sábado, 28 de setembro de 2013

Gaúcha presa na Espanha é sentenciada a seis anos e um dia

Pai de Bruna Bayer Frasson estudará com o Ministério da Justiça a possibilidade de transferência da filha para que cumpra a pena no Brasil


Gaúcha presa na Espanha é sentenciada a seis anos e um dia Fernanda Zanuzzi/Especial
   Foto: Fernanda Zanuzzi / Especial

O julgamento da nutricionista gaúcha Bruna Bayer Frasson, presa em Barcelona desde março de 2012 por suspeitas de tráfico de drogas, acabou ontem à tarde com condenação.

Bruna foi sentenciada a seis anos e um dia na prisão.


O pai da gaúcha, cuja família é natural de Novo Hamburgo, qualificou a decisão dos magistrados como "atroz". Em nota à imprensa, Alexandre Frasson mostrou-se decepcionado com a sentença: "O julgamento foi uma farsa, desde as declarações ensaiadas e tendenciosas dos policiais que compareceram, até a inexistência de um julgamento individualizado, que nunca foi respeitado em todo o processo."

Bruna foi detida em 2012 quando desembarcava do cruzeiro Costa Victoria, da armada Costa Crociere para aproveitar um dia de folga com o então namorado. Carregava 2,5 quilos de cocaína na bagagem. A nutricionista foi presa com outras sete pessoas, que carregavam, no total, 44 quilos da droga na chegada a Barcelona.

A gaúcha negou durante todo o processo de julgamento seu envolvimento no crime. Seu ex-namorado, condenado anteriormente, afirmou que colocou a cocaína dentro da bagagem sem que ela soubesse, argumento refutado pela Justiça espanhola.

O um dia a mais na sentença impede que a pena de Bruna possa ser substituída pela sua expulsão da Espanha. O pai dela, que vai para Brasília no próximo dia 7 falar contra a exploração trabalhistas em cruzeiros, quer se reunir com o Itamaraty e com o Ministério da Justiça para estudar uma possível transferência da jovem para que sua pena seja cumprida no Brasil.

Leia a nota de Alexandre Frasson à imprensa, divulgada nesta sexta-feira:

Prezados(as),

Há pouco, recebi telefonema de minha filha Bruna, que estava aos prantos. Ela havia recebido um comunicado da justiça espanhola. É com profunda tristeza e indignação que informo a decisão atroz dos magistrados espanhóis, que confirmaram na íntegra a proposta da acusação e estabeleceram exatamente a mesma pena imputada aos criminosos narcotraficantes confessos e líderes do esquema, onde existiam provas exaustivamente comprovadas por escutas telefônicas e declarações. O julgamento foi uma farsa, desde as declarações ensaiadas e tendenciosas dos policiais que compareceram, até a inexistência de um julgamento individualizado, que nunca foi respeitado em todo o processo. Não tenho dúvidas de que a decisão já tinha sido tomada há muito tempo, antes de iniciar o julgamento e, por isso, nos fizeram a todos de palhaços, inclusive às autoridades brasileiras que lá estiveram. Foi, sem dúvidas, um julgamento de cartas marcadas em Barcelona.

Lamentavelmente, a lógica desses 18 meses, de um processo que violou o princípio da presunção da inocência e do direito a um julgamento individualizado, acabou prevalecendo. É a lógica do rito perverso de colocar a todos imputados em condições de igualdade, no mesmo saco, sem diferenciar a situação individual de cada um. A perversão é mais escandalosa ainda se considerarmos os numerais e unidades de tempo utilizadas na pena proposta pelo promotor e confirmado pelos 3 magistrados: 6 anos e 1 dia. Este 1 dia, com base no código penal espanhol (artigo 89), impede que minha filha possa substituir a pena pela expulsão/deportação. Por 1 dia, impedem de forma cruel a substituição da pena. Talvez seja a aplicação de métodos modernos e aprimorados dos legítimos herdeiros da inquisição e do franquismo, que sacrificou e trouxe desgraça a tantas vidas inocentes.

Confirmou também de forma irrefutável a investigação das pesquisadoras de Sevilha, que realizaram intensas pesquisas nos centros penitenciários femininos da Espanha, inclusive no centro onde minha filha se encontra e da qual eu já havia me referido anteriormente, de que na Espanha os execráveis sentimentos xenofóbicos e de discriminação de gênero se impõem na decisão das autoridades espanholas.

Lamentavelmente, também confirmou tudo aquilo que eu já tinha afirmado na mensagem abaixo do dia 13 de setembro.

No dia 7 estarei em Brasília na audiência do Senado sobre os navios de cruzeiros e gostaria de aproveitar para conversar com as autoridades, em especial o setor de transferência do Ministério da Justiça, pois acho que não restará outra alternativa a não ser recorrer à transferência. Também gostaria de ter uma audiência com o Itamaraty, que será fundamental para agilizar tal transferência.

Muito obrigado pela atenção.

Leia a entrevista feita com a gaúcha na prisão de Wad Ras

Fonte: ZERO HORA

Nenhum comentário:

Postar um comentário