Presidente do Senado criou comissão para fazer
pente-fino nos contracheques de quem fura teto do funcionalismo
Presidentes de TJs veem como retaliação
ofensiva de Renan contra supersalários
Foto: Carlos Humberto / SCO / STF / CP
A
ofensiva do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), contra os
supersalários do Judiciário e do Ministério Público foi um dos assuntos
discutidos nesta segunda-feira em reunião da presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, com 25 presidentes de Tribunais de
Justiça de todo o País.
Para
alguns presidentes de TJs presentes à audiência, a iniciativa de Renan de criar uma
comissão especial para
fazer um pente-fino nos contracheques de quem fura o teto do funcionalismo é
uma "retaliação". A presidente do STF, no entanto, não se manifestou
sobre a criação da comissão, segundo relatos de participantes.
"(Isso)
Foi discutido por alguns presidentes dos tribunais como se fosse realmente
retaliação contra o Poder Judiciário, mas não foi assim que foi entendido pela
grande maioria. É uma discussão sempre pública e acho que todas grandes
discussões nacionais devem passar pelo Congresso, que é o fórum próprio de
discussões de problemas de todo o Brasil", minimizou o presidente do
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, desembargador Cláudio Santos.
Esta foi
a terceira vez que Cármen se reuniu com os presidentes dos TJs desde que
assumiu a presidência do STF, em setembro. Na pauta do encontro desta
segunda-feira, foram discutidos temas ligados à segurança pública, à situação
dos presídios, à judicialização da saúde e ao pagamento da folha do Judiciário
- a ofensiva de Renan foi levantada por alguns participantes, mas não foi o
assunto principal da conversa, segundo relatos.
"O
Judiciário é caro. Uma grande parte do Poder Judiciário é perdulária, tem uma
história, uma cultura de gastar cada vez mais. Os vencimentos dos juízes, embora
sejam dignos, há situações em que o vencimento médio dos funcionários é muito
alto", admitiu Santos. Para o presidente do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal, desembargador Mário Machado, o movimento de Renan é, na
verdade, "uma ofensiva da sociedade em relação aos supersalários que não
sejam justificados".
Na
avaliação do presidente do TJ de Sergipe, desembargador Luiz Mendonça, o
Judiciário não deve estar preocupado com a criação da comissão especial.
"A gente tem de estar mais preocupado é com o que a população quer do
Judiciário. O Judiciário quer, sim, atender essas demandas da melhor forma
possível", disse Mendonça.
ESTADÃO conteúdo
Correio
do Povo
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