Por conta do preconceito de uma mulher que
não queria viajar ao lado dos indígenas, quatro Kayapós que saíam do
Encontro de Culturas Tradicionais na Chapada dos Veadeiros foram obrigados a
descer do ônibus que os levaria de volta para Palmas (TO) e
acabaram largados no meio da rodovia; organização do evento estuda
processar a passageira e a companhia responsável
Por Ivan Longo
Indígenas da tribo Kayapó, que vivem em Tucumã, no
interior do Pará, foram alvo de um episódio de racismo e preconceito no início
desta semana. Desde o último dia 17, eles estavam em
Goiás participando do 15º Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos
Veadeiros e voltariam para a sua aldeia no domingo (26), mas tiveram que adiar
a viagem por conta da discriminação.
Com as passagens compradas, 18 indígenas embarcariam em Brasília, em
um ônibus que faria o trecho até Palmas (TO), o ideal para que chegassem a
Tucumã. Do total, 14 deles se instalaram na parte superior do ônibus e outros
quatro ficaram na parte de baixo. De acordo com Isaac Kayapó, líder da
tribo, uma mulher que estava em uma poltrona da parte inferior do veículo se incomodou
com a presença deles. “Nós que pagamos! Ou vocês descem ou eu chamo a
polícia”, teria dito a passageira.
Isaac conta que, apesar da indignação pelo preconceito que estavam
sofrendo, os índios optaram por não dar importância à discussão e,
acuados, os quatro desceram do ônibus e foram largados no meio da rodovia. “Ela
disse um monte de coisa horríveis, mas não queríamos brigar”, disse.
O motorista interveio e perguntou se as partes queriam que ele chamasse a
polícia. Mesmo com os indígenas cedendo ao preconceito da passageira, no
entanto, o condutor simplesmente deu a partida e seguiu viagem sem prestar
qualquer tipo de assistência.
Os quatro indígenas expulsos foram acolhidos por uma van da organização
do Encontro e voltaram em um ônibus no dia seguinte, com novas passagens
compradas. A coordenação do evento estuda agora acionar o Ministério
Público e entrar com um processo contra a passageira e a empresa de ônibus por
discriminação.
“É um preconceito que se vincula a um desconhecimento sobre esses indígenas
e se vincula também a um momento que estamos vivendo de muito radicalismo
dentro da sociedade e essas pessoas às vezes saem do armário. Elas não falavam,
e hoje elas acham que podem falar e exercitar seu racismo cotidianamente”,
observou Tiago Garcia, assessor da secretaria de Direitos Humanos da
Presidência da República, que é uma das organizadoras do Encontro. “Ela cometeu
um crime e merece ser punida por isso”, completou.
Fonte:
PORTAL FÓRUM
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