Polícia apura participação de suspeitos e menina é
tratada como vítima.
Quatro estudantes foram encontrados
mortos na Serra das Areias.
Thaygo Henrique Santana
confessou ter matado rival (Foto: Paula Resende/ G1)
Após ser preso, Thaygo Henrique Santana, de 18 anos, confessou
ter matado por ciúmes um dos quatro estudantes encontrados mortos no Parque Estadual
Serra das Areias, em Aparecida de Goiânia. Ele acusa a namorada,
de 15 anos, que desapareceu junto com o grupo, de ter assassinado um dos
adolescentes. Segundo o jovem, um comparsa, de 17 anos, executou as outras duas
meninas. Apesar da declaração do suspeito, os policiais ainda investigam a
participação de cada um nos crimes.
Thaygo afirmou ao G1 que namorava a garota de 15 anos havia
cerca de dois meses. Como tinha a senha do Facebook dela, entrou na página e
viu a conversa da garota com Neylor Henrique Gomes Carneiro, de 18, que ele
assumiu ter matado. “Liguei para ele e pedi que parasse de dar em cima da minha
mulher. Parece que ela tinha ficado com o Neylor. Nisso, ele me ameaçou.
Disse que eu não sabia com quem estava mexendo. Matei antes que ele me
matasse”, declarou.
Thaygo foi detido na manhã de quarta-feira (15) em uma casa no
bairro Retiro dos Bosques, em Aparecida. Ele estava no barracão com Alison
Pereira Costa e Silva, de 19 anos, que também é suspeito no caso e foi baleado
na perna ao tentar fugir. O rapaz foi encaminhado sob custódia ao Hospital de
Urgências de Goiânia (Hugo), onde está internado em estado regular. Na casa ao
lado, estava o menor apreendido e outros dois adolescentes, que, segundo a
polícia, não têm participação no crime. As armas que teriam sido usadas para
matar os estudantes foram recolhidas pela polícia.
Dos quatro mortos, Denis Pereira dos Santos, 16 anos, foi
encontrado com um tiro na nuca no mesmo dia do crime, 19 de agosto. Uma semana
depois, no último dia 26, os corpos de Daniele Gomes da Silva e Raissa de Souza
Ferreira, ambas de 15 anos, e de Neylor foram localizados carbonizados no mesmo
local. Já a namorada de Thaygo, que desapareceu com o grupo, foi resgatada pela Polícia Militar,
no sábado (31), na casa de uma tia do rapaz, no Jardim Tropical,
em Aparecida de Goiânia.
Crime
O jovem contou que as mortes não foram premeditadas. “No mesmo
dia das ligações com Neylor, decidi matar.” Thaygo disse que estava com o
comparsa, de 17 anos, em um VW Gol prata roubado, quando pegou a namorada em um
terminal de ônibus de Aparecida de
Goiânia, no dia 19 de agosto.
Depois, os três se encontraram com Daniele e Raissa, pois elas
sabiam onde era a casa do rival e os levariam à residência. No local, Neylor e
Denis também entraram no carro.
Garoto de 17 anos confessou
participação no crime
(Foto: Paula Resende/ G1)
Thaygo afirmou que os sete seguiram no mesmo veículo para a
Serra das Areias e nenhuma das vítimas tentou reagir. “Todos desceram. Eu e
Neylor fomos na frente. Deixei ele ir e, quando estava andando, atirei. Ele foi
o primeiro. Só queria matar ele”, reforçou. Segundo o suspeito, quando ele
atirou, ninguém correu.
No mesmo local, o menor, amigo de Thaygo, confessou ter
matado as duas meninas, que eram testemunhas. “Deitadas, dei tiros na cabeça
das duas”, declarou o adolescente.
Thaygo diz que a namorada pediu para atirar em Denis quando eles
estavam voltando para o carro. “Ela disse que queria matar alguém. Então,
atirou no Denis, de joelho”, disse o rapaz.
