou um reservatório de 30 mil litros no programa Mais Água, Mais Renda, que subsidia para pequenos e médios agricultores 30% do financiamento.

RS Mais Grãos

O programa RS Mais Grãos, de ampliação da secagem a armazenagem de grãos, tem a meta de atingir 30,7 mil propriedades rurais em dez anos. Destas, 20 mil já trabalham no cultivo de fumo. Durante nove meses do ano, as estufas de secagem de fumo ficam ociosas. Assim como no Mais Água, Mais Renda, o Governo do Estado também subsidia 30% do financiamento para construção ou reforma de silos e armazéns. Com juros de 2% ao ano, o agricultor tem carência e 12 para pagar.

O aumento médio na renda chega a 15% quando da estocagem e venda na hora adequada. Além disso, tem garantia de qualidade na produção e ao autoabastecimento da propriedade. A plantação de grãos pós-fumo alimenta suínos, bovinos de leite, e corte, por exemplo. Segundo Mainardi, "a contribuição ao agricultor se dá na melhoria de qualidade de vida, o que lhe possibilita permanecer na atividade".

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) mostram que a capacidade de estocagem nos silos e armazéns do país é de 148,6 milhões de toneladas. Como a safra deste ano deve colher 187 milhões de toneladas, há um déficit de 38,4 milhões de toneladas. O Brasil é o terceiro produtor mundial de milho, atrás dos EUA e da China. Estimativas dão conta de que apenas 15% dos grãos são armazenados nas propriedades. Outros países apresentam percentuais de no mínimo 35%.

O RS, atualmente, tem capacidade de armazenamento de 31,4 milhões de toneladas. Apesar de parecer suficiente - o Estado deve colher 28,4 milhões de toneladas nesta safra - parte da estrutura é utilizada com produtos de outros Estados por conta das exportações, como é o caso do Porto de Rio Grande. Nas propriedades, o índice também está baixo: 13% dos grãos ficam nos estabelecimentos rurais.

A capacidade aquém do necessário causa estrangulamento das operações pós-colheita, ocasionando maior perda de alimentos e rentabilidade. As culturas mais afetadas pelo déficit são arroz e milho.

A falta altera os preços, pressiona as safras para baixo, exigindo intervenções do governo no mercado. Em 2012, por exemplo, fizeram com que o Governo Federal injetasse R$ 1,2 bilhão no Estado para enxugar o mercado do arroz. No milho, a situação é ainda pior: o transporte custa quase o mesmo preço do grão quando ele precisa ser trazido da região Centro-Oeste do país para o RS. Além das perdas dos agricultores, as perdas tributárias do governo gaúcho com a importação beiram os R$ 100 milhões.

Estufas já existentes no RS

Hoje, existem 92,3 mil estufas de tabaco, abrangendo 86,4 mil famílias. Ao considerar que cada família tem, em média, dois hectares, o espaço de terra poderia se utilizado para plantio de milho "safrinha", depois do tabaco, totalizando 172, 8 mil hectares, ao contrário dos 70 mil atuais, conforme dados da Emater. Com produtividade média de 3,96 toneladas por hectare, a projeção poderia chegar a 684,5 mil toneladas de milho.

Ao inserir a irrigação, haveria acréscimo de 200% nessa produtividade, passando para 11,8 toneladas por hectares, alçando a produção a 2,05 milhões de toneladas na mesma área depois do tabaco. Com o programa, mais de mil produtores devem ser capacitados por ano e 60 técnicos multiplicadores. 

Fonte: Daniel Cóssio | Assessoria de Comunicação da Seapa e Raquel Wunsch/Secom

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