Pai de Bruna Bayer Frasson estudará com o
Ministério da Justiça a possibilidade de transferência da filha para que cumpra
a pena no Brasil
Foto: Fernanda Zanuzzi / Especial
O
julgamento da nutricionista gaúcha Bruna Bayer Frasson, presa em Barcelona
desde março de 2012 por suspeitas de tráfico de drogas, acabou ontem à tarde
com condenação.
Bruna foi
sentenciada a seis anos e um dia na prisão.
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O pai da
gaúcha, cuja família é natural de Novo Hamburgo, qualificou a decisão dos
magistrados como "atroz". Em nota à imprensa, Alexandre Frasson
mostrou-se decepcionado com a sentença: "O julgamento foi uma farsa, desde
as declarações ensaiadas e tendenciosas dos policiais que compareceram, até a
inexistência de um julgamento individualizado, que nunca foi respeitado em todo
o processo."
Bruna foi
detida em 2012 quando desembarcava do cruzeiro Costa Victoria, da armada Costa
Crociere para aproveitar um dia de folga com o então namorado. Carregava 2,5
quilos de cocaína na bagagem. A nutricionista foi presa com outras sete
pessoas, que carregavam, no total, 44 quilos da droga na chegada a Barcelona.
A gaúcha
negou durante todo o processo de julgamento seu envolvimento no crime. Seu
ex-namorado, condenado anteriormente, afirmou que colocou a cocaína dentro da
bagagem sem que ela soubesse, argumento refutado pela Justiça espanhola.
O um dia a
mais na sentença impede que a pena de Bruna possa ser substituída pela sua
expulsão da Espanha. O pai dela, que vai para Brasília no próximo dia 7 falar
contra a exploração trabalhistas em cruzeiros, quer se reunir com o Itamaraty e
com o Ministério da Justiça para estudar uma possível transferência da jovem
para que sua pena seja cumprida no Brasil.
Leia a
nota de Alexandre Frasson à imprensa, divulgada nesta sexta-feira:
Prezados(as),
Há pouco,
recebi telefonema de minha filha Bruna, que estava aos prantos. Ela havia
recebido um comunicado da justiça espanhola. É com profunda tristeza e
indignação que informo a decisão atroz dos magistrados espanhóis, que
confirmaram na íntegra a proposta da acusação e estabeleceram exatamente a
mesma pena imputada aos criminosos narcotraficantes confessos e líderes do
esquema, onde existiam provas exaustivamente comprovadas por escutas
telefônicas e declarações. O julgamento foi uma farsa, desde as declarações
ensaiadas e tendenciosas dos policiais que compareceram, até a inexistência de
um julgamento individualizado, que nunca foi respeitado em todo o processo. Não
tenho dúvidas de que a decisão já tinha sido tomada há muito tempo, antes de
iniciar o julgamento e, por isso, nos fizeram a todos de palhaços, inclusive às
autoridades brasileiras que lá estiveram. Foi, sem dúvidas, um julgamento de
cartas marcadas em Barcelona.
Lamentavelmente,
a lógica desses 18 meses, de um processo que violou o princípio da presunção da
inocência e do direito a um julgamento individualizado, acabou prevalecendo. É
a lógica do rito perverso de colocar a todos imputados em condições de
igualdade, no mesmo saco, sem diferenciar a situação individual de cada um. A
perversão é mais escandalosa ainda se considerarmos os numerais e unidades de
tempo utilizadas na pena proposta pelo promotor e confirmado pelos 3
magistrados: 6 anos e 1 dia. Este 1 dia, com base no código penal espanhol
(artigo 89), impede que minha filha possa substituir a pena pela
expulsão/deportação. Por 1 dia, impedem de forma cruel a substituição da pena.
Talvez seja a aplicação de métodos modernos e aprimorados dos legítimos
herdeiros da inquisição e do franquismo, que sacrificou e trouxe desgraça a
tantas vidas inocentes.
Confirmou
também de forma irrefutável a investigação das pesquisadoras de Sevilha, que
realizaram intensas pesquisas nos centros penitenciários femininos da Espanha,
inclusive no centro onde minha filha se encontra e da qual eu já havia me
referido anteriormente, de que na Espanha os execráveis sentimentos xenofóbicos
e de discriminação de gênero se impõem na decisão das autoridades espanholas.
Lamentavelmente,
também confirmou tudo aquilo que eu já tinha afirmado na mensagem abaixo do dia
13 de setembro.
No dia 7
estarei em Brasília na audiência do Senado sobre os navios de cruzeiros e gostaria
de aproveitar para conversar com as autoridades, em especial o setor de
transferência do Ministério da Justiça, pois acho que não restará outra
alternativa a não ser recorrer à transferência. Também gostaria de ter uma
audiência com o Itamaraty, que será fundamental para agilizar tal
transferência.
Muito
obrigado pela atenção.
Leia a entrevista feita com a gaúcha na prisão de Wad Ras
Fonte:
ZERO HORA
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