O rapaz e o menor ainda afirmaram que não colocaram fogo nos corpos das vítimas. "Não sei quem foi. Não voltei lá [Serra das Areias]", ponderou Thaygo.
O rapaz e o menor ainda afirmaram que não colocaram fogo nos corpos das vítimas. "Não sei quem foi. Não voltei lá [Serra das Areias]", ponderou Thaygo.
Thaygo informou que, após o crime, a namorada quis ir embora com
ele. “Ela não foi sequestrada como disse e foi pra casa da minha tia por
vontade própria. Podia sair se quisesse. Deixei ela lá e fui para um hotel de Caldas Novas”, contou.
O suspeito disse ainda que voltou para a capital na segunda-feira (2) porque o dinheiro acabou. “Vim para Goiânia para pegar mais dinheiro e fugir para o meio do mato. Vi minha foto na televisão. Sabia que a Polícia Civil estava atrás de mim”. Na ocasião, ele vendeu o revólver calibre 38 usado no crime por R$ 2 mil.
O suspeito disse ainda que voltou para a capital na segunda-feira (2) porque o dinheiro acabou. “Vim para Goiânia para pegar mais dinheiro e fugir para o meio do mato. Vi minha foto na televisão. Sabia que a Polícia Civil estava atrás de mim”. Na ocasião, ele vendeu o revólver calibre 38 usado no crime por R$ 2 mil.
Thaygo declarou estar arrependido de ter cometido o crime.
“Arrependo de ter feito isso tudo. Mas agora não adianta, tinha que ter pensado
antes. Acabei com minha vida por causa daquela mulher, que agora quer
pagar de santa. Só peço desculpa à família deles”.
Estudantes desaparecidos em
Aparecida de Goiânia (Foto: Reprodução/ TV Anhanguera)
A Polícia Civil afirma que Thaygo, Alison e o menor estão
envolvidos com a morte dos quatro estudantes, mas ainda não sabe qual a
participação de cada um. “Eles foram encontrados após um forte trabalho de
investigação. Mas os trabalhos continuam. Temos que ouví-los formalmente ainda.
Precisamos de laudos, depoimentos e perícia”, disse o delegado responsável pelo
caso, Rogério Bicalho.
O delegado disse não ter certeza do envolvimento da namorada de
Thaygo no crime. “Por enquanto, a tratamos como vítima. Vamos interrogá-la
novamente esta semana”. A menina está em segurança em um local não divulgado
pela polícia.
Armas, munição e drogas
foram apreendidas pela polícia (Foto: Paula Resende/ G1)
Durante a prisão dos suspeitos, os policiais apreenderam as
armas que teriam sido usadas no crime. Uma pistola .45, de uso restrito da
Polícia Militar de Goiás, foi encontrada enrolada em um casaco na casa de
Alison. Questionado sobre o revólver 38 que também teria sido usado, Thaygo
informou aos policiais para quem tinha vendido. A arma foi resgatada e o novo
dono detido por porte ilegal. Também foram apreendidas duas porções de droga e
munição.
Thaygo assumiu que o revólver era dele. No entanto, ele e o menor não sabiam de quem era a arma de uso restrito.
Thaygo assumiu que o revólver era dele. No entanto, ele e o menor não sabiam de quem era a arma de uso restrito.
Os três suspeitos têm várias passagens pela polícia. Eles já
ficaram internados no Centro de Internação Provisória (CPI) de menores, em
Goiânia. Thaygo confirmou que já cometeu cerca de dez roubos, principalmente a
joalherias, e que também já matou uma vez.
O menor de idade foi internado no CIP por duas vezes, conforme a
família dele. Inclusive, outro mandado de internação por roubo já havia sido
expedido contra ele. Após ser detido em Aparecida de Goiânia, ele foi
encaminhado para a Delegacia Estadual de Apuração de Atos Infracionais (Depai),
na capital.
Fonte:
Paula Resende | Do G1 GO
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