Tricolor pode perder por um gol que levanta a
taça de campeão da Copa do Brasil
Pedro Rocha anotou dois gols contra o
Atlético-MG | Foto: Mauro Schaefer
Mais 90
minutos. Agora é segurar a ansiedade, controlar o nervosismo. O Grêmio foi
cerebral, cirúrgico na noite desta quarta, no Mineirão. Analisou, esperou o
momento para dar o bote, e tal, como uma serpente: atacou. A vítima, o
Atlético-MG, paralisado, viu o Grêmio vencer por 3 a 1 e deixar o Mineirão, com
mais de 50 mil pagantes, com uma grande vantagem para o decisivo confronto, dia
30, na Arena. O Tricolor pode perder que ergue a taça. Autor de dois gols,
Pedro Rocha acabou prejudicando o time ao ser expulso no segundo tempo por
falta violenta. Ele havia recebido o primeiro cartão amarelo quando tirou a
camisa na comemoração do segundo gol. Na descida para o vestiário, chorava
copiosamente. Com um atleta a menos, o Grêmio acabou cedendo espaço e foi assim
que o Atlético-MG encontrou o seu gol. Mas, nos acréscimos, Geromel puxou
contra-ataque ainda no campo defensivo e lançou Everton, que se jogou na bola e
decretou o 3 a 1.
O
Atlético-MG, empurrado pela torcida, tentou encurralar o Grêmio. O Tricolor,
consciente, não entrou no jogo e ficou bem postado, sem dar espaços. Só na
espreita, só pelo contragolpe. E essa foi a tônica do primeiro tempo. O Grêmio,
com a bola (quem a tem não perde jogo), trocava passes ora em velocidade ora
cadenciando. Geromel, Kannemann, seguros, protegiam o gol como dobermans
treinados. Robinho pouco fez, Pratto ficou escondido.
Aos 4
minutos, Luan recebeu de Pedro Rocha. O atacante olhou, escolheu o canto e
bateu forte. Passou perto. A torcida atleticana pressentia o pior. Vaivava o
Grêmio. O Galo só tentava em chutes de longa distância. A grande chance foi aos
22, com Robinho. Marcelo Oliveira destoou do time. Nervoso, errava até o
domínio da bola e foi assim que a bola sobrou para Maicosuel que serviu
Robinho, livre, dentro da área. Ele acabou isolando. Aos 22, Douglas fez Victor
esticar todos os músculos do braço e da mão. A bola ia no cantinho. Aos 29,
enfim, o grito de gol do Grêmio ecoou no Mineirão. Pedro Rocha, lançado por
Maicon, entortou Gabriel e chutou na saída de Victor: um belo gol.
Um time
que almeja ser campeão tem que ter um grande goleiro. O Grêmio tem. Numa defesa
de puro reflexo, Grohe espalmou o chute à queima-roupa de Junior Urso, que
recebeu livre na marca do pênalti. Na segunda etapa, aos 27, catou um
cruzamento dentro da pequena área. A bola sobrava para o atacante Lucas Pratto.
Aos 41
minutos, o zagueiro Gabriel salvou o Galo. Pedro Rocha recebeu passe preciso do
capitão Maicon. Ele pensou rápido e tocou por cobertura. Victor foi encoberto,
mas o defensor atleticano correu e chegou a tempo de tirar em cima da linha.
Dois minutos depois, Luan é quem desperdiçou. Chutou de dentro da área, forte,
mas a bola explodiu na defesa. Já nos acréscimos, num contra-ataque em
velocidade na troca de passes, Pedro Rocha, cara a cara com o goleiro, fez o
mais difícil: perdeu o gol.
Na
segunda etapa, o Atlético-MG foi para o ataque sem organização. Pagou caro. Aos
9 minutos, Pedro Rocha arrancou como um tanque para dentro da defesa
atleticana. Foi derrubando um a um até colocar no contrapé de Victor: 2 a 0. Um
golaço. Mais uma vez, a torcida do Grêmio, festejava lá e em cada canto do
planeta. Depois disso, o Galo foi para o abafa. Mais atrapalhado ainda. Sem
troca de passes, tentava o chutão para Pratto e Robinho. O Grêmio fez de tudo
para fechar a casinha. Mas aos 36, num escanteio, a zaga deu bobeira, e
Gabriel, num chute forte tirou do alcance de Marcelo Grohe: 2 a 1. Mais
pressão. Mais bola aérea. Aí, de novo, Geromel e Kannemann apareceram com
brilho. Tanto é que aos 45 Geromel arrancou do campo defensivo e foi avançando
até o cruzamento para Everton deslocar Victor, anotar o terceiro gol gremista e
ter, de novo, uma festa azul, preta e branca nas arquibancadas do Mineirão.
Há no
futebol momentos que são pura poesia: o gol é um deles. Nesta noite Pedro Rocha
foi o melhor poeta. Anotou dois gols numa final. Éverton foi o poeta breve: gol
nos acréscimos. Além disso, o Tricolor possui atletas que jogam um futebol de
prosa: consistência defensiva, triangulações: Geromel, Kannemann, Maicon,
Douglas e Walace.
Quarta-feira
que vem serão mais de 55 mil vozes dentro da Arena, transformada pela primeira
vez no palco de uma decisão. Serão milhões de tricolores espalhados pelo
Estado, Brasil e pelo mundo. Todos com um só pensamento: Queremos a Copa.
Afinal, com o Grêmio onde o Grêmio estiver. O Grêmio joga pela sua história,
pela sua torcida para voltar a colher os louros da vitória: a consagração e
soltar o grito de campeão.
Ficha
técnica
Atlético-MG 1
Victor;
Carlos César, Gabriel, Erazo, Fábio Santos; L. Donizete, Júnior Urso, Cazares
(Marcos Rocha),
Maicosuel
(Clayton), Robinho (Hyuri); Lucas Pratto
Técnico: Marcelo
Oliveira
Grêmio 3
Marcelo
Grohe; Edílson, Geromel, Kannemann, Marcelo Oliveira; Walace, Maicon, Ramiro
(Jaílson), Douglas
(Everton),
Pedro Rocha; Luan
Técnico: Renato
Portaluppi
Árbitro: Péricles
Cortez (PE).
Local: Mineirão
Público: 50.586
pagantes.
Renda: R$
4.082.175,00
Gols: Pedro
Rocha (2) e Everton (G) e Gabriel (A).
Rodrigo Celente
Correio do Povo
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