Mobilização tem objetivo de pressionar
cumprimento de termo assinado pela empresa e pelo Incra
MST ocupa horto florestal da CEEE em
Charqueadas | Foto: MST / Divulgação / CP
Cerca de
500 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)
ocupam, desde a madrugada desta segunda-feira, o Horto Florestal Carola, da
Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE), em Charqueadas.
Segundo o MST, a ocupação tem como objetivo pressionar pelo cumprimento de
Termo de Compromisso assinado, em 2014, pela CEEE e pelo Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra).
O
documento revela o interesse do Incra em comprar o horto, que tem 1080
hectares, para assentar famílias acampadas no Estado. Para isso, a CEEE
precisaria retirar a vegetação e tocos de árvores do local, onde também haviam
embalagens cheias e com resíduos de Arseniato de Cobre Cromatado. O produto é
considerado tóxico e era utilizado na Usina de Preservação de Madeira, que
deixou de funcionar no ano de 2013.
O termo,
de caráter “irretratável e irrevogável”, registra ainda o interesse da CEEE em
se desfazer da área, uma vez que, conforme alegado pela própria companhia, não
pretende mais utilizá-la para a atividade-fim – florestamento de árvores para a
fabricação de postes. Atualmente, apenas funcionários de uma empresa de
segurança estão no local. À época, a empresa e o instituto tinham 60 dias para
o cumprimento do compromisso, contudo, o prazo não foi respeitado.
“O
governo do Estado não criou nenhum assentamento nos últimos anos, sendo que há
áreas, como esta, com características para isso. Queremos que o acordo entre a
CEEE e o Incra seja cumprido, e que a área seja destinada à reforma agrária
para podermos produzir nossos alimentos”, diz o acampado Laerte Lima, que
lembra que esta é a terceira vez que o Movimento ocupa o imóvel desde 2014.
A maioria
dos sem terra que participa da ocupação é oriunda de acampamentos da região
Metropolitana. Famílias que estavam acampadas até o final do mês de outubro em
outra área da CEEE, em Candiota, também estão na mobilização. Segundo os
trabalhadores rurais, a área da companhia na região da Campanha também estava
encaminhada para a reforma agrária quando ocorreu o despejo – as famílias
estavam acampadas há quase 2 anos no local.
Incra aguarda CEEE retirar eucaliptos
O
superintendente substituto do Incra no Estado, Vitor Py Machado, confirmou que
há o termo de compromisso, mas que aguarda que a CEEE realize a retirada de 50%
dos eucaliptos para poder realizar a vistoria do terreno e assim dar
continuidade às negociações. Ele informou que até o momento não houve contato
com integrantes do MST.
Correio do Povo e Rádio Guaíba
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