quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Moradores de rua ocupam taludes e trecho de ciclovia da Avenida Ipiranga, em Porto Alegre

Pelo menos três grupos improvisaram casebres com lonas, madeiras e plásticos

Moradores de rua ocupam taludes e trecho de ciclovia da Avenida Ipiranga Marcelo Oliveira/Agencia RBS
Talude do arroio já tem três barracos em menos de 100mFoto: Marcelo Oliveira / Agencia RBS

Em Porto Alegre, moradores de rua estão inovando na hora de escolher um lugar para "acampar". Acostumados a deitar em calçadas e dormir em praças, coretos e até em escadarias de monumentos públicos, andarilhos decidiram ousar. 

Na Avenida Ipiranga, no trecho entre a Avenida João Pessoa e a Rua Ramiro Barcelos, o índice habitacional de sem-teto desafia as autoridades. 

Nas barbas de órgãos públicos

As estacas que mantêm as barraquinhas em pé estão presas no barranco em declive. De provisórios passaram a permanentes. A novidade desta vez é que nem a ciclovia, em obras, escapou. 

Em frente ao Palácio da Polícia e a 2,4km da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), o Diário reencontrou o personagem de uma matéria de 2011.

Faixa exclusiva para... carrinhos

Daniel Jesus de Freitas, 53 anos, varria o asfalto junto ao meio fio e dizia coisas desconexas. Gaúcho que passou boa parte da vida na Argentina, Daniel retornou em 2010 para Viamão e há semanas vive com seus pertences na ciclovia. 

Numa placa em cima de um carrinho de supermercado, Daniel escreveu, mesclando português e espanhol:

- "La" terra é dos pobres. Malditos ricos.

No outro lado da margem, uma mulher pregava a lona numa estaca. Em dias de chuva e vento forte, os moradores correm o risco de ver a cobertura desabar e caírem no córrego. 

"Não podemos tirar o usuário a força" 

Embora seja evidente o aumento de sem-teto nas ruas da Capital, a prefeitura não tem um número atualizado de pessoas que vivem nesta situação. O dado mais recente é de 2011. Naquele ano, segundo a Ufrgs, a população adulta de rua de Porto Alegre era de 1.347 pessoas. 

A assistente social da Proteção de Média Complexidade da Fasc, Maria Gorete de Souza, afirma que pelo menos uma pessoa que ocupa a ciclovia, de nome Felipe, já teria passado por albergues do município. Ela garante que as ações de abordagem social de rua continuam sendo feitas regularmente, mas nem todos aceitam ir para um abrigo ou albergue.

- Não podemos tirar o usuário a força - explicou Maria.

Onde pedir ajuda

Proteção Especial de Média Complexidade 

- Telefone da abordagem: 3289-4994, das 8h às 17h. Após as 18h: 3346-3238. 
- Centro Pop: Rua Almirante Álvaro Alberto Silva, s/nº - Menino Deus. Telefones: 3221-8578 e 3225-5602. 

Proteção Especial de Alta Complexidade 

- Albergue Municipal: Rua Comendador Azevedo, 215 - Floresta. Telefone: 3346-3238. 
- Albergue Dias da Cruz: Avenida Azenha, 366. Telefone 3223-1938. 
- Albergue Felipe Diehl: Praça Navegantes, 41. Telefone 3342-2882.

Fonte: Eduardo Rodrigues | DIÁRIO GAÚCHO

Nenhum comentário:

Postar um comentário