quinta-feira, 5 de julho de 2012

Corintiano que atropelou torcedores em SP não tem habilitação, diz polícia

Pelo menos 20 pessoas ficaram feridas no Tatuapé nesta madrugada.
Segundo a polícia, jovem havia bebido; ele ficará preso.

carro atropela torcedores  (Foto: Luiz Guarnieri/Brazil Photo press/AE)
  Motorista atropela torcedores na Zona Leste (Foto: Luiz Guarnieri/Brazil Photo press/AE)

     O torcedor do Corinthians que atropelou pelo menos 20 pessoas na madrugada desta quinta-feira (5) no Tatuapé, na Zona Leste de São Paulo, não tem carteira de habilitação, segundo o delegado-assistente Avelino Jorge, do 30º Distrito Policial. O jovem foi preso e encaminhado para exame de corpo de delito no Insituto Médico-Legal (IML) nesta manhã.

     Além do motorista, outros três corintianos estavam dentro do carro. Segundo o delegado, duas pessoas atropeladas tiveram lesões graves e deverão passar por cirurgia. O motorista foi agredido e precisou ser socorrido.

     O atropelamento de torcedores foi a ocorrência mais grave registrada na comemoração pelo título da Libertadores na capital paulista. Na madrugada, houve registro de tumulto e confronto entre torcedores e Polícia Militar na Avenida Paulista, onde vidros de uma agência bancária e de uma estação de Metrô foram quebrados. De acordo com a Prefeitura, 12 ônibus foram depredados em diversos pontos da cidade.

     Na entrada do Pacaembu também houve confronto que deixou ao menos sete torcedores feridos. A Polícia Civil prendeu dois cambistas que vendiam ingressos falsos por R$ 2 mil e 32 flanelinhas.
 
Atropelamento 

     O atropelamento aconteceu por volta de 1h na Praça Silvio Romero. Cerca de 5 mil torcedores comemoravam o título  quando o carro atingiu os pedestres. De acordo com o delegado, havia bebida alcoólica dentro do carro, o motorista apresentava nítidos sinais de embriaguez e confessou ter bebido antes de dirigir – o que será avaliado nos exames do IML. O jovem saiu chorando e bastante abalado da delegacia nesta manhã enquanto seguia escoltado para os exames. Por volta das 10h, ele já havia voltado para a delegacia.

     Testemunhas e os passageiros que estavam no carro divergem em relação ao início da confusão. “O motorista alega que começaram a depredar o carro e, para fugir, ele acabou atropelando as pessoas”, disse o delegado. Um dos jovens que estava no veículo, que não quis ser identificado, deu a mesma versão.

     “Estávamos no carro festejando, quando as pessoas foram para cima do carro, do nada. Se ele [o motorista] não arrancasse com o carro eles iam matar a gente. Ele acelerou sem pensar nas consequências para salvar a gente. Era muita gente, não tinha como desviar. Quando viu o carro da PM ele parou o carro”, afirmou o jovem, ainda com a camisa do Corinthians, enquanto era aguardado para ser ouvido na delegacia.

     “Estava no banco traseiro, só me abaixei e fiquei rezando para ver o que acontecia. Foi o pior dia da minha vida, começaram a quebrar o carro todo”, disse outro passageiro do carro. Os jovens se dizem torcedores fanáticos  e alegam que não tiveram a intenção de ferir os outros torcedores do time.

     O jovem ressaltou que todos que estavam no caro usavam a camisa do Corinthians. “Mesmo assim, a torcida corintiana é violenta. Vive tendo briga dentro da própria torcida”. Durante a fuga, segundo ele, o veículo passou por cima de uma moto.

     Já as testemunhas disseram à polícia que a confusão começou quando o carro acertou uma jovem que comemorava o título. “As testemunhas dizem que eles passavam pelo local e encostaram em uma garota, que teve algum ferimento leve. Estavam tentando acalmar a situação quando o motorista saiu acelerando e atingindo as pessoas”, afirmou o delegado.

     Os passageiros do carro serão ouvidos como testemunhas e liberados – um deles feriu a mão e levou pontos. Já o motorista – que sofreu escoriações ao ser agredido - ficará preso e será indiciado por tentativa de homicídio, lesão corporal dolosa, falta de habilitação e, caso comprovada a ingestão de bebida alcoólica, por embriaguez ao volante. Não foi arbitrada fiança e o jovem deve ser transferido ainda nesta quinta para a carceragem do 31º DP e em seguida para um Centro de Detenção Provisória.

Indignados

     O administrador de obras Sérgio de Castro Ballan, de 50 anos, participava da festa na Praça Silvio Romero com o filho, Matheus, de 13 anos, quando os dois foram atingidos pelo carro. Ele conta que chegou a pensar que a confusão se tratava de uma briga, e só percebeu o que acontecia quando o carro se aproximou.

     “Era um ambiente tranquilo, familiar, tinha amigos meus com crianças menores, o pessoal soltando fogos fora da multidão. Aí apareceu esse veículo, não sei de onde, derrubando todo mundo, foi terrível”, contou. “Foi uma cena terrível, pega a gente muito de surpresa. Você está alegre, pulando, exaltando, eu tinha uma bandeira muito grande, estava balançando a bandeira, festejando, e de repente, do nada, surge um maluco desses, sem responsabilidade alguma.”

     Ballan contou que seu impulso foi empurrar o filho para longe da trajetória do carro, e em seguida começar a ajudar os feridos. “Com mais pessoas suspendi o veiculo para tirar pessoas que estavam embaixo. Foi algo traumático”, afirmou. Ele teve apenas um machucado no joelho. Já seu filho teve escoriações no braço, barriga, costas e joelho, e perdeu a camisa no meio da confusão.

     Segundo o soldado da PM Romeu Joaquim de Souza, que atendeu a ocorrência, os torcedores que estavam na rua tentaram tirar o motorista do carro e chegaram a agredi-lo. “O veículo chegou em alta velocidade, já atropelando as pessoas, foi o tempo só de tentar evacuar os torcedores que estavam em cima do veículo para que nós pudéssemos tirar os ocupantes. Conseguimos tirar todos, para que o condutor do veículo não sofresse danos físicos, devido à torcida querer linchá-lo, para que o pior não acontecesse”, afirmou.

Fonte: Juliana Cardilli / Do G1 SP

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