A nova moradora de um loteamento na Vila Brenner
será orientada a continuar com o ofício para se manter em atividade
Foto: Ronald Mendes / Agencia RBS
Depois de muitas
noites dormindo sobre um papelão no chão da calçada, Ivonete Rosa de Menezes,
mais conhecida como Dona Maria, pôde relembrar como é o conforto de uma cama.
Saíram os sacos e papelões e entraram as paredes e os móveis da sua nova casa,
em um loteamento na Vila Brenner, entregue pela prefeitura à idosa na tarde de
quarta-feira. Contudo, ficam alguns questionamentos.
Como Dona Maria irá pagar as contas? Ela ficará mesmo longe da rua?
Apesar de já ter
garantidos os documentos de identificação, por volta das 11h desta quinta-feira,
a ex-moradora de rua estava, de novo, na esquina onde sempre ficou, com seus
papelões e sacolas. A idosa que, antes, se mostrava resistente a conversa desde
que a prefeitura retirou seus pertences em 19 de fevereiro, esbanjava sorrisos
e estava com os olhos marejados:
_ Minha casa é muito
boa. Tem banheiro e até quadro na parede. Quero deixar tudo limpinho _ conta
Dona Maria.
Um mês depois de ter
negado a casa que a prefeitura lhe daria, na quarta-feira ela aceitou o lar. A
negociação contou com a ajuda de uma rede de amigos que a acompanharam todo o
processo de convencimento da mudança. Sofá, fogão e geladeira vieram por meio
de doações. Uma loja também colaborou com parte dos móveis.
Uma vizinha que morava
próximo de onde Dona Maria passava seus dias se encarregou de arrumar toda
documentação, que incluiu certidão de nascimento, CPF, RG e Título de Eleitor.
Equipes da prefeitura providenciaram a ligação da água e da energia elétrica e
o transporte da moradora.
Para a secretária
Municipal de Assistência Social, Margarida Mayer, a prefeitura ajudou a
oferecer uma nova possibilidade:
_ Ninguém faz nada
sozinho. A mudança da Dona Maria só foi possível graças aos seus amigos _ diz
Margarida.
Os próximos desafios
de Dona Maria
Além do registro da
casa, Dona Maria agora conta com todos os documentos de identificação, e deve
ser inscrita no programa Bolsa Família, do governo Federal.
Segundo a secretaria
Margarida Mayer, é importante que a moradora possa ampliar sua renda, tendo
liberdade para escolher o que ela diz gostar de fazer: a coleta de materiais
recicláveis. A moradora será orientada a continuar com o ofício para se manter
em atividade.
Os próximos passos
serão viabilizar a isenção de água, luz e manter a assistência em saúde
garantida.
Nesta quarta-feira, o
Diário esteve por duas vezes na nova residência de Dona Maria, pela manhã, por
volta das 10h, e à tarde, por volta das 18h. Porém, a nova moradora do local
não estava em casa e, sim, no Centro.
_ E se resolverem me
cobrar pela casa? Ninguém dá nada de graça para ninguém. E se me dá um troço e
eu adoeço sozinha na casa? Esse lugar é meu lazer e aqui tenho amigos. Na casa,
só apareço para posar _ afirmou a moradora.
Pâmela Rubin Matge | Especial
DIÁRIO DE SANTA MARIA
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