segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Ex-árbitro Márcio Chagas da Silva é vítima de injúria racial durante jogo em Ajuricaba

Comentarista de futebol da RBS TV apitava a final do campeonato municipal quando foi alvo de xingamentos de um torcedor. Chagas registrou ocorrência e crime será investigado.

Márcio Chagas da Silva registrou ocorrência após ser alvo de xingamentos racistas na cidade do Noroeste do RS — Foto: Paula Menezes/GloboEsporte.com
Márcio Chagas da Silva registrou ocorrência após ser alvo de xingamentos racistas na cidade do Noroeste do RS — Foto: Paula Menezes/GloboEsporte.com

O ex-árbitro de futebol e comentarista da RBS TV Márcio Chagas da Silva foi vítima de xingamentos racistas durante um jogo neste domingo (15), em Ajuricaba, na Região Noroeste do RS. Ele havia sido convidado para apitar a partida da final do campeonato municipal, entre os times América e Juventus, quando ouviu, de um homem que acompanhava o jogo: "apita direito, negro safado, se não apitar direito vão fazer que nem em Bento Gonçalves".

O comentarista identificou o homem, e se dirigiu a ele, pedindo que repetisse o que havia falado. O homem repetiu. "Chamei o policiamento. Ele tentou fugir, mas foi detido, e levado algemado para o camburão", relata Chagas.

Na delegacia, o homem foi autuado por injúria discriminatória, e liberado. Não foi lavrado flagrante, conforme o delegado Maurício Posselt, pois não havia testemunhas do crime no momento do registro da ocorrência. Chagas diz que pretende representar criminalmente contra o homem.

Em 2014, o comentarista foi alvo de outro episódio de racismo, quando encontrou bananas no seu carro, após uma partida no Estádio Montanha dos Vinhedos, em Bento Gonçalves.

Oitava ocorrência

Foi a oitava ocorrência por atos de racismo registrada pelo ex-árbitro, conforme contou ao G1. Recentemente, ele participou de uma audiência de um dos casos, em Caxias do Sul. O acusado não compareceu.

Ele entende que denunciar as violências racistas é um dever. "As pessoas têm que fazer a ocorrência, fazer a denúncia, dar prosseguimento, porque são casos que acontecem há séculos. Temos o direito de viver livremente, sem sermos xingados, independente da cor", declara.

Chagas ainda relata que o homem assumiu o que disse, e falou à polícia que estava de "cabeça quente". Um inquérito será instaurado pela polícia do município para apurar o caso.


Por G1 RS

